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De goleada a goleada: como Mancini arrumou o Corinthians em três meses

Mancini está mais próximo do elenco do Corinthians do que seus antecessores Tiago Nunes e Dyego Coelho - Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Mancini está mais próximo do elenco do Corinthians do que seus antecessores Tiago Nunes e Dyego Coelho Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Yago Rudá

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/01/2021 04h00

Em apenas 87 dias, o Corinthians deixou a condição de candidato ao rebaixamento para a de possível classificado à Copa Libertadores 2021. O período corresponde ao vexame diante do Flamengo, na Neo Química Arena, quando foi derrotado por 5 a 1, pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro, à goleada sobre o Fluminense por 5 a 0, na última quarta-feira (13), em partida da 29ª rodada.

A comissão técnica liderada por Vagner Mancini conseguiu implementar uma série de mudanças no CT Joaquim Grava, resgatou a confiança do elenco e encontrou uma formação titular potencializada com as boas fases individuais de Fábio Santos, Cazares, Gil e Otero.

Em pouco menos de três meses, o Corinthians deixou o aproveitamento de 35,2% no Brasileirão e conquistou 72,7% dos pontos que disputou no campeonato dali para frente. Mas o que mudou na prática?

Resgate da confiança do elenco

Um dos pilares do trabalho desempenhado por Mancini é dar confiança aos jogadores. Quando chegou ao Corinthians, em outubro do ano passado, o treinador encontrou um elenco abatido com os seguidos maus resultados e a briga contra o rebaixamento. Aos poucos, o treinador e seus auxiliares foram estimulando os atletas a confiarem no trabalho.

Se um jogador tem dificuldade em determinado fundamento, a comissão técnica o estimula a trabalhá-lo nos treinamentos até corrigir o erro e adquirir a confiança necessária. É o caso de nomes como Mateus Vital, Bruno Méndez, Gustavo Mosquito, Gabriel e Fagner — todos passavam por momentos individuais ruins e melhoraram após a chegada do técnico.

Aqueles que estão recebendo poucas oportunidades também ganham a atenção necessária. Em novembro, quando os jovens Roni e Raul Gustavo foram 'emprestados' para a equipe sub-23, Mancini fez questão de elogiar a atuação de ambos no Brasileirão de Aspirantes perante todo o elenco.

Melhora do sistema defensivo e consolidação do estilo de jogo

O Corinthians levou cinco gols do Flamengo em apenas 90 minutos, mas na sequência, em 13 partidas disputadas, foram sete gols sofridos — média de 0,54 gol por jogo. A melhora do sistema defensivo aconteceu graças à entrega tática de toda a equipe, com destaque para os homens do meio e os atacantes de beirada. A melhora individual de Gil e Fagner e a chegada do lateral Fábio Santos também contribuíram. O meio de campo com Gabriel e Ramiro (Cantillo) passou a se preocupar mais com a proteção do sistema defensivo do que com a criação, o que contribuiu para o time ficar mais compacto e, consequentemente, mais difícil de ser vazado.

Clima no CT

O aspecto da confiança também ajudou a melhorar o clima no dia a dia do CT Joaquim Grava. Se no início do ano passado, com Tiago Nunes, a conduta era de muita cobrança, treinos exaustivos e hierarquia rígida, com Mancini as relações melhoraram. O atual treinador do Timão adotou uma conduta de proximidade com os jogadores, participando das brincadeiras do elenco e das punições nos desafios antes e depois dos treinamentos.

Mesmo assim, Mancini não deixa de cobrar seus comandados, mas o faz nas ocasiões oportunas, como nos treinamentos e nos intervalos das partidas. Além disso, o treinador mantém um diálogo franco com o elenco e explica suas decisões a todos.

Reforços ajudaram

Depois de conhecer sua mais expressiva derrota na história da Neo Química Arena, o Corinthians foi ao mercado e trouxe dois reforços de peso: Fábio Santos e Jemerson. Campeão do mundo com o Alvinegro em 2012, o lateral esquerdo assumiu a titularidade na posição, ajudou a fortalecer o sistema defensivo e se tornou um dos líderes do elenco. Jemerson participou de apenas dois jogos, mas já conquistou a vaga entre os titulares.

Além deles, o equatoriano Cazares e o venezuelano Otero — contratados antes da chegada de Mancini — ganharam ritmo de jogo com os preparadores físicos e passaram a ser protagonistas na equipe.

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