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Ramírez fala em "projeto" e diz que Brasil não tem paciência com técnicos

Miguel Ángel Ramirez em treino do Inter - Ricardo Duarte/SC Inter
Miguel Ángel Ramirez em treino do Inter Imagem: Ricardo Duarte/SC Inter

Do UOL, em Porto Alegre

04/06/2021 04h00

Miguel Ángel Ramírez voltou a falar sobre o calendário do futebol brasileiro. Depois de o Internacional vencer o Vitória, no jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil, o treinador espanhol afirmou que a rotina no Brasil é "uma loucura" e que não há paciência para ideias novas. O técnico ainda declarou que o clube gaúcho tem um projeto de futebol e que não haverá evolução se a cultura local não mudar.

O Inter chegou a 19 jogos com Ramírez e soma dez vitórias, quatro empates e cinco derrotas. O triunfo em Salvador dá vantagem na Copa do Brasil.

"O futebol [no Brasil] não vai evoluir se não fizer algo diferente. Se fizerem a mesma coisa, ano após ano, tipo tirando um treinador e botando outro, mudando esse ou aquele jogador, e assim vai? Eu gostei muito da entrevista de Daniel Alves onde fala que o Brasil é um cemitério de treinadores. Eu digo que tento ajudar, por onde passo, e se servir, ok. Ótimo. O que soma, que fique. É assim no Inter e espero, quero, que seja no futebol brasileiro. Ou a gente muda ou o futebol brasileiro não vai evoluir. Quem faz coisas diferentes não tem tempo", disse Miguel Ángel Ramírez.

Campeão da Copa Sul-Americana com o Independiente Del Valle-EQU, o treinador já convive com críticas em Porto Alegre. A vitória em Salvador encerrou período de três partidas sem triunfo. A sequência chegou a reservar somente uma vitória em seis partidas. Em consequência, os protestos passaram a ser rotina no CT e hotel. Antes da partida contra o Sport, na estreia do Campeonato Brasileiro, torcedores xingaram jogadores e o treinador na chegada ao hotel.

"O Inter quer ter um projeto de futebol, com o time principal e a base. Quer fazer as coisas de uma maneira, e se não tiver resultado 'ah, não serve!'. E aí vai cair na sorte, se tivermos sorte vamos ganhar? Eu vou aprendendo ao estar aqui, mas sei que se não mudar não vai evoluir. Se não houver espaço para tentar coisas diferentes, como fazem em outro país... Esses lugares tiveram a paciência e por isto, revolucionaram. Aqui não há paciência, e jogando a cada três dias é botar o time em campo e ver o que dá", declarou.

Em outro trecho da mesma entrevista, concedida no estádio Barradão, Miguel Ángel Ramírez falou sobre a condição física do elenco e fez gancho com o calendário.

"Tem uma reflexão que é muito mais profunda. Fizemos ela aqui dentro... Esse time veio de um ano com carga de partidas elevada e tem uma queda de capacidade física. Tiveram uma parada que não serviu para recuperar ou manter a forma física. E começamos um período competitivo, não tivemos pré-temporada. Começamos na segunda-feira com testes e três treinos até a estreia. É impossível, impossível, em um período competitivo ter uma condição física ótima para o alto rendimento. E volto à reflexão que fiz depois do Gre-Nal, sobre cultura do país. Não é só com o Inter, mas com todos os times. O ritmo dos jogos é baixo (lento). Eu vi o final do Brasileiro, e os times caminhavam, o volume de partidas que jogamos é uma loucura. E a condição física vai continuar ruim", apontou o treinador do clube gaúcho.

O Inter volta a campo diante do Fortaleza, domingo (6), pelo Brasileirão.

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