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Em livro, Andrés revela que implodiu Clube dos 13 após promessa da CBF

De relação próxima com Ricardo Teixeira, Andrés foi nomeado diretor de seleções da CBF naquele mesmo ano - Divulgação/CBF
De relação próxima com Ricardo Teixeira, Andrés foi nomeado diretor de seleções da CBF naquele mesmo ano Imagem: Divulgação/CBF

Do UOL, em São Paulo

31/05/2021 04h00

O Clube dos 13 foi demolido em uma guerra de narrativas em uma disputa que nunca foi muito bem explicada pelos cartolas envolvidos, mas Andrés Sanchez ainda tem muito a dizer. Dez anos depois, o ex-presidente do Corinthians agora assume ter causado a implosão e revela que tudo foi consequência de uma promessa de Ricardo Teixeira, então mandachuva da CBF.

Resumindo, o Clube dos 13 foi fundado nos Anos 80 por Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco. Depois o grupo se expandiu, chegando a ter 20 membros. A intenção era defender os interesses dos clubes associados que teriam maior poder em negociações coletivas (principalmente na venda de direitos de TV) do que individualmente. Chegou a se falar em uma liga brasileira independente da CBF, aos moldes da Premier League, mas tudo deu em água após Andrés desassociar o Corinthians em 2011.

"O Ricardo Teixeira me chamou e falou 'Andrés, o Kléber Leite [ex-presidente do Flamengo] quer ser candidato ao Clube dos 13. Se ele ganhar, eu passo o futebol todo para o Clube dos 13. Vocês fazem liga, o que quiserem. Eu não vou dar para aqueles loucos, mas para o Kléber eu passo o futebol todo'. Eu comprei a ideia", revela Andrés no livro "O futebol como ele é", do jornalista Rodrigo Capelo, que está em pré-venda pela Editora Grande Área.

Os "loucos" que Andrés cita eram os adversários na disputa política do "clubinho" da elite do futebol brasileiro, liderado por Fábio Koff (homem-forte do Grêmio e que morreu em 2018) e o ex-presidente do São Paulo Juvenal Juvêncio (1934-2015). Kléber Leite havia sido presidente do Flamengo e era a aposta da CBF para ter mais influência sobre o Clube dos 13.

"Chamei o Juvenal e o Fábio Koff, que Deus os tenha, e expliquei tudo. Eles não quiseram abrir mão do poder", diz Andrés Sanchez. "O Alexandre Kalil [então presidente do Atlético-MG] entrou com tudo. Fomos para a eleição e perdemos por dois votos; o Koff ganhou de novo. Foi quando eu falei para ele: 'vocês ganharam, mas não vão levar'. Dias depois, eu saí. Eu não acabei com o Clube dos 13; eu só saí", afirma.

Foram semanas movimentadas nos bastidores. Depois da desfiliação do Corinthians, o Clube dos 13 ruiu como um castelo de cartas. A disputa dos cartolas teve consequências bem relevantes: o jeito de vender os direitos de transmissão mudou e a criação de uma liga independente virou lenda.

"O Ricardo continuou com o futebol na CBF, como está até hoje. Eu tinha a promessa dele de deixar a gente fazer uma liga, ter uma independência maior no futebol", reforça Andrés, dizendo que tudo isso não foi possível "porque o Kléber não ganhou". E completa: Teixeira não queria dar tal autonomia para Koff e cia. porque achava que eles "não fariam o que tem que ser feito".

Rusga com Kalil: "Ele é mentiroso!"

Desde 2011, cada grupo se apegou a sua versão do ocorrido. Alexandre Kalil, hoje prefeito de Belo Horizonte, repete publicamente que Andrés Sanchez atuou desta forma "porque tinha um estádio prometido", no caso a Neo Química Arena. O ex-presidente corintiano rebate, afirmando no livro:

"Ele é mentiroso. Pode pôr aí: o prefeito de Belo Horizonte é mentiroso. Vou ganhar um estádio e [hoje] devo um bilhão? Ele tá louco? Eu explodi o Clube dos 13 porque o Ricardo Teixeira falou que, se o Kléber Leite ganhasse, o Clube dos 13 tomaria conta do futebol."

"O estádio do Corinthians já estava montado; um estádio simples, humilde. Tudo o que se fala além disso é balela. É que o Kalil se apegou nisso, o Juvenal se apegou naquilo, e o Koff não disse mais nada porque morreu, senão estaria até hoje dizendo que a Globo prometeu para o Andrés ser presidente da CBF", completa.