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Após erros, Sette Câmara confia em apito isento em São Paulo x Atlético-MG

Jogo do primeiro turno entre Galo e Tricolor paulista ficou marcado por erro de arbitragem - Bruno Cantini/Atlético-MG
Jogo do primeiro turno entre Galo e Tricolor paulista ficou marcado por erro de arbitragem Imagem: Bruno Cantini/Atlético-MG

Guilherme Piu e Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte e São Paulo

15/12/2020 04h00

O duelo entre São Paulo e Atlético-MG, amanhã (16), vai chamar a atenção de muitos no Brasil, já que estarão frente a frente líder e segundo colocado do Campeonato Brasileiro, com 50 e 46 pontos, respectivamente. No jogo, marcado para 21h30, no Morumbi, pela 26ª rodada, o Tricolor paulista poderá aumentar ainda mais a sua vantagem sobre o Galo, e o encontro já gera polêmica por causa da arbitragem.

Após a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgar o nome do árbitro goiano Wilton Pereira Sampaio, que tem o escudo Fifa, como dono do apito para o jogo, os torcedores do Atlético-MG não gostaram muito.

Apesar de todo "zum, zum zum" das redes sociais e da desconfiança dos alvinegros, o presidente Sérgio Sette Câmara, que finaliza seu mandato em 31 de dezembro e será substituído por Sérgio Coelho, não acredita que o apito de Wilton Pereira Sampaio possa ser problema na "decisão antecipada" no Morumbi.

"Não preocupa, acho que não. Existe uma especulação que eu entendo que é equivocada, dizendo que está havendo algum tipo de privilégio, porque o presidente da CBF tem relações com o São Paulo (...) O presidente da CBF sempre vai torcer para algum clube, se não for ele amanhã, quem era antes, o [Marco Polo] Del Nero, era ligado ao Palmeiras. Antes dele era o Ricardo Teixeira, flamenguista. Assim, sempre terá alguma ligação com algum clube. Não vejo esse tipo de privilégio", disse o presidente atleticano em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Há preocupação por parte dos atleticanos de possíveis benefícios ao São Paulo por erros recentes, inclusive pressão por causa do gol anulado do atacante Luciano, no primeiro turno, justamente no encontro entre Atlético-MG e São Paulo, na 7ª rodada. Na ocasião, o jogador são-paulino foi acusado de estar em posição irregular pelo árbitro de vídeo, fato que foi corrigido posteriormente em rede nacional pelo chefe de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, em entrevista ao canal SporTV.

"Se for olhar assim, eles foram lá, reclamaram, colocaram outra arbitragem e o Grêmio foi prejudicado naquele jogo. Eu pergunto: será que se o São Paulo tivesse feito aquele gol contra nós, teríamos tido a facilidade de golear? Não sei. Então, se tivesse a intenção de prejudicar A e favorecer B, não era o caso do São Paulo ter sido favorecido em um lance extremamente duvidoso? Que, aliás, verificou-se depois que não estava impedido. Tem uma teoria muito grande de conspiração nisso daí", justificou Sette Câmara, que ainda chegou a elogiar a CBF.

"Muita gente pode não gostar do que vou falar aqui, mas há uma boa vontade da CBF em tentar melhorar o que está acontecendo. Agora, você imagina, se é difícil para um presidente administrar um clube, o que não é um presidente da CBF tendo que atender reclamação de presidente da Série A, mais os da Série B. Aí, vai lá o [Marcus] Salum [presidente do América-MG] reclamar do juiz, do Dewson [Freitas, que marcou pênalti inexistente a favor do Cruzeiro contra o Coelho, pela Segunda Divisão], outros vão reclamar do Wagner [Magalhães], do Daronco. Não é fácil, não é fácil", reiterou.

Sette Câmara explicou sua declaração que, para muitos, pode soar "impopular", já que a CBF tem sido alvo de inúmeras críticas, principalmente nesta temporada. O presidente ainda disse que o momento atual é diferente do que o ocorrido no passado, quando, de fato, na opinião do dirigente, o Galo foi "bastante prejudicado" pela arbitragem.

"As pessoas não dão valor a isso. Sei o que é jogar para a galera, que é falar que nós estamos sendo roubados, que o Atlético-MG é o time mais prejudicado. O Atlético-MG, realmente, durante muitos anos, na minha opinião, foi prejudicado pela arbitragem. Mas, hoje, eu vejo uma diretoria série na CBF, vejo que o trabalho está sendo feito lá, no sentido de minimizar os erros. Portanto, tenho que ser justo, sempre fui justo na vida, e é assim que eu vejo", comentou.

Visita à CBF

Em 26 de novembro, Sette Câmara se reuniu com Rogério Caboclo, presidente da CBF, com Adriano Aro, mandatário da Federação Mineira de Futebol, Marcelo Aro, diretor de relações institucionais confederação, e o secretário-geral, Walter Feldman. O encontro aconteceu na sede da entidade máxima do futebol nacional, no Rio de Janeiro.

O assunto tratado foram os erros de arbitragem contra o Galo. Mais especificadamente, o pênalti não marcado em Eduardo Vargas, cometido pelo zagueiro Gil, nos primeiros minutos do jogo contra o Corinthians, na Neo Química Arena, na 21ª rodada. O chefe de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, também participou da reunião.

"Eu estive com o Gaciba para falar sobre arbitragem. Disse a ele que quando um juiz interfere em um resultado, ele não prejudica um time e ajuda o outro, ele interfere no campeonato como um todo. Isso modifica e interfere na situação de todos os demais participantes. Pode acontecer de um clube não cair por causa de um ponto, ou vir a cair por causa de um ponto, ser campeão ou entrar na Libertadores. Juiz bom é o que entra e sai do jogo sem ser percebido. Acho que isso tem melhorado", opinou.

Sette Câmara revelou que viu um quadro na sala de Gaciba com "erros capitais" cometidos por árbitros no Brasileirão.

"Para você saber se o VAR melhorou ou não o futebol, basta assistir um jogo da Série A e um da Série B. Você verá que teve o pênalti do Atlético lá, o gol do São Paulo aqui, outro negócio ali e tal. Vi no quadro do Gaciba, eles tiveram 20 erros capitais em um ano. Eles têm uma meta de não passar de 30, 36, não sei. Se você olha para a Série B, dá medo. Você começa a ver que está na mão de um juiz, de um bandeirinha. Por exemplo, aquele lance do Cruzeiro com o América-MG, com absoluta certeza, se tivesse VAR, não seria marcado o pênalti [do zagueiro Messias em cima do atacante Willian Pottker]", citou o arquirrival.

"Não estou querendo falar mal do Cruzeiro, mas me lembrei dos lances, por exemplo no jogo contra a Chapecoense. Não é o bandeirinha salvar o juiz, haveria um pênalti a favor do Cruzeiro, quando na verdade, o jogador tocou na bola. O Atlético-MG também teve prejuízos nesse período do Campeonato Brasileiro, mas acho que já melhorou muito", finalizou.

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