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Craque insatisfeito e 'janela ruim' desafiam gestão Juninho no Lyon

Juninho Pernambucano, diretor esportivo do Lyon - Reprodução/@OL
Juninho Pernambucano, diretor esportivo do Lyon Imagem: Reprodução/@OL

João Henrique Marques

Do UOL, em Paris (FRA)

09/10/2020 04h00

São grandes os desafios de Juninho Pernambucano nesta temporada no Lyon. O dirigente esportivo sofre com resultados ruins do time e um atrito com o craque Memphis Depay, que viveu uma frustrada tentativa de transferência ao Barcelona.

O ambiente turbulento passa pelo que a mídia francesa avalia como um insucesso do clube no mercado da bola, além de uma pressão pela saída do treinador francês Rudi Garcia.

O Lyon terminou a temporada passada como a sensação do futebol europeu ao atingir a semifinal da Liga dos Campeões — foi derrotado por 3 a 0 pelo Bayern de Munique. No entanto, o time teve início ruim no Campeonato Francês e ocupa a 14° posição, com sete pontos, após seis rodadas. A situação em campo é agravada pelo fato de o time não ter nenhuma competição continental a disputar nesta temporada.

Nos desafios do Juninho, o principal é contornar a insatisfação do atacante Depay. O holandês acertou o contrato com o Barcelona, mas viu o clube espanhol só conseguir acordo com o Lyon no último dia da janela de transferências — na segunda-feira, 5 de outubro. Neste momento, o Barça já não tinha mais tempo para se desfazer de Dembélé, e assim, não aliviou a folha salarial o suficiente para concluir a operação.

"Eu realmente estive muito perto do Barcelona, não há como negar. Só que os regulamentos não me permitiam assinar. Não precisamos entrar em todos os detalhes, mas, infelizmente, algumas regras me impediram", disse Depay se referindo ao fato de a Liga Espanhola de futebol impor teto salarial aos clubes participantes.

Com Depay, a luta de Juninho é pela renovação contratual. O vínculo termina em julho de 2021, e o dirigente brasileiro acredita que seu valor de mercado será alto muito por causa da participação da Holanda na Eurocopa na mesma época. A conversa com o atacante, no entanto, não evolui positivamente e parece até caminhar para uma saída livre em janeiro para o Barcelona.

Na janela de transferências, Juninho virou destaque na França ao conduzir a contratação de Lucas Paquetá, então no Milan, por 20 milhões de euros. O reforço parecia abrir espaço para a saída de jogadores da posição, sendo o francês Aouar o mais cotado.

"Quando o Juninho contratou o Paquetá, ele deu o golpe de antecipação no mercado. Todos esperaram uma venda volumosa no meio-campo, mas o Lyon ficou com o Paquetá, Bruno Guimarães, Thiago Mendes, Caqueret, Jean Lucas, Aouar... Em uma competição que não será sadia", cita o trecho da reportagem do jornal L'Équipe, intitulada "Juninho sob pressão".

A pressão da mídia francesa sob Juninho Pernambucano logo gerou uma defesa pública do presidente do Lyon, Jean-Michel Aulas. Em uma entrevista ao vivo feita pelo canal do clube no YouTube, o mandatário respaldou o trabalho do brasileiro. "O Juninho é diretor esportivo, se encarrega da estratégia e da política esportiva de médio prazo, e ao contrário do que dizem alguns, está muito em alta com a gente. Confiamos no trabalho dele", avisou Aulas.

O alvo público do presidente do Lyon é o treinador do time, o francês Rudi Garcia. Com o rendimento ruim do time, a possibilidade de demissão começou a ser discutida.

"Estamos sofrendo terrivelmente no início da temporada. Vamos usar uma linguagem forte com os jogadores para a reação. O treinador [Rudi Garcia] sabe das nossas pretensões e tem a confiança do Juninho. Agora, se o Juninho mudar de ideia, já saberemos o que fazer", finalizou o presidente, deixando clara que a decisão da continuidade de Rudi Garcia é de Juninho.