Como paralisação do Brasileirão cria 'bola de neve' no futebol nacional

A suspensão das rodadas 7 e 8 do Brasileirão levantou novamente o debate sobre o apertado calendário do futebol nacional. A CBF relutou bastante em aplicar a medida, mas cedeu depois de 15 clubes da primeira divisão, além da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), solicitarem formalmente a paralisação do campeonato por causa da tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul.

O que aconteceu

Três times do estado competem na Série A: Grêmio, Internacional e Juventude - o time tricolor disputa também a Copa Libertadores. Com CTs e estádios alagados, as agremiações citam que a continuidade da competição vai contra o princípio da isonomia entre as equipes. Por outro lado, a CBF teme que a paralisação crie uma "bola de neve" no calendário.

Além dos 20 jogos das próximas duas rodadas do Brasileirão, outras oito partidas já haviam sido adiadas, sendo cinco por causa das enchentes no RS, duas por compromisso das equipes na Copa Verde, e outra pela Copa do Nordeste.

Todos os 28 jogos ainda não têm data para acontecer. Por ora, somente os jogos da Série A foram suspensos. Outras competições ministradas pela CBF, como a Copa do Brasil, jogos de divisões inferiores do Campeonato Brasileiro e disputas no futebol feminino continuam sendo realizadas.

Grêmio, Inter, Juventude, afetados pelas chuvas, possuem quatro jogos de defasagem em relação aos demais. Apesar de não terem sofrido diretamente com a tragédia, Cuiabá e Criciúma estão com o mesmo número de partidas em atraso por causa de disputas regionais.

Uma das alternativas é a realização de partidas na Data Fifa, desfalcando equipes com jogadores selecionáveis - o time colorado, por exemplo, pode ter ao menos quatro convocados.

O próximo período reservado para compromissos entre seleções acontece entre 3 e 11 de junho. No segundo semestre, haverá disputas pelas Eliminatórias da Copa do Mundo em três oportunidades (setembro, outubro e novembro).

O Brasileirão não será paralisado durante a Copa América, marcada para começar no dia 24 de junho, e uma série de times terá de jogar desfalcada. Existe a possibilidade de mais jogos serem alocadas no período da disputa continental. O

Os jogos atrasados de Grêmio e Inter pela Libertadores e Sul-Americana, respectivamente, já foram remarcados pela Conmebol para acontecer na primeira semana de junho (dias 8 e 4, nesta ordem). Uma eventual eliminação em competições de mata-mata, como a Libertadores, facilitaria o encaixe de datas.

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A CBF quer evitar ao máximo estender o Brasileirão para além do calendário, previsto para encerrar no começo de dezembro. Isso porque a pré-temporada dos clubes poderia ser prejudicada justamente no ano de disputa do Super Mundial de Clubes da Fifa, que pode contar com quatro equipes do país se Grêmio, Botafogo, São Paulo ou Atlético-MG vencerem a Libertadores - Palmeiras, Flamengo e Fluminense já garantiram vaga por terem vencido as edições mais recentes. A lei trabalhista determina ao menos 30 dias de férias para os atletas.

O Internacional retomou as atividades nesta quarta-feira, depois de 12 dias sem jogos ou treinos. Os trabalhos foram realizados no Complexo Esportivo da PUC-RS.

O Grêmio realiza o primeiro treinamento após as enchentes nesta sexta-feira (17), enquanto o Juventude, de Caxias do Sul, voltou a treinar na terça-feira. O Criciúma, de Santa Catarina, vai bater 23 dias sem nenhum jogo oficial até a véspera do confronto com o Bahia, em 23 de maio, pela Copa do Brasil.

Por causa dos alagamentos no Beira-Rio, o Inter estimou em 45 dias o prazo para a utilização do estádio novamente. Até lá, a tendência é que colorados e gremistas mandem partidas fora do Rio Grande do Sul - o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, está com a operação suspensa até setembro. Cidades em Santa Catarina, Paraná e São Paulo são estudadas por ambas as diretorias.

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