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Badauí, do CPM22, vibra com novo Corinthians e apoia manutenção de Sylvinho

Fenando Badauí, vocalista do CPM22, segura estátua de São Jorge - Divulgação
Fenando Badauí, vocalista do CPM22, segura estátua de São Jorge Imagem: Divulgação

Henrique André e Yago Rudá

Do UOL, em Belo Horizonte e São Paulo

11/10/2021 04h00

Em 1976, cerca de 70 mil torcedores do Corinthians deixaram São Paulo para lotar as arquibancadas do Maracanã para assistir à semifinal do Brasileirão contra o Fluminense. No mesmo ano, nasceu Fernando Badauí. É por isso que o vocalista do CPM22 diz que tem nas veias o amor pelo alvinegro paulista.

Corinthiano de pai e mãe, o artista de 45 anos começou a frequentar estádios aos quatro. Em entrevista ao UOL, concedida na última terça-feira (5), horas antes da vitória do time de coração por 3 a 1 sobre o Bahia, ele fala sobre a relação com o clube, o momento vivido dentro e fora das quatro linhas, analisa as chegadas de Willian, Roger Guedes, Renato Augusto e Giuliano e destaca a importância da presença da Fiel na Neo Química Arena.

Meu pai sempre jogou bola, atuava na várzea. Eu sempre joguei bola e sempre gostei. O amor vem de família e eu nasci corinthiano. Cheguei a treinar futebol, de lateral-esquerdo. Jogo até hoje. Com 12 anos, comecei a andar de skate e minha vida foi para outro caminho. A paixão pelo futebol sempre permaneceu. Sempre trato o futebol como coisa paralela na vida das pessoas, independentemente de profissão, classe social, raça, de onde vêm."

Badaui durante o show do CPM 22 com os Raimundos no Rock in Rio - Renan Olivetti/Divulgação - Renan Olivetti/Divulgação
Badaui durante o show do CPM 22 no Rock in Rio em 2019
Imagem: Renan Olivetti/Divulgação

"Este lance de praticar (o futebol) eu desencanei quando comecei a pegar onda e andar de skate. Parei por causa da pandemia, mas a partir de semana que vem, toda terça-feira, vou voltar a jogar o society, sete na linha. Quando você é criança, sempre sonha (em ser jogador de futebol). Ainda mais eu, que vi craques como Neto, Sócrates, Biro Biro, Zenon, Casagrande e tantos outros. A paixão de criança não tem como não pensar nisso", acrescenta.

"Um dos melhores Corinthians que eu vi jogar foi o de 1999. O time foi campeão brasileiro, mas não venceu a Libertadores e o Mundial. Venceu o Mundial em 2000, mas com outro time. Mas o de 2012 foi o melhor que eu vi, pelas conquistas. O de 2015 foi muito foda também, com Renato Augusto, Malcom, depois Vágner Love. Eu costumo associar melhores times não por futebol jogado na beleza, mas com conquistas também. Quando une 2012 e 2015, são os melhores que eu já vi", elege.

Amante do futebol e conhecedor do dia a dia do clube do Parque São Jorge, Badauí foi crítico à chegada do técnico Sylvinho, contratado em 23 de maio. Hoje, porém, acredita que o ex-lateral tem condições de recolocar o Timão no caminho das conquistas. "Eu achava que ele (Sylvinho) não era o técnico ideal para aquele elenco. Com este, ele tem o Renato Augusto como uma espécie de auxiliar técnico dentro de campo, jogadores inteligentes que podem perguntar como querem jogar, querendo ouvi-los. Isso faz muito parte do DNA do Corinthians na época da 'Democracia': ouvir os jogadores. Agora, poderemos avaliar melhor o Sylvinho. Com o elenco que tinha, aquele bando em campo, com jogadores medianos, como Everaldo, Léo Natel, não dava para termos aquela real noção. É um treinador muito jovem, que vai apanhar na carreira, mas vai aprender. Ele tem uma escola muito boa e trabalhou muito tempo com o Tite", explica Badauí.

Fernando Badauí, vocalista do CPM22 e torcedor do Corinthians - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Critiquei muito a contratação dele no começo porque, com aquele elenco, não tinha uma base forte para aguentar porrada de jornalistas, da opinião pública e da torcida. Hoje, já tem um time melhor, apresenta alternativas, como Cantillo no lugar do Gabriel. A marcação também mudou, mas ele teve que sacrificar o Jô. Contra o Palmeiras, por exemplo, se ele tivesse entrado com o Jô, eu achava que seria um suicídio. Os times já não vêm mais em bloco para cima. O Sylvinho melhorou muito a forma de jogar em muito pouco tempo. Vamos acreditar. É legal dar uma variada e tirar os nomes daqueles mesmos, como Mano Menezes, Renato Gaúcho... uma coisa é o Tite ser mandado embora da seleção brasileira e voltar para o Corinthians, porque tem uma história maravilhosa, a mais de todos os técnicos, mas, por enquanto, o Sylvinho está segurando a onda", vai além.

Confira outros pontos da conversa:

Gastos exagerados com a Neo Química Arena

Gosto de ir ao estádio. Poderia ter sido feito com as contas do clube e não com dinheiro emprestado do BNDES e da Caixa, na verdade, e agora estamos nos fodendo para pagar. As pessoas que são leigas costumam tripudiar em cima do Corinthians. Acham que o governo Lula deu o estádio e isso é uma mentira. Teve incentivos fiscais com as melhoras da região, mas isso não quer dizer que tem que pagar R$ 900 milhões pelo estádio. Vem pagando e até por isso o Corinthians se encontra numa situação delicada financeiramente. O Corinthians não ganhou estádio de ninguém, nem de presidente nenhum e nem do Estado.

Eu acreditava que, como aproveitou para a Copa, acabou tendo que seguir alguns padrões da Fifa, que são europeus. Não falei que é "nutella", mas que poderia ter sido feito com um pouco mais de economia, num tempo certo, e com investimento do clube. Agora ficou este estádio caro, também com investimento do clube, mas foi colocado na mesa, tem que pagar e não tem jeito. Tem lá os acordos, vai empurrar pra frente um pouco, o Duílio está dando seus pulos com a parte da bilheteria, que é muito importante, mas realmente é muito caro para os padrões do geral da torcida. Enfim, a gente precisava de uma casa, mas está tudo bem.

Willian pelo Corinthians  - Rodrigo Coca/Agência Corinthians - Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Willian em ação pelo Corinthians contra o RB Bragantino
Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Austeridade x contratações recentes

Não acho controverso, pelo contrário. O Corinthians dispensou mais de 20 jogadores e vai dispensar mais, além de acabar com o sub-23 para o ano que vem. Fui um dos críticos desta chapa, porque é a mesma do Andrés [Sanchez, ex-presidente], que eu apoiei, mas também critiquei. O Duílio [Alves, atual presidente], por mais que venha da mesma chapa, tem tido uma postura política bem diferente lá dentro. Ele aliviou mais de R$ 5 milhões mensais da folha e está pagando um teto máximo, que é o do Cássio, por volta de R$ 700 mil. Isso dá cerca de 3 milhões. Em troca de R$ 5 milhões por jogadores meia-boca que não colocavam o time nos noticiários, que não chamavam patrocínio ou torcida para o estádio, além de não vislumbrar possibilidades de títulos, o que é que o Corinthians faz sempre.

Classificando para a Libertadores, já entra uma bola, que justifica estas contratações. Com o outro time, a gente corria risco de rebaixamento, que faz a visibilidade ser menor. Tem o patrocínio de 350 milhões da Neo Química, além dos outros que foram anunciadas nas chegadas dos novos jogadores. A folha de pagamento está mais barata, com um futebol melhor. É um investimento, não saiu gastando.

Até me surpreendi, pois o clube está fazendo uma gestão muito boa. O marketing está revolucionário, os gestores estão com pensamentos bem lá na frente. Foi uma tacada de mestre do Duílio no meio de uma temporada. Dispensou jogadores caros, que não estavam entregando.

Diferença que faz a torcida do Corinthians

Eu já vi times muito ruins do Corinthians vencer jogos em campeonatos com a torcida. É óbvio que não é só a torcida do Corinthians que faz falta, mas ela é muito volumosa e não vaia durante o jogo; ela canta até o final. Pode estar 4 a 0. A gente vai lavar a roupa suja em casa, ou no aeroporto (risada). O nosso aproveitamento em casa, por exemplo: os números desta temporada refletem completamente a falta da torcida. Tinha 60% em casa com a torcida, agora tem 50%. E só está assim porque ganhamos do Palmeiras.

Perdemos jogos e empatamos outros com resultado na mão. Teve viradas, derrotas para times menores ou times grandes que estão abaixo da tabela, que você tem que aproveitar a situação num campeonato tão parelho. Com a torcida a gente não perderia tantos pontos assim, mesmo jogando um futebol tão ruim com aquele elenco recente antes desses caras chegarem.

Paulinho, que estava no futebol da China - AFP - AFP
Paulinho, que estava no futebol da China
Imagem: AFP

Paulinho para 2022

O Paulinho é um baita jogador, que já teve oportunidade de voltar para o Corinthians e não veio, mas isso é a carreira do cara, ele sabe o que é melhor financeiramente. Vejo que ele é importante para o elenco. Não tiraria o Giuliano para colocá-lo, pois jogam na mesma função, mas eventualmente, trocar com Renato Augusto, invertendo a posição, porque teremos uma maratona forte de jogos no ano que vem. Você pode ter um time forte titular no Brasileirão, que é um campeonato que eu adoro, você pode ter um time base com o Paulinho revezando. É um cara que vai disputar posição com caras grandes.

Pelo momento da carreira dele é um baita reforço. Tem que ser uma mentalidade de grupo; tem que vir com isso na cabeça.

Jô com 35 anos

Quanto ao Jô, eu sou fã. Vejo que está muito lento hoje em dia e não é mais o mesmo jogador. Ele é ídolo no Corinthians e acha que vale mais uma temporada, ficar no banco, se de repente precisar alçar uma bola na área, se tiver um jogo de mata-mata empatado, para fazer o pivô... Ele é um cara que pode mudar a estratégia do time em determinados jogos. É um baita jogador para jogar o Estadual, as primeiras fases da Copa do Brasil, entrar em alguns jogos do Brasileiro, em casa... É um jogador experiente, mas que não dá para contar como o centroavante principal do time, isso não dá.

Atlético-MG será campeão brasileiro?

O jogo do Galo contra o Internacional foi chave. Se perde aquele jogo, a casa cai na confiança. Recuperar confiança na reta final do campeonato é muito complicado. Acho que o Galo está com um timaço, com o melhor futebol do país hoje, mas não dá para brincar para o Flamengo e dar mole para o azar, pois tem dois jogos a menos, tem o confronto direto... O Galo só depende dele, mas não pode ficar moscando. Tem que ganhar mesmo os jogos, pois tem a pressão de não ganhar há muitos anos. Está nas mãos dele, só um desastre tira este título do Galo, até porque o Flamengo está focando na Libertadores e na Copa do Brasil. Então, só depende do Galo. Eu não vi Reinaldo jogar, mas vi o Éder. Eu acho que esse time é o mais forte da história do Atlético. Mais do que o de 2013. Aquele time ganhava tudo no limite. O de hoje não, faz gol pra caralho e toma poucos. Tem que focar no Brasileiro porque vai ser campeão. Para a gente (corinthiano), o Galo tem que ganhar este título. Não pode deixar nem Flamengo e nem Palmeiras ganhar; até porque o Corinthians não rival do Atlético.

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