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Distantes de protesto, conselheiros debatem por 2h novo estatuto do SPFC

Brunno Carvalho e Eduardo Nunes

Do UOL, em São Paulo

16/12/2021 22h36

A política do São Paulo foi destaque no Morumbi em uma noite sem partidas de futebol. Se os conselheiros do clube se reuniram virtualmente por volta das 19h30 (de Brasília) para debater as propostas de mudanças no atual estatuto, no mesmo horário um pequeno grupo de são-paulinos tentava se fazer ouvir nos arredores de um estádio vazio.

A reunião durou pouco mais de duas horas e meia e terminou no aguardo do resultado. O prazo para votação dos conselheiros termina às 17h de amanhã (horário de Brasília). São 16 itens propostos para alteração do estatuto. Para que cada destaque seja aprovado, são necessários 128 votos. Depois disso, os associados do São Paulo participarão do pleito, dando a voz final.

Cerca de 180 conselheiros comparecerem à reunião. Na semana passada, quando uma manifestação de torcedores começava a ser organizada em redes sociais, a sessão foi alterada de um formato híbrido (presencial e virtual) para um ambiente totalmente virtual.

O presidente do conselho, Olten Ayres de Abreu Jr., pediu um parecer para a Comissão de Notáveis da Divisão de Excelência Médica (DEM), que recomendou que o encontro acontecesse on-line por causa da variante ômicron da covid-19.

A mudança esfriou os protestos que estavam sendo organizados por torcedores que se colocavam contrários às propostas. No momento de maior movimento, pouco mais de 50 são-paulinos se posicionaram nos arredores do estádio gritando palavras de ordem contra o presidente Júlio Casares e sua diretoria: "ei, Casares, vai tomar no c..." e "golpe não" ecoavam entre os torcedores.

A principal reclamação de quem é contra as mudanças no estatuto diz respeito à eleição. Uma das propostas prevê a volta da reeleição —atualmente, Júlio Casares cumpre um mandato de três anos e não pode se candidatar novamente. Já outra pretende reduzir o quórum do conselho deliberativo de 260 (160 vitalícios e 100 eleitos) para 200 (120 vitalícios e 80 eleitos).

Esse é o ponto de maior incômodo para a oposição. O estatuto exige que uma chapa tenha 55 assinaturas de conselheiros vitalícios para se tornar elegível para o pleito. Com a mudança, uma chapa precisaria conseguir apenas 66 assinaturas para impedir que uma segunda seja aprovada. A gestão de Casares tem, atualmente, ampla maioria no conselho.

Das ruas para o ginásio

Torcida do São Paulo protesta com faixas em jogo do basquete - Eduardo Nunes/UOL - Eduardo Nunes/UOL
Imagem: Eduardo Nunes/UOL

Depois de quase uma hora, os torcedores decidiram mudar a estratégia. Deixaram os arredores do Morumbi e entraram no clube para ocupar as arquibancadas do ginásio, onde o São Paulo enfrentava o Mogi pelo NBB, a liga nacional de basquete.

As palavras de ordem continuavam na arquibancada, enquanto o locutor do ginásio tentava, em vão, pedir para que fossem transformadas em apoio ao time. Os torcedores chegaram a pendurar uma faixa em que dizia "#separasãopaulo", em referência ao movimento que pede que o clube social seja separado do futebol.

Distantes dali, os conselheiros se alternavam nos discursos favoráveis e contrários às propostas. Cerca de 14 membros pediram a palavra, sendo sete da oposição e sete da situação. Jaime Franco foi o único do grupo que apoia o presidente Júlio Casares a falar contra a mudança no estatuto. As demais participações aconteceram sem grandes exaltações.

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