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Nenê supera Cazares em números, mas meio do Flu de Roger 'pede' marcação

Roger Machado tem problemas no meio de campo do Fluminense para "decisões" no Carioca e Libertadores - Lucas Mercon/Fluminense FC
Roger Machado tem problemas no meio de campo do Fluminense para 'decisões' no Carioca e Libertadores Imagem: Lucas Mercon/Fluminense FC

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

21/05/2021 04h00

Roger Machado pode não admitir em entrevistas coletivas, mas o meio-campo é o que mais gera dor de cabeça em seu Fluminense. Se Nenê supera Cazares nos números em 2021, a dúvida persiste sobre quem deveria ser o titular, enquanto o setor "pede" por mais marcação.

Após um 2020 artilheiro, quando marcou 20 gols, o veterano de 39 anos vive fase de garçom na atual temporada. Já são seis assistências em 11 jogos em 2021, média que não justifica, por exemplo, uma barração. Se o equatoriano é favorito na "arquibancada virtual" das redes sociais após dois passes perfeitos para gol na Libertadores, suas atuações começando como titular tampouco o credenciam para ser o dono da vaga.

Enquanto a discussão entre qual meia deve ser escalado por Roger continua, o Tricolor acumula números ruins e alguns problemas táticos no setor. O treinador ainda não definiu quem começa o jogo contra o Flamengo na final do Campeonato Carioca.

Empatado com o venezuelano e já eliminado Deportivo La Guaira, o Flu é o time que menos desarma em toda a Libertadores, com apenas dez roubadas de bola por jogo — dados do site Sofascore. Na derrota para o Junior-COL, com Cazares no meio, foram apenas oito.

Além disso, o time tem dificuldade para fechar o "funil", termo utilizado por Tite para definir a marcação à frente da área e na direção do gol defendido por sua equipe.

Adepto da ideia, Odair Hellmann, ex-técnico do Flu, fechava seu tripé de meio-campistas por dentro, obrigando o adversário a jogar pelos lados. Assim, fazia com que as equipes atacassem mais em cruzamentos e enfiadas de bola, contando com o posicionamento de Nino e Luccas Claro para defender — muito bem — a grande área.

Se a dupla de zaga permanece intacta, os conceitos mudaram um pouco. Com um arranjo diferente de meio de campo para se defender em duas linhas de quatro, Fluminense de Roger Machado inegavelmente abre mais espaço entre seus setores do que seus antecessores.

Não é um erro: a ideia é ser ainda mais vertical e escalar mais jogadores ofensivos entre os titulares. O problema é que, quando não mantém a efetividade nas finalizações, uma marca da equipe desde a última temporada, o Tricolor sofre, como na derrota para o Junior-COL. Foi algo apontado pelo treinador como a maior falha da equipe no jogo.

"As oportunidades criadas e, infelizmente, não concretizadas em gol [foram nossas maiores falhas]. Alguns momentos a preferência por um passe um pouco mais detalhado e construção mais refinada em zona de finalização próxima da área que não acaba em finalização e dava transição para o adversário. A nossa bola área, que é uma coisa muito forte, e pela primeira vez, nesses jogos todos, foi vazada", declarou, na coletiva.

A ausência de um volante ou meia que ande entre os setores faz Yago e Martinelli se desdobrarem cada vez mais. A dupla, outro ponto alto do Flu, segue atuando em bom nível, mas tem cada vez mais trabalho na marcação. Não à toa, acaba por abrir mais o "funil" e expor a linha de defesa: assim, Calegari e Luccas Claro, destaques em 2020, caíram de rendimento.

Martinelli está sendo mais exigido na marcação com Roger no Fluminense - Lucas Mercon/Fluminense FC - Lucas Mercon/Fluminense FC
Martinelli está sendo mais exigido na marcação com Roger no Fluminense
Imagem: Lucas Mercon/Fluminense FC

Para enquadrar Nenê junto a Fred e mais dois pontas, o meia de 39 anos fica mais solto por dentro na marcação, obrigando Kayky e Luiz Henrique (ou Gabriel Teixeira) a fecharem na linha de meio. Ainda com pouco tempo para se adaptar às modificações, o Tricolor encontrou uma derrota traiçoeira na Libertadores, que somada à heroica vitória do River Plate, deixou a equipe em situação mais complicada do que esperava na competição.

O Fluminense ainda depende só de si para a classificação e também para chegar ao título do Campeonato Carioca. A chave, talvez, esteja na entrada de mais um jogador no meio-campo, já que, recuados e mais longe do gol, Kayky e Luiz Henrique não recebem tantas bolas de frente para a meta adversária, e as triangulações na saída de bola também acabam prejudicadas.

Por isso, o Tricolor tem cada vez menos a posse, e sem tantos homens para defender sua área, sofre muitas finalizações: 11,4 por jogo na Libertadores e 12,7 por jogo nas três partidas do mata-mata do Campeonato Carioca até aqui.

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