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"Gol inicial e a chuva condicionaram jogo", diz Vítor Pereira após derrota

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/03/2022 20h41

O técnico Vítor Pereira apontou a forte chuva que precedeu — e atrasou — o Majestoso e ao gol relâmpago do São Paulo como os principais motivos para a derrota do Corinthians no clássico desse sábado (5), vencido pelos são-paulinos por 1 a 0, no Morumbi.

"Em primeiro lugar, acho que o gol inicial e a chuva condicionaram o jogo. O campo ficou muito pesado e dificultou a situação. O que tínhamos feito no aquecimento se quebrou com a espera para a luz voltar. E houve essa desconcentração. O São Paulo já conseguiu entrar no jogo, e demoramos a reagir. Quando reagimos, já tínhamos concedido o primeiro gol. O gol, depois do terreno ficar pesado, condicionou o jogo do ponto de vista tático", afirmou o português na entrevista coletiva após a derrota.

Para o novo treinador corintiano, porém, houve pontos positivos no desempenho do elenco alvinegro, sobretudo nos 30 minutos iniciais, após o tento anotado por Calleri, aos 50 segundos da partida.

"Começamos a circular a bola com mais qualidade, encontrar espaços, houve períodos com combinações interessantes. E o São Paulo mais confortável por estar em vantagem, com a possibilidade de defender mais baixo e contra-atacar", analisou Pereira, e prosseguiu:

"Já vi a intenção nos 30 minutos pós-gol de ter a bola, pressionar. É preciso nesse aspecto um bom posicionamento na chegada na área, e temos que prolongar isso por 90 minutos e não só 30."

Com suas alterações na segunda etapa, jogando o lateral Bruno Melo para uma linha defensiva de três jogadores, e abrindo Willian e Gustavo Silva pelo lado esquerdo e direito, respectivamente, o português explicou que a intenção era deixar seu time mais ofensivo.

"Busquei soluções que até aí não encontrmos, em busca de espaços. Passamos o Róger para dentro, mais perto do Jô, para ter presença mais forte na área. O Cantillo porque o Du correu muito, e tem capacidade de variar o jogo, e precisávamos disso naquele momento, mas não resultou como eu previ. Ele não conseguiu se libertar da marcação. O Bruno Melo foi para refrescar o lado esquerdo e ter mais um jogador forte no jogo aéreo", comentou Pereira.

Segundo o técnico, a principal intenção com as alterações foi abrir Gustavo Silva à direita e Willian à esquerda, a fim de conseguir movimentos de desequilíbrio na defesa adversária, além de aproximar Róger Guedes de Jô e aumentar o poderio ofensivo na área adversária.

"A intenção é como ponto de partida ter largura total do jogo. Se quero encontrar espaços tenho que provocar o adversário e abrir completamente", disse o treinador.

Líderes do Grupo A, com 17 pontos, os alvinegros voltam a campo contra a Ponte Preta, no próximo sábado (12), às 18h30 (horário de Brasília), na Neo Química Arena.

Confira as outras respostas do técnico Vítor Pereira:

O gol afetou o psicológico dos jogadores? E o gramado afetou o físico?

"A chuva afetou o terreno, a circulação de bola, mais lenta, o terreno mais pesado. Mas a chuva não conseguimos controlar. Temos que estar preparados, é realidade aqui no Brasil. Mais do que psicologicamente, o gol afetou o jogo taticamente, porque o adversário ficou em vantagem e ficou mais especulativo no jogo. Afetou na circulação, as pernas mais pesadas, e com o São Paulo mais confortável no jogo para situações de transição."

Principais dificuldades na estreia

"Fundamentalmente, o tempo com as características de jogadores que temos, alguns com certa idade, teríamos que jogar não um jogo de transições, não para correr. Não pode ser o nosso jogo. O nosso tem que ser circular, de paciência. Às vezes se quer ir mais depressa, e tem o risco de perder bolas. Vamos ter que encontrar o equilíbrio entre circulação de qualidade com paciência, e melhorar a nossa dinâmica ofensiva, que tem que ser mais provocatória, aparecer mais no espaço. Circulamos, mas sem profundidade. Hoje nos faltou isso, temos que melhorar isso. São aspectos que necessitam trabalho, e sabemos o que temos que trabalhar. Trabalhar sobre o que fizemos bem e sobre o que fizemos mal. É um processo que não leva três dias. Precisamos prolongar isso no tempo (mais chances e ser incisivo).

Do trabalho ao longo da semana, o que não deu certo para furar o bloqueio?

"Teve muito a ver com sofrermos um gol tão cedo, o terreno ficar pesado e as ocasiões que tivemos não conseguimos concretizar. Há um outro aspecto. A chegada na área, as posições adequadas na área para finalização. Tive cinco dias de trabalho, dois para recuperar quem jogou. Em dois dias não foi a estreia que eu pretendia. Já vi a intenção nos 30 minutos pós-gol de ter a bola, pressionar. É preciso nesse aspecto um bom posicionamento na chegada na área, e temos que prolongar isso por 90 minutos e não só 30."

Explicar sobre dois gestos: deixar Cássio como líbero; abrir os braços.

"Se pretendemos, dificilmente seremos uma equipe muito forte a defender no bloco baixo. Pretendemos que o bloco suba, passe do intermédio e tornar mais alto possível. E nesse sentido o goleiro tem que transmitir a confiança para a linha defensiva jogar alto, encurtando os espaços entre ele e defesa. Uma linha próxima à outra, e o goleiro mais próximo da defesa. Ele fez com qualidade. Quando abro os braços, o gesto é que para fazermos uma boa circulação de bola, para garantir os espaços, precisamos abrir o campo e jogar com profundidade. Nós caímos na tentação de tentar fazer aproximação ao lado da bola, mas isso nos tira a possibilidade de fazer o jogo do outro lado do campo."

30 bons minutos iniciais. Esses 30, mesmo com o gol cedo, é o que você pretende para o início de trabalho?

"De fato, do meu ponto de vista com as características dos jogadores que temos. Temos que ter um jogo dominante com a bola, ter paciência e ser agressivos no momento de perder a bola. Esse 'ter a bola' tem que melhorar, a dinâmica, as ferramentas para ferir o adversário têm que aumentar. Criamos algumas situações que poderíamos ter feito. A intenção de reagirmos e pressionarmos não impediu o São Paulo de sair com a bola. Efetivamente, o terreno pesado, o adversário com vantagem desde o primeiro minuto e confortável lá atrás, nos dificultou o trabalho no segundo tempo. O que interessa é prolongar esses 30 minutos e melhorar o desempenho."

Não mudou o time que estava atuando, mas a postura e função mudaram. O que buscou fazer no clássico?

"Busquei que a equipe se sentisse mais confortável com a bola. O Róger fez isso às vezes bem, outras não tão bem, às vezes lateralizar muito. É um aspecto que temos que corrigir com ele. É assim que quero, atrair a marcação, e não podemos andar tanto lá atrás com os atacantes. Quando chegarmos à linha de fundo, tem que ter um atacante na área. Às vezes volta demais, e não quero isso do meu atacante.

Largura total com os extremos, mas com liberdade para virem dentro e aparecerem na área. Nas alterações o que tentamos melhorar foi a capacidade de reação à perda de bola."

O que motivou a terminar com a linha de três na defesa? E o que faltou?

"Essa alteração tática foi no sentido de ter dois extremos bem abertos: Gustavo e Willian. Porque eles passaram a uma linha de cinco e precisávamos disso para vencê-los. Juntamos Róger próximo ao Jô para ter mais chances de finalização e provocar a linha adversária. A passagem para três não foi para jogar com três zagueiros, porque o Bruno não é zagueiro, mas atacar mais."

Gostou das opções escolhidas hoje. Pretende alterar?

"A intenção é como ponto de partida ter largura total do jogo. Se quero encontrar espaços tenho que provocar o adversário e abrir completamente. Os extremos têm liberdade para vir para dentro. O ponto de partida é campo grande, abrir bem o campo para encontrar os espaços e circular a bola. Temos que melhorar, melhorar a nossa reação à perda, controlar o adversário quando chegar à linha de fundo. Temos que trabalho."

Qual é a primeira lição após o jogo?

"Eu não vim ao Brasil a pensar que ia ser fácil. Até exaltações atmosféricas podem condicionar. Entramos mal no jogo. O São Paulo entrou focado, e nós entramos a vê-los passar. O desafio é grande, pelas viagens, pela temperatura e características das duas equipes e pelo trabalho."