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Por que seleção sofre tanto sem Neymar: dribles despencam e time trava

Neymar em ação com a camisa da seleção brasileira nas Eliminatórias da Copa de 2022 - Paolo Aguilar/Pool via REUTERS
Neymar em ação com a camisa da seleção brasileira nas Eliminatórias da Copa de 2022 Imagem: Paolo Aguilar/Pool via REUTERS

Gabriel Carneiro, Pedro Ivo Almeida e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

14/11/2020 04h00

Sem Neymar, a seleção brasileira sofreu muito para furar a defesa da Venezuela e arrancar uma vitória por 1 a 0 ontem, no Morumbi, pela terceira rodada das Eliminatórias. O substituto do atacante e herdeiro provisório da camisa 10 foi Everton Ribeiro; o flamenguista até chegou a dar o passe que resultou no gol decisivo, mas uma análise dos números mostra que a falta que fez o craque do PSG foi abissal.

O drible é um dos fundamentos mais importantes do futebol na quebra de linhas defensivas, e uma marca do futebol brasileiro. Neymar, por sua vez, é um dos maiores especialistas do mundo em partir para cima da defesa adversária com a bola e abrir espaço para oportunidades gol. Sem ele, o número de dribles aplicado pela seleção caiu drasticamente em relação ao dos primeiros jogos das eliminatórias.

Na estreia, diante da Bolívia, o Brasil concretizou impressionantes 31 dribles na goleada por 5 a 0. Diante do Peru, em um jogo mais difícil, esse número caiu, foram apenas 14, e a seleção venceu por 4 a 2. Na partida de ontem diante da Venezuela, o número voltou a despencar, caindo pela metade: foram apenas sete dribles.

A queda se explica facilmente, e o fator de desequilíbrio que faltou à seleção brasileira ontem tem nome: Neymar. Isso porque o atacante foi o responsável por 8 dos 14 dribles brasileiros diante do Peru, e por 18 dos 31 aplicados pelo time comandado por Tite contra a Bolívia. Todos os números são do site Sofascore.

Em resumo, Neymar foi responsável por quase 60% de todos os dribles concretizados pela seleção em cada um dos confrontos em que esteve em campo, e, mesmo atuando em apenas duas partidas, soma até agora nas Eliminatórias o mesmo número de dribles que todo o restante do elenco brasileiro somado em três jogos.

Na entrevista coletiva depois da magra vitória, Matheus Bacchi, filho e auxiliar de Tite, reconheceu a capacidade de Neymar mas procurou minimizar sua ausência, lembrando a conquista da Copa América sem o atacante.

"Sempre que tu tem atleta do nível de Neymar, com capacidade de gerar desequilíbrio, a equipe vai sentir a falta. Quando imprimiram marcação forte, a equipe sentiu mais falta ainda. Mas ele não é insubstituível. Em um lance individual, ele faz aquilo que ninguém imagina, tem clarividência de fazer, mas fomos campeões da Copa América sem ele, sentindo a falta dele", afirmou.

Assim como foi na Copa América, o Brasil também obteve o resultado desejado ontem, com os três pontos. Na competição continental, a seleção teve um início claudicante: na estreia diante da Bolívia, no Morumbi, vaias ecoaram no intervalo, com o placar em 0 a 0, e um pênalti abriu caminho na segunda etapa para uma vitória bastante criticada apesar do 3 a 0. No segundo jogo, contra a Venezuela, empate em 0 a 0 e novas vaias em Salvador.

A reaproximação entre seleção e torcida na Copa América se deu pelo drible, com a entrada de Everton Cebolinha na equipe. Ontem, pelas Eliminatórias, Tite só lançou mão do atacante ex-Grêmio na reta final do confronto. Foi Paquetá, que ainda não se firmou como titular no Lyon, da França, que entrou na segunda etapa e encontrou, com um passe, o caminho para o único gol do jogo.

A delegação brasileira permanece em São Paulo até segunda-feira, quando viaja para Montevidéu para enfrentar o Uruguai na terça. Entre hoje e o dia da viagem, serão realizados dois testes para detecção da covid-19 em todos os membros - a ideia é verificar se o caso positivo de Gabriel Menino, constatado na quarta-feira, resultou na infecção de outros integrantes do grupo.