Primeira Liga virou associação de clubes que agora apoia Caboclo na CBF
Na origem, uma proposta "rebelde" de montar um torneio exclusivamente organizado pelos clubes, sem a CBF. Mas o bloco que um dia já foi a Primeira Liga sofreu uma metamorfose tão grande que, agora, emite nota de apoio ao presidente da CBF, Rogério Caboclo, imerso em uma crise na entidade.
A Primeira Liga agora atende pelo nome de Associação Nacional de Clubes de Futebol (ANCL), com 22 membros: América-MG, Chapecoense, Atlético-GO, Avaí, Cruzeiro, Figueirense, Brasil de Pelotas, Paraná, Londrina, Vila Nova, Sampaio Corrêa, Vitória, Remo, Operário, Náutico, Juventude, Cuiabá, CSA, CRB, Brusque, Confiança e Botafogo-SP.
No contexto atual, os dirigentes não cultivam ambição de criar uma nova competição no já apertado calendário nacional. A demanda agora se restringe aos interesses de quem não está na elite do Brasileirão, como conta o presidente da ANCL, Francisco José Battistotti, também mandatário do Avaí.
"Ninguém quer atrito com a CBF. Queremos que a CBF reconheça a situação de dificuldade do futebol brasileiro. Ninguém quer fazer campeonato. Acho que a CBF deve fazer. O que temos que lutar é por uma receita maior para os clubes com menor condição financeira", explica ele.
O objeto social da entidade foi alterado, mas o CNPJ é o mesmo da Primeira Liga. Com isso, mais do que ter o DNA jurídico, a nova associação herdou recursos que restaram após dois anos (2016 e 2017) de um torneio que ganhou caráter amistoso, pois não teve chancela da CBF. O bloco também ruiu por diferenças entre os dirigentes a respeito da divisão dos direitos de transmissão.
"O que precisa é ter ativo para pagar a estrutura. Não é pra visar lucros. É para ter condições de fazer um trabalho. Vamos fazer um orçamento para ver a necessidade mensal", explicou Battistotti, sobre a hipótese de cobrar mensalidade dos membros.
O dirigente catarinense já tinha sido vice-presidente da Primeira Liga em dois mandatos, primeiro com Gilvan Tavares, ex-presidente do Cruzeiro, e depois no de Marcos Salum, ex-América-MG. No fim do ano passado, o bloco se reuniu e fez uma assembleia para elegê-lo presidente da ANCF.
Um exemplo da proposta de aproximação da ex-Primeira Liga com a CBF se deu no conselho arbitral da Série B. A entidade topou repassar aos clubes o dinheiro que arrecadar com a publicidade estática à beira do campo. A CBF, inclusive, abriu uma concorrência para definir a empresa responsável por comercializar esse espaço no mercado.
Na nota, os clubes da associação reconhecem "importantes avanços desenvolvidos sob a gestão do presidente Caboclo". E foram além: "Esperamos que tais projetos e condutas mantenham sua natural continuidade, bem como repudiamos qualquer manipulação de fatos ou criação de notícias especulativas visando desestabilizar ambientes ou gerar conflitos inexistentes".
A Associação de Clubes ainda quer se envolver em outros temas. No horizonte está a negociação dos direitos de transmissão da Série B. O contrato atual com a Globo termina em 2022.
"Já falamos com a CBF que a negociação será conjunta", diz Battistotti.
Além disso, os dirigentes desse bloco já se reuniram no passado com o presidente Jair Bolsonaro para fazer força a favor de uma nova MP do Mandante - ou um projeto de lei com o mesmo teor.
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