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Paciência de Renato com Jean Pyerre acabou antes de o pai do meia viralizar

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

09/03/2021 04h00

Jean Pyerre fora do time titular foi a grande surpresa do Grêmio na final da Copa do Brasil, diante do Palmeiras, mas a nova realidade do meia-atacante deve ser esta. O desempenho recente incomodou Renato Portaluppi. Antes mesmo de, fora das quatro linhas, o vídeo do pai do camisa 10 criticando o treinador cair como um balde de água fria na tentativa de retomada do jogador.

Aos 22 anos, Jean Pyerre deve se tornar reserva de César Pinares. Na quarta-feira (10), contra o Ayacucho-PER, pela segunda fase preliminar da Copa Libertadores, o novo status já deve ser conferido.

Na cabeça de Renato, o meia saiu do time titular do Grêmio antes da viagem a Atibaia (SP). Logo depois da primeira partida da decisão da Copa do Brasil, o técnico bateu o martelo. Ainda em Porto Alegre, ele decidiu que ia sacar o camisa 10 da equipe. A decisão foi comunicada no dia do jogo em São Paulo, na hora da preleção para a partida no Allianz Parque.

A comissão técnica entende que Jean Pyerre é técnico, tem boa visão de jogo e talento. No entanto, acumula ressalvas ao comportamento do jogador em campo. Sem a intensidade esperada, o meia ganhou —nas palavras dos bastidores— tempo extra para tentar melhorar. Desde o final de 2020, continuou na equipe, mesmo com atuações apagadas.

Do lado do jogador, a leitura é que o desempenho individual realmente oscilou. Mas assim como da equipe, coletivamente. O vazamento do vídeo de Eduardo da Luz Corrêa, pai de Jean Pyerre, gerou preocupação tão grande quanto a criada com a saída do time titular. E os dirigentes gremistas devem até receber contato do estafe para tratar do assunto.

Entre os dirigentes, Romildo Bolzan Jr., presidente do Grêmio, é defensor de Jean Pyerre. Não diante dos episódios recentes, mas da aposta no jogador. No talento. Entre a cúpula, contudo, começa a crescer a leitura de que o camisa 10 precisa ser negociado.

A possibilidade de liberar Jean Pyerre ainda não foi debatida, efetivamente, na Arena do Grêmio. Em novembro, logo após o meia-atacante enfileirar boas atuações, houve princípio de negociação para renovar contrato. O problema é que de lá para cá o desempenho caiu.

O meia-atacante foi flagrado em festa com aglomeração durante a pandemia de Covid-19, e contrariando protocolo sanitário do Grêmio. E o vídeo que viralizou na noite do último domingo (7) se soma à lista de episódios extracampo.

Detonando Renato

Ontem (8), Eduardo Corrêa, o pai de Jean Pyerre, emitiu um comunicado e pediu desculpas pelo conteúdo vazado e disse e que não quis "prejudicar" o filho e os jogadores do Grêmio.

"Gostaria de pedir minhas mais sinceras desculpas ao treinador Renato Portaluppi pelas ofensas proferidas em um vídeo feito por mim que foi vazado. Esse ato não reflete a opinião de terceiros e, em momento algum, quis prejudicar meu filho e seus companheiros. Foi em um momento de irritação pelo clube que sempre torci incondicionalmente. Reforço, peço desculpas a quem se sentiu ofendido com a minha atitude e entendo a dimensão do meu ato. Uma boa semana a todos", disse.

Após a derrota por 2 a 0 e a perda do troféu da Copa do Brasil para o Palmeiras na noite do último domingo, Corrêa ofendeu o técnico e o chamou de "filho da p*".

"É, gurizada. Esse filho da p* do Renato acabou com o nosso time. O Grêmio foi para Atibaia na quinta-feira, foi para passear. Porque em nenhum momento Renato treinou o time titular. Só foram para passear, para brincar. Em nenhum momento o time titular foi treinado, foi montado", disse o pai de Jean Pyerre.

Em nenhum momento do vídeo, Eduardo faz menção ao filho, que começou a partida de ontem na reserva e entrou em campo apenas no segundo tempo, no lugar de Thaciano. Jean Pyerre teve uma temporada de altos e baixos no Grêmio.