Topo

Éverson cita Ceni e Sampaoli e chora: "O gandula virou goleiro da seleção"

Éverson chora durante entrevista coletiva na seleção ao lembrar do pai, que era goleiro de futebol de várzea - Reprodução/CBF TV
Éverson chora durante entrevista coletiva na seleção ao lembrar do pai, que era goleiro de futebol de várzea Imagem: Reprodução/CBF TV

Gabriel Carneiro e Igor Siqueira

Do UOL, em São Paulo e Rio de Janeiro

31/08/2021 21h39

O goleiro Éverson ficou emocionado em sua primeira entrevista coletiva como jogador da seleção brasileira, hoje (31), em São Paulo. Convocado por Tite ao lado de Santos para substituir Alisson e Ederson em três rodadas das Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar, o jogador do Atlético-MG se disse "vivendo em nuvens" e chorou ao relembrar suas origens no futebol como gandula dos jogos do seu pai, chamado Paulo Pires, na várzea.

"Falar do meu pai me emociona. Eu quis ser goleiro vendo meu pai, que era goleiro na várzea. Sempre pegava bola para ele nos jogos e nos intervalos eu ia no gol. Meu pai nem luva tinha e ficava chutando em mim. Hoje com certeza estou realizando o sonho da minha vida, da minha carreira futebolística. E com certeza dando muito orgulho ao meu pai e minha mãe, que sempre me acompanhou também. Mas meu pai é meu maior ídolo no futebol mesmo não sendo atleta profissional. Ele está muito feliz que o filho dele que era gandula hoje virou goleiro da seleção brasileira nas Eliminatórias", declarou às lágrimas o goleiro de 31 anos, que na resposta anterior já tinha se emocionado.

Éverson foi perguntado durante entrevista coletiva sobre o que diria para si mesmo quando criança a respeito desse sonho de jogar na seleção.

Falaria que ele conseguiu. Ele conseguiu o sonho da vida dele, o sonho da carreira dele. Passou por muitas dificuldades com sua família, foi pai novo, mas hoje está aqui realizando sonho. Não só para o Éverson, mas para qualquer criança que tem seu sonho: sonhar não é proibido, não é impossível. Sempre busque, lute, porque se você brigar por ele com certeza vai estar realizando."

Jogo com os pés como diferencial

O goleiro do Atlético-MG tem empilhado boas defesas nas três competições em que sua equipe briga por título na temporada, mas também é conhecido pela boa capacidade de jogo com os pés. No futebol moderno é crescente a exigência por goleiros que possam iniciar a construção de jogadas, armar contra-ataques em velocidade com um único lançamento ou sustentar a saída de bola do time.

Éverson - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Éverson ao lado de Santos durante treinamento da seleção brasileira no CT Joaquim Grava
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Éverson foi o goleiro escolhido pelo técnico argentino Jorge Sampaoli em suas duas experiências no futebol brasileiro, por Santos e Atlético-MG, exatamente pela qualidade no fundamento. "Desde a categoria de base eu venho desenvolvendo e depois de trabalhar com Sampaoli no Santos pude aprimorar essa valência muito mais de sair jogando com os pés, achar homem livre e ajudar na construção ofensiva. Venho aprendendo muito e continuo aprendendo."

Segundo o experiente jogador, mas estreante na seleção brasileira, o jogo com os pés é algo desenvolvido desde antes das categorias de base, nas escolinhas de futsal na cidade onde nasceu, em Pindamonhangaba (SP). "Naquela ocasião já tinha o goleiro-linha e eu sempre me aventurei", relatou, antes de completar:

Fiz a base no São Paulo, onde tinha a referência da época, o Rogério Ceni, um goleiro que sabia jogar com os pés. Na base do São Paulo eu pude aprender por seis anos a ter essa qualidade, essa valência. Nos times que fui sempre procurei manter essa qualidade de sair jogando com os pés, que é de suma importância no futebol moderno, dentro e fora do Brasil, inclusive na seleção. É uma metodologia de trabalho de grandes treinadores. Creio que isso também pode ter ajudado minha vinda para a seleção, mas se não fossem as defesas e os bons jogos no Atlético-MG creio que nada disso estaria acontecendo."

Éverson - Divulgação - Divulgação
Éverson vive boa fase no Atlético-MG
Imagem: Divulgação

Agora, o desafio de Éverson é agradar o técnico Tite e os preparadores de goleiros Taffarel e Marquinhos Trocourt ao longo dos treinamentos para entrar na disputa por uma vaga entre os três preferencias da seleção.

"Hoje é uma função que tem grandes nomes na seleção, com Alisson, Ederson, Weverton, Santos campeão olímpico e eu tendo essa oportunidade. Estou fazendo dessa oportunidade a oportunidade da minha vida para que eu possa continuar crescendo, deixar uma boa impressão nos treinamentos para que mais para frente, com bons jogos dentro do Atlético-MG, eu ter mais oportunidades. Tem cinco, seis grandes nomes. Eu sou sonhador. Respeito todos os goleiros selecionáveis, mas ainda tenho esse sonho. Hoje estou realizando esse primeiro sonho e vou trabalhar muito, muito, no meu clube."

A seleção enfrenta Chile, Argentina e Peru nos próximos dias 2, 5 e 9. Éverson deve ser opção a Weverton no banco de reservas.