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Leila x Mustafá: Eleição de presidente do conselho do Palmeiras é 1º round

José Roberto Lamacchia, Mustafá Contursi e Leila Pereira - Eduardo Ohata/UOL Esporte
José Roberto Lamacchia, Mustafá Contursi e Leila Pereira Imagem: Eduardo Ohata/UOL Esporte

Diego Iwata Lima

Do UOL, em São Paulo

21/06/2021 12h00

Na noite desta segunda-feira (21), os conselheiros do Palmeiras elegem o novo presidente do órgão responsável pelas decisões políticas do clube, o conselho deliberativo. Concorrem no pleito o atual presidente Seraphim Del Grande e Mario Giannini. É o primeiro round de uma batalha que vai se arrastar até as eleições para presidente do clube, entre Leila Pereira, presidente da Crefisa, e o ex-presidente do clube Mustafá Contursi.

A situação, de Leila Pereira e Galiotte, será representada por Del Grande. Já a oposição, está reunida de modo um tanto difuso em torno de Giannini, um antigo e fiel representante da ala ligada ao ex-presidente Mustafá Contursi, de quem foi diretor de futebol —foi também vice de Arnaldo Tirone. A eleição para o cargo, adiada desde março, tem grande peso político no clube, já que o eleito define data e pautas de votações.

Na próxima segunda (28), acontece a segunda parte dessa disputa entre os ex-aliados políticos, com a eleição de membros do Conselho de Orientação e Fiscalização (COF), órgão responsável por aprovar gastos, contas e balancetes do clube. Os eleitos terão dois anos de mandato na casa, na qual todos os presidentes do Palmeiras ainda vivos, exceto Paulo Nobre, que renunciou ao posto, têm cadeira cativa.

O terceiro assalto acontecerá em dezembro, quando associados do clube, e não apenas conselheiros, vão escolher o próximo presidente do Palmeiras. A tendência é que Leila Pereira vença qualquer outro candidato nesse pleito. Luiz Pastore, ligado a Mustafá, e Savério Orlandi, do grupo político mais próximo ao ex-presidente Paulo Nobre, aparecem, no momento, como possíveis concorrentes.

Mustafá Contursi tem mantido distância dos holofotes

Desde que foi condenado a três anos e meio de prisão por cambismo de ingressos dados a ele pela Crefisa, em maio de 2020 —pena convertida em multa de 25 salários mínimos a ser paga a instituições assistenciais—, Contursi, que presidiu o Palmeiras por 12 anos, tem se mantido afastado dos holofotes.

Aos 80 anos, o dirigente sofreu também com problemas de saúde durante o ano de 2020, que o tornaram ainda mais recluso —em especial com a pandemia de covid-19. Nos bastidores, porém, Contursi continua agindo, agregando muitos conselheiros e influenciando a vida política palmeirense.

Mustafá presidiu o Palmeiras entre 1993 e 2004. Sob sua gestão, o clube teve a co-gestão com a Parmalat e conquistou uma Libertadores (1999), dois Brasileiros (1993 e 1994), uma Copa do Brasil (1998), uma Copa Mercosul (1998) e três Campeonatos Paulistas (1993, 1994 e 1996) entre outras conquistas. Mas também foi rebaixado à Série B em 2002.

Vem aí o "Leilismo"

Leila Pereira, por meio da Crefisa, empresa fundada por seu marido José Roberto Lamacchia, patrocina o Palmeiras desde 2015.

Chegou ao clube pela gestão Paulo Nobre, com quem romperia após a conquista do Brasileiro de 2016, por não ter sido convidada para a festa oficial do título. Aliou-se a Mustafá Contursi, que lavrou documento que afirmara sua filiação ao clube pelo período necessário para ser conselheira, contestado por nobristas, que tentaram sua impugnação, rejeitada pelo conselho. Também rompeu com Mustafá posteriormente.

Em última instância, é a maior responsável pelo escanteamento público de Contursi. Hoje, Leila é a herdeira natural do projeto de Mauricio Galiotte. Assim, embora hoje rompidos, Leila, pela lógica sucessória, deveria ser mais uma representante do jeito Paulo Nobre de se fazer política no clube. Mas, em vez disso, tem tudo para inaugurar uma nova linhagem longeva na Rua Palestra Itália. Depois do Mustafismo e do Nobrismo, parece cada vez mais palpável e inexorável, o Leilismo.