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Flu retoma virtudes de 2020 com Marcão, mas não vence e ataque não convence

Gabriel Teixeira perdeu a chance de matar o jogo para o Fluminense contra o Atlético-MG - ANDRÉ FABIANO/ESTADÃO CONTEÚDO
Gabriel Teixeira perdeu a chance de matar o jogo para o Fluminense contra o Atlético-MG Imagem: ANDRÉ FABIANO/ESTADÃO CONTEÚDO

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

24/08/2021 11h00

Na estreia de Marcão, o Fluminense quase venceu o líder Atlético-MG, mas ficou no empate e não vence a cinco jogos no Brasileirão. E se retomou virtudes do time competitivo de 2020, o Tricolor não convenceu no ataque, mais uma vez, e a dificuldade para balançar as redes custou um melhor resultado.

Com André à frente da zaga formando tripé com Yago e Martinelli, o "novo" técnico do Flu queria povoar o meio de campo para bloquear as trocas de passe e movimentação constante do Galo no ataque. E o jovem volante teve grande atuação.

Em parte, a estratégia deu certo. Zaracho, Nacho, Hulk, Savarino e Vargas tentaram de tudo, mas com a entrada da área fechada, o Tricolor obrigou o time de Cuca a usar a bola aérea, o que favoreceu Nino e Luccas Claro.

Assim como o time de Odair Hellmann — e do próprio Marcão — na última temporada, a equipe que ficou no empate com o Atlético defendeu muito bem sua área porque soube fechar o que o "Papito", sob influência de Tite, chama de "funil". O técnico admitiu a preocupação.

"Na última semana tivemos uma atenção mais focada no setor defensivo. Num todo, não só o setor defensivo, nossa marcação começa lá na frente. E hoje nossa equipe estava mais compacta, mais ligada, e deixamos nossos zagueiros com condições de fazer boas coberturas, de estar no enfrentamento sempre na bola. Nosso setor defensivo fez uma partida muito boa. Estivemos sempre perto e vamos tentar repetir isso, minimizando nossos erros para que nas próximas partidas a gente chegue à excelência", salientou Marcão.

Fechando a entrada da área e as diagonais por dentro, o Fluminense protegeu sua zaga e, concentrando os jogadores pelo centro, abriu o ataque para explorar a defesa adiantada do adversário, atacando as costas dos ofensivos Guga e Arana e da zaga formada por Nathan Silva e Júnior Alonso, pouco protegida por Allan.

Marcão retomou virtudes de competitivo 2020 no Fluminense contra o Atlético-MG - PETER ILICCIEV/ESTADÃO CONTEÚDO - PETER ILICCIEV/ESTADÃO CONTEÚDO
Marcão retomou virtudes de competitivo 2020 no Fluminense contra o Atlético-MG
Imagem: PETER ILICCIEV/ESTADÃO CONTEÚDO

Mas no ataque, a ideia de Marcão não deu certo. Também por falta de fôlego mas muito por ausência de qualidade, Lucca e Luiz Henrique não levaram perigo, e quando perdeu os deslocamentos curtos de Fred, no pivô, o Tricolor não tinha nenhuma retenção de bola na frente.

"Tínhamos montado essa estratégia mesmo de ficar mais baixo, evitar a bola por dentro. A gente mudou para dar mais gás e tentar impedir a transição por dentro. É um time com muita qualidade. Lógico que a gente queria marcar mais em cima, aproveitar melhor as oportunidades de contra-ataque. Serve de aprendizado", explicou.

Já com Abel Hernández na vaga do agora segundo maior artilheiro da história do Brasileirão, o Tricolor se restringiu a sofrer. O jogo pobre na criação não chega a surpreender, mas preocupa. Com os pontas recuados para marcar, Yago muito preocupado com Nacho e Samuel Xavier tímido, o time se ressentiu de profundidade. Sem meias por conta da opção do tripé, tampouco criou chances atacando espaços e associando os jogadores no contra-ataque.

Até que Gabriel Teixeira entrou em campo. Embora tenha errado em todas as tomadas de decisão e parte dos pontos perdidos passe por seus pés, a entrada do jovem de Xerém fez o Flu agredir mais nas saídas de contra ataque em diagonais para dentro.

Quando Nonato entrou em campo na vaga do exausto Martinelli, a dupla passou a aproveitar espaços que não conseguia. O volante, que chegou do Internacional, será boa opção para Marcão.

Assim, embora tenha evoluído na parte anímica e retomado bons momentos da última temporada, o Fluminense fez pouco para vencer o jogo. Se teve gosto amargo por conta das circunstâncias da partida, o empate ficou de bom tamanho para o que fez a equipe, que "achou" um gol de pênalti de Fred após falta clara de Hulk em Luccas Claro na grande área.

Com o gol, inclusive, o camisa 9 se tornou o segundo maior artilheiro da história do Brasileirão. Aos 37 anos, ele marcou 16 vezes em 2021 e faz bom ano, ainda que seus companheiros produzam muito pouco na parte ofensiva.

Fred abriu placar para o Fluminense de pênalti e se tornou 2º maior artilheiro da história do Brasileirão - Lucas Mercon/Fluminense FC - Lucas Mercon/Fluminense FC
Fred abriu placar para o Fluminense de pênalti e se tornou 2º maior artilheiro da história do Brasileirão
Imagem: Lucas Mercon/Fluminense FC

Na frente do placar, o Tricolor moldou o jogo ao seu jeito, mas segue com muitas dificuldades para criar. Os 11 gols nos últimos 10 jogos não parecem ruins, mas cinco destes foram de pênalti, e três de bola parada.

Das três chances trabalhadas que foram convertidas em gol, duas foram contra o Criciúma, da Série C do Brasileirão. Contra equipes do primeiro escalão, só Yago, contra o Internacional, marcou em um lance de criação. Ainda assim, uma ação de volantes: André deu linda enfiada de bola para o camisa 20 balançar as redes.

Nonato e Arias são reforços para Marcão no Fluminense  - Mailson Santana/Fluminense FC - Mailson Santana/Fluminense FC
Nonato e Arias são reforços para Marcão no Fluminense
Imagem: Mailson Santana/Fluminense FC

O problema crônico tem a ver com desfalques e poucas alternativas. Regularizado, o colombiano Jhon Arias será nova opção para Marcão, que também deve ter o retorno de Caio Paulista.

"O Caio vinha de um momento excepcional. Ele está no processo de transição, esperamos contar com ele na partida de quinta-feira. O Arias também foi liberado e vai poder nos ajudar quinta-feira. É um grande valor, fez grandes jogos contra a nossa equipe e tenho certeza que ele vai contribuir muito para a nossa equipe na sequência das competições", destacou.

A esperança dos tricolores é que tudo volte a dar certo também no ataque, como na última temporada, para que o Flu deixe a briga contra o rebaixamento no Brasileirão e tente voos maiores na Copa do Brasil.

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