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Com folha de R$ 12 mi mensais e atrasos, SPFC consegue desbloquear contas

Raí - Marcello Zambrana/AGIF
Raí Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

06/11/2020 04h00Atualizada em 06/11/2020 19h21

Em um ano que mistura eliminações traumáticas em mata-mata e briga pela liderança do Brasileirão, o São Paulo está navegando em um mar de problemas financeiros, agravados pela pandemia do novo coronavírus. Mesmo após a realização de um acordo para reduzir e adiar pagamentos de direitos de imagem, há atletas com vencimentos atrasados. O clube teve ao menos quatro contas bancárias bloqueadas judicialmente - conseguiu desbloqueá-las em decisão publicada nesta sexta-feira - além de uma folha de pagamento mensal bruta de mais de R$ 12 milhões.

Os bloqueios aconteceram após ação movida pelo empresário Alexandre Flores Rollin, que cobra R$ 1,2 milhão por participação na contratação de Léo Pelé. Foram bloqueadas pelo menos quatro contas, dentre elas contas de investimento na base através de Lei de Incentivo ao Esporte, contas de receitas da Timemania e outra utilizada para o pagamento de salários.

O São Paulo ofereceu uma garantia bancária — um documento de uma instituição financeira afirmando garantir a dívida — para liberar os valores. O clube afirmou em sua defesa que o bloqueio poderia inviabilizar o pagamento de sua folha salarial bruta, que é de mais de R$ 12 milhões — a de setembro foi fechada em exatamente R$ 12.305.184,40.

Nesta sexta-feira, foi publicada uma decisão que atendia ao pedido da direção são-paulina, desbloqueando os valores. Ainda no mesmo dia, entretanto, há uma segunda decisão judicial, com outro número de processo, que determina novamente o bloqueio em conta dos mesmos valores, pela mesma dívida, mas os departamentos jurídico e financeiro do clube confirmam que houve o desbloqueio.

Os bloqueios aconteceram em um momento no qual a diretoria já enfrenta dificuldades para honrar os compromissos de remuneração. Durante a pausa no futebol por causa da pandemia, um acordo fechado com os atletas previu que parte dos vencimentos de direito de imagem seria paga neste ano, e outra diluída ao longo de 2021. O acordo, entretanto, não vem sendo inteiramente cumprido, e diferentes atletas ficaram sem receber parcelas devidas e vencidas em agosto e setembro.

A partir do ano que vem, além de arcar normalmente com os salários e direitos de imagem de 2021, o São Paulo precisará também quitar 25% dos salários em carteira de todos os atletas que deixaram de ser pagos este ano, além dos valores de direitos de imagem que também foram alvo de acordo, e que ultrapassam 50% do total no caso de alguns jogadores. Há também luvas que venceram e não foram pagas.

As premiações também foram reduzidas. O grupo recebeu um bônus de valor consideravelmente mais baixo que o usual dos últimos anos pela goleada por 4 a 1 sobre o Flamengo — praticamente um valor simbólico para os padrões dos grandes clubes brasileiros — e o tradicional bicho só deve voltar a aparecer em caso de sucesso na Copa do Brasil.

Clube aposta em estabilidade e valorização da base

Nos bastidores do São Paulo, pessoas ligadas à diretoria reconhecem a crise financeira, mas veem soluções no horizonte. A avaliação é de que houve um controle nos gastos desde a reta final do ano passado. Somado a isso, ainda o alento que a estabilidade na diretoria de futebol, inalterada há quase três anos, além da manutenção da comissão técnica de Fernando Diniz, ajudem na valorização de jovens jogadores.

É nesse processo que, para a cúpula são-paulina, podem estar as saídas. A visão é de que nomes como Diego Costa, Luan, Igor Gomes, Gabriel Sara e Brenner terminarão a temporada bastante valorizados, e, com a moeda brasileira desvalorizada em relação ao euro, são ativos de grande potencial em contraposição as dívidas.

Para o restante da temporada, não há alternativa a não ser manter o elenco em busca do título brasileiro ou da Copa do Brasil, enfrentando os problemas de caixa. O São Paulo volta a campo amanhã (7) para enfrentar o Goiás, às 19h, no Morumbi.

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