Fluminense busca teste para menino do sub-11 vítima de racismo em jogo

A direção das categorias de base do Fluminense está estudando uma forma de viabilizar um teste para Luiz Eduardo, jogador do sub-11 do Uberlândia Academy, no ano que vem. Ontem (18), um vídeo ganhou as redes sociais ao mostrar o menino chorando enquanto contava caso de racismo que havia sofrido pouco antes, em um jogo pela Caldas Cup.

Durante o dia, diversos torcedores enviaram a publicação para a cúpula que comanda Xerém, onde ficam as categorias inferiores do Tricolor, e o caso logo ganhou a atenção no clube.

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Cria do Flu e hoje integrante do elenco profissional, o lateral direito Calegari também chegou a procurar alguns profissionais da base para falar sobre Luiz Eduardo. O jogador, que estava à disposição da seleção brasileira sub-20 — que conquistou o Torneio Internacional da categoria — recebeu uma resposta positiva e de que o clube já estava em busca de um contato com o menino.

O Tricolor ainda trata o assunto com cautela por conta de algumas questões importantes, mas a ideia é que o CT possa receber Luiz Eduardo na próxima temporada.

Nas imagens, divulgadas por Josias Pereira, do jornal O Tempo, o jovem chora e relata uma situação que ocorreu enquanto a bola rolava, apontando que "guardou" a mágoa no momento para contar a situação aos pais, após o apito final.

"No meio, um outro aqui e o zagueiro, né? [Diz, fazendo um desenho na grama]. Eu estava no meio deles. Aí, um outro cara estava vindo aqui toda hora e falava assim: 'Fecha o preto aí. Fecha o preto'. Aí, eu guardei para falar no final, com meus pais", disse, afirmando que as falas foram proferidas em mais de uma oportunidade.

Vasco também busca contato

Outro clube que também busca contato com Luiz Eduardo é o Vasco. Segundo o UOL Esporte apurou, o clube de São Januário demonstrou interesse em oferecer um teste ao jovem em 2021 e estuda formas de viabilizar isso.

Neymar enviou vídeo

Atacante do PSG, da França, e da seleção brasileira, Neymar enviou um vídeo a Luiz Eduardo e pediu que o jovem não desista do sonho de se tornar jogador. Além disso, apontou que o menino pegue essa situação "como força" e transforme "em treino, dedicação e amor".

"Fala, Luiz Eduardo. Tudo bem? Aqui é o Neymar. Vi seu vídeo, vi que passou uma situação completamente chata, triste. Infelizmente, estamos passando por esse tipo de coisa que não cabem mais hoje em dia. Quero te desejar força, muita luz, muito amor. Espero que não desista do que ama fazer, que é jogar futebol. Pegue isso como força, transforme em treino, dedicação, amor ao que faz, amor aos seus pais, à sua família, a todos, sem raça, sem cor. Um beijo, fica com Deus. Sucesso. Estou na torcida por você", disse.

Flu recebeu meninos libertados pela polícia

No início do mês, o Fluminense abrigou 13 jovens que estavam sendo mantidos em cárcere privado por um homem, em um sítio em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Os adolescentes são de Alagoas, Paraná, Amazonas e Paraíba, têm entre 12 e 18 anos, e tinham vindo ao Rio de Janeiro sob a promessa de se tornarem jogadores de futebol.

Eles foram libertados no último dia 8, em uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A movimentação do Tricolor aconteceu em parceria com o Conselho Tutelar de Duque de Caxias, o Ministério Público e a Vara da Infância de Duque de Caxias.

"Fomos informados pelas autoridades competentes de que a operação policial iria acontecer e fomos procurados, pois os meninos ficariam sem um lugar apropriado para ir, de acordo com o Conselho Tutelar. Coloquei toda a equipe de Xerém à disposição das autoridades para que a gente pudesse receber essas crianças no nosso alojamento. Ficamos felizes em poder contribuir com estas crianças e seus familiares. O Fluminense tem uma responsabilidade social enorme e, com o belíssimo trabalho que fazemos no nosso CT em Xerém, não poderíamos fazer nada de diferente, a não ser acolher e ajudar estes meninos no que eles necessitarem", disse o presidente, Mario Bittencourt, à época, em entrevista ao site oficial do clube.