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Adilson e a crise política do Cruzeiro: "Na realidade, treinei os juniores"

Adilson Batista fez três jogos com o Cruzeiro em 2019 e outros 12 no início de 2020 - Douglas Magno/Light Press/Cruzeiro
Adilson Batista fez três jogos com o Cruzeiro em 2019 e outros 12 no início de 2020 Imagem: Douglas Magno/Light Press/Cruzeiro

Enrico Bruno e José Eduardo Martins

Do UOL, em Belo Horizonte e São Paulo

02/05/2020 04h00

Adilson Batista foi o último técnico a comandar o Cruzeiro em 2020 — Enderson Moreira ainda não estreou oficialmente. Esteve à frente do time nas três partidas que culminaram no rebaixamento para a Série B e nos 12 primeiros jogos desta temporada. Quando saiu, não poupou críticas à política conturbada do clube, principalmente nos bastidores. Posicionamento que mantém até hoje. Quase dois meses após sua demissão, no entanto, o treinador diz acreditar no acesso: "Vai subir tranquilo", disse, em entrevista ao UOL.

Adilson deixou o Cruzeiro, entre outros motivos, por causa da falta de evolução da equipe dentro de campo. Em 12 partidas, o time venceu quatro vezes, empatou quatro e perdeu outras quatro, mas não convenceu nem mesmo nos triunfos. Outros motivos que prejudicaram o técnico está o ambiente político no Cruzeiro, que convivia com turbulências desde o primeiro semestre do ano passado. Somente neste mês de maio é que o conselho gestor irá se retirar do clube e um novo presidente será eleito para assumir a instituição a partir de junho. Apesar das duras críticas, antigas e atuais, Adilson não nega o carinho que tem pelo clube, marcante para ele como jogador e técnico.

"O Cruzeiro vai sempre ter o meu carinho. Vou torcer para que suba. Às vezes é uma pessoa, um dirigente (que atrapalha), mas a instituição é maior que uma pessoa. Um dia a gente volta. Faz parte, as pessoas que tiverem discernimento um dia vão reconhecer. A gente aprende que não é para ir para determinados clubes em ano de eleição. Você tem de ter calma quando vê que vai ter eleição ou diretoria inexperiente", comentou, em entrevista ao UOL Esporte.

Durante a paralisação dos campeonatos, jogadores como Marcelo Moreno e Edilson revelaram que não acreditavam em um acesso com o elenco que o Cruzeiro tem. Mas o plantel que Adilson tinha em mãos já começou a mudar. Além da troca no comando (agora com Enderson Moreira), o time anunciou a contratação do meia Régis, de 27 anos. Além do ex-jogador do Bahia, Enderson ainda deverá contar com pelo menos mais três jogadores: dois laterais e um atacante de velocidade. No departamento de futebol, mudanças também foram feitas, como a chegada de Ricardo Drubscky, que substituiu Ocimar Bolicenho na diretoria de futebol, outro ponto criticado por Adilson, já que o clube passa por constantes trocas, prejudicando o planejamento.

"Trabalhei (nos últimos jogos de 2019) e não recebi nada. Não quis nem saber de salário. Como estava aquela confusão, entrou um conselho gestor, eu tratava antes com o Marcelo (Djian, ex-diretor de futebol) porque destituíram o presidente. Estava uma confusão, assumiu o conselho gestor, mas eu tinha acertado com a outra turma. No primeiro dia de trabalho (em 2020), estava o (Alexandre) Mattos, no segundo estava o Ocimar (Bolicenho). Mas na realidade não delegaram um cara para o futebol que tivesse autonomia suficiente, faltava esse cara. Eu dei treino para 13, 16, para 20 e poucos jogadores, muitos nem iriam ficar. Foi muito difícil, estava torcendo para os meninos da Copinha virem. Na realidade, treinei o time juniores do Cruzeiro. No clássico (contra o Atlético-MG), tinham sete meninos. Tivemos as derrotas e fui embora. Faltou sensibilidade, faltou calma. Faltou baterem no peito e pensarem que o projeto era subir. Não adianta cobrar Copa do Brasil nem Mineiro. Precisa subir", definiu.

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