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STJ determina intervenção na CBF e gera caos na definição de presidente

Sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no Rio de Janeiro - Lucas Figueiredo/CBF
Sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no Rio de Janeiro Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Igor Siqueira e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/02/2022 15h02

A disputa de poder na CBF tornou-se um caos judicial e político em que não dá para determinar quem comandará nos próximos meses. De saldo, a confederação está sob nova intervenção da Justiça e o ex-presidente Rogério Caboclo está afastado em definido. Mas, diante da indefinição sobre o cargo, houve até gritaria e nomeações relâmpagos na disputa da confederação para tentar definir quem será o presidente.

Por enquanto, quem ocupa o cargo é o presidente interino, Ednaldo Rodrigues. Mas é difícil saber quanto tempo isso vai durar.

Nesta quinta-feira, as federações estaduais se reuniram para ratificar a decisão de punir o ex-presidente Rogério Caboclo por um processo de assédio moral. É a segunda sanção ao dirigente e, portanto, ultrapassa o período do seu mandato. Logo, ele fica fora do tabuleiro - ainda que pretenda recorrer a um tribunal arbitral.

Pelo estatuto da CBF, assumiria o vice mais velho da entidade. Seria o Coronel Nunes, mas ele está licenciado. O segundo na lista sucessória seria Antônio Aquino, da Federação do Acre, mas ele abriu mão. Logo, o cargo cairia nas mãos do já presidente Ednaldo Rodrigues.

Quem lhe faz oposição e quer o poder na entidade é o vice Gustavo Feijó, que também esteve na sede da entidade.

Só que pouco antes da reunião houve uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinando uma intervenção na CBF. Pela medida, o diretor mais idoso da entidade passaria a ser o presidente: trata-se de Dino Gentile, responsável pela área de patrimônio. A CBF, no entanto, não foi intimada da decisão, isto é, ainda não precisa cumpri-la.

A decisão ainda prevê a convocação de colégio eleitoral composto pelas 27 federações estaduais e times da Série A do Campeonato Brasileiro para votação a respeito de alteração estatutária. O objetivo seria reverter a decisão de dar votos com peso maior para as federações na eleição - peso três, contra dois de times da Série A e um da Série B.

O pedido agora aprovado é o mesmo do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que determinou em dezembro do ano passado que Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, e Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol, seriam interventores na CBF com responsabilidade de organizar novas eleições. A decisão foi derrubada poucas horas depois a pedido da CBF e agora é reconsiderada, mas com outra maneira de intervenção.

Quando soube da decisão, o presidente Ednaldo Rodrigues informou que, na quarta-feira, tinha nomeado um outro diretor na entidade que era mais velho do que Dino. Seria um conterrâneo baiano, não foi possível confirmar o nome. Falou isso aos gritos em meio a discussões na alta cúpula da entidade. Mas não mostrou nenhum ofício para provar que tinha tomado a decisão. Ao sair da CBF, Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista, limitou-se a dizer que a contratação tinha sido no dia 17. As informações ainda estão desencontradas.

Durante a tarde, os dirigentes da CBF continuavam reunidos para definir o que fazer. A entidade também deve recorrer da decisão no STJ.

A definição da Justiça ainda determinará quando será a eleição da CBF. Pela decisão judicial, teria de ser convocada uma nova eleição com outras regras. Se a CBF derrubar a decisão da Justiça, será feita uma eleição com disputa dos atuais vices da confederação.

É importante lembrar que essa ação no STJ é a mesma movida pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) porque a reforma estatutária foi feita em uma assembleia da qual só participaram as 27 federações estaduais.

Em agosto de 2021, Reinaldo e Landim chegaram a ir à CBF para iniciar a intervenção, mas a entidade conseguiu derrubar a liminar em vigor na ocasião e manteve a estrutura de poder, já com Rogério Caboclo afastado da presidência em decorrência de denúncias de assédio moral e sexual feita por uma funcionária e assédio moral de um diretor.