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Renato Maurício Prado: Situação da CBF no momento é completamente bizarra

Do UOL, em São Paulo

03/08/2021 11h54

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) obteve ontem (2) efeito suspensivo para derrubar a decisão judicial que anulou a eleição da entidade, realizada em 2018, quando Rogério Caboclo foi empossado. Desta forma, o movimento também paralisou a intervenção sentenciada na semana passada, com Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol, e Rodolfo Landim, mandatário do Flamengo, como interventores. Os dois, aliás, estavam reunidos com diretores da entidade quando a liminar foi derrubada, gerando constrangimento.

No UOL News Esporte desta terça-feira (03/08), Renato Maurício Prado criticou a disputa pelo poder da CBF nos tribunais e a escolha de Landim como um dos interventores para gerir a confederação.

"A situação toda da CBF neste momento é completamente bizarra. A começar por ter tido o seu presidente [Caboclo] afastado, muito bem afastado diga-se de passagem, e ninguém sabe se ele vai voltar ou não porque ele entra com recurso, perde recurso. A Fifa, inclusive, já o afastou também. No meio disto tudo, numa jogada que me parece um pouco interesseira, a Justiça do Rio anulou a eleição. Eu acho que deveria ter sido anulada sim, mas lá atrás, não agora", disse.

"O que é mais bizarro é que nomeou dois interventores que eu não sei quais foram os critérios. O presidente da Federação Paulista [Reinaldo Carneiro] e o presidente do Flamengo [Landim]. São duas coisas que não se misturam. Se dissessem nomeamos o presidente da Federação Paulista e da Carioca... Uma coisa muito bizarra. Aí teve essa cena que deve ter sido, no mínimo, constrangedora. Toca o telefone e olha, avisa eles que cassaram [a liminar], pede para sair rapidinho do prédio porque eles não mandam mais nada", acrescentou.

Em 15 de junho, pouco mais de uma semana após o afastamento de Caboclo da presidência da CBF, em decorrência da denúncia de assédio moral e sexual feita contra ele por uma funcionária, praticamente todos os clubes da Série A do Brasileirão assinaram compromisso para fundar uma Liga independente.

O colunista do UOL aponta que essa é a saída para descentralizar o poder que hoje está nas mãos da confederação. "Os clubes só vão poder realmente mandar no destino do futebol brasileiro se fizerem a Liga e todos juntos forem lá na CBF para dizer o seguinte: olha aqui, amigo, o que nós queremos é isso, isso e isso", comentou.

"É a única solução, essa pressão. Esse negócio de recurso na Justiça do Rio, aí vai uma lá e cassa, está tudo muito mal amarrado. Na verdade, a CBF, para a coisa ser séria, tinha que fazer uma assembleia, definir o colégio eleitoral de novo, porque aquele colégio eleitoral, na maneira que está, com as federações votando completamente sozinhas e com peso três, seja qual for a escolha dos clubes, quem vai eleger serão as federações. Enfim, dar uma ajeitada nisso e fazer uma nova eleição, porque a volta do Caboclo é absurdamente impensável", finalizou.