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Entre rotatividade e estilo de jogo, veja desafios de Carille no Santos

Fábio Carille deixou o Al-Ittihad no fim de agosto - Divulgação/Ittihad
Fábio Carille deixou o Al-Ittihad no fim de agosto Imagem: Divulgação/Ittihad

Colaboração para o UOL, em São Paulo

09/09/2021 04h00

Anunciado na tarde de ontem (9), Fábio Carille oficialmente irá assumir o Santos após a demissão de Fernando Diniz. O treinador, que tem contrato até final de 2022, chega com algumas importantes missões, mas sobretudo desafios.

Ao chegar da Arábia Saudita, onde treinava o Al Ittihad, Carille comentou sobre o que espera para o trabalho no Peixe. "Responsabilidade é detectar o que o grupo pode nos dar em relação a características", comentou o técnico, que destacou as contratações do zagueiro Velázquez e dos atacantes Léo Baptistão e Diego Tardelli. O zagueiro, porém, ainda não está à disposição devido a uma punição no Campeonato Espanhol. Ele cumprirá suspensão automática por expulsão.

Para além da inserção dos reforços na equipe santista e a adaptação do time após perdas de titulares, o comandante terá que superar mais alguns obstáculos neste início de trabalho no Santos. Confira:

Inserir reforços e trabalhar com mudanças no elenco

Após perder importantes peças como o volante Alison, os zagueiros Luan Peres e Lucas Veríssimo, além da saída dramática de Kaio Jorge, o Santos se reforçou e trouxe nomes como Diego Tardelli, Léo Baptistão e Emiliano Velázquez.

Logo em sua chegada, Fábio Carille terá o trabalho de readequar a equipe com as saídas e chegadas na atual janela de transferências. Além de estudar o retorno dos jogadores em processo de recondicionamento físico e dos lesionados, casos de Sandry, Jobson, que estão próximos de retornar, e de Luiz Felipe, Marinho e Madson, à disposição.

Nesse aspecto, o treinador terá de decidir se utilizará Baptistão e Tardelli, centroavantes de ofício, no time titular, com o ex-Atlético-MG pela esquerda, ou se um dos dois atacantes ficará no banco de reservas. Além do titular Marinho, Lucas Braga, que brigarão por vaga entre os 11 de Carille.

Urgência de resultados

Para conquistar a confiança da torcida e da diretoria, o ex-corintiano vai encarar a tarefa de afastar o Santos da parte de baixo da tabela do Brasileirão e reverter a derrota por 1 a 0 contra o Athletico-PR no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil, que ocorrerá na próxima terça-feira (14), na Vila Belmiro. Na Série A, o Peixe tem 22 pontos e está quatro à frente do América-MG, o 17º colocado.

Resultados ruins nas duas competições podem comprometer o início da trajetória de Carille no Santos, que chega ao seu quatro treinador em 2021.

Alta rotatividade de técnicos

Outro desafio do técnico será justamente assegurar a manutenção do trabalho em um clube com alta rotatividade entre seus comandantes. Entre janeiro e agosto, o Peixe já foi treinado por Cuca, o argentino Ariel Holan e Fernando Diniz, além do interino Marcelo Fernandes.

Os dois últimos, inclusive, tiveram pouco tempo de trabalho justamente por conta da instabilidade do desempenho da equipe. Entre a estreia e sua última partida, Holan ficou menos de dois meses no clube. Já Diniz saiu menos de quatro meses após seu primeiro jogo, quando o time passou a oscilar nas últimas rodadas do Brasileirão e na Copa do Brasil.

A respeito disso, Carille afirmou em sua chegada ao Brasil que não se sente preocupado, pois viveu uma situação similar na Arábia Saudita: "Aceitei um desafio pior no Ittihad. Últimas três temporadas tiveram 11 técnicos. E eu fiquei um ano e sete meses. É resultado, sabemos, mas sem medo de encarar. Sabia desde que escolhi a profissão."

Estilo de jogo

Sob influência dos tempos de auxiliar de Mano Menzes de Tite, Fábio Carille construiu a vitoriosa trajetória em três anos de Corinthians com um modelo de jogo defensivamente sólido, menos criativo no ataque e eficaz nas oportunidades encontradas no contra-ataque.

Reconhecido pelos bons sistemas defensivos, Carille encontrará um clube com um estilo historicamente ofensivo, inclusive impresso nos trabalhos de seus últimos treinadores, como Cuca, Holan e Diniz.

O treinador ainda avaliará como seus comandados atuarão sob o esquema que lhe rendeu quatro títulos no Alvinegro Paulista ou se adaptará seu modelo ao "DNA ofensivo" santista. O treinador, porém, não se vê refém de um sistema mais recuado.

"Dei continuidade no Corinthians do que aprendi, DNA implantado pelo Mano em 2008 e 2009, veio o Tite e dei sequência. Meu trabalho no Ittihad mostra diferenças, assim como o Corinthians principalmente em 2018, que propunha e ficava com a bola", afirmou.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado, o técnico Ariel Holán é argentino, e não chileno. O erro foi corrigido.