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Brasileira que pertence ao Barcelona denuncia abuso psicológico no clube

Gio Queiroz é atacante e está no Levante, emprestada pelo Barcelona - Reprodução
Gio Queiroz é atacante e está no Levante, emprestada pelo Barcelona Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo (SP)

29/03/2022 09h13

A atacante Giovana Queiroz, que pertence ao Barcelona e está emprestada ao Levante, publicou em suas redes sociais uma carta aberta ao presidente do Barcelona, Joan Laporta, denunciando abusos psicológicos que sofreu dentro do clube catalão.

"Apesar de tudo que eu passei, hoje me sinto capaz de denunciar as condutas abusivas que sofri dentro do futebol feminino do Barcelona. Cheguei ao clube em julho de 2020, com apenas 17 anos. Os primeiros meses foram importantes no processo de adaptação. Estava em uma boa dinâmica até que eu recebi a primeira convocação para a seleção brasileira. A partir desse momento comecei a receber um tratamento diferente dentro do clube. Primeiro recebi indicações de que jogar com a seleção brasileira não seria o melhor para o meu futuro dentro do clube. Apesar de ser desagradável, não dei muita importância e atenção ao assunto. Com o tempo, eles usaram outros mecanismos para me pressionar dentro e fora do clube. Me estavam encurralando para que eu renunciasse defender a seleção. Usaram métodos arbitrários com claro objetivo de prejudicar minha vida profissional".

Gio também denuncia um confinamento ilegal que ela foi submetida no início do ano passado. Segundo a jogadora, o Departamento de Saúde da Catalunha afirmou que ela não precisava estar em isolamento.

Depois de cumprir a quarentena imposta pelo clube, a atacante se juntou à seleção brasileira nos Estados Unidos e ao regressar ao Barça foi acusada de cometer uma grave indisciplina.

"Me acusaram injustamente de haver descumprido o confinamento, de ter viajado sem autorização do clube e consentimentos da capitãs da equipe. Tentei mostrar que isso não era certo. Entrei em pânico. Temi pelo meu futuro. Participei das campanhas da Fundação Barça para a aprovação da lei de proteção de menores contra a violência e ao mesmo tempo, dentro do clube, estava totalmente desprotegida. A partir desse momento minha vida mudou para sempre. Estive complemente exposta a situações humilhantes e vergonhosas durante meses dentro do clube."

Apesar da denuncia, a jogadora de 18 anos afirmou que o Barcelona não é responsável direto pela condutas abusivas. Mas ressaltou que espera que o time azul e grená tome as devidas providências.

"Espero que o Barcelona cumpra com seu papel institucional e atue de maneira consciente e transparente, investigando e denunciado os possíveis delitos às autoridades pertinentes. Também desejo que o clube, através de seu presidente, se comprometa a implementar medidas efetivas para combater o problema evidente e bem documentado do abuso moral, assédio moral e a violência psicológica contra as mulheres".

O jornalista Marcelo Bechler, que mora em Barcelona e faz a cobertura do clube pela TNT Sports, afirmou que as denúncias feitas pela jogadora foram analisadas pelo compliance do clube e também pela FIFA, e ambos julgaram o caso favorável ao Barça.