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Galvão vê falta de protagonistas na seleção; Caio discorda: 'futebol mudou'

Neymar comemora durante jogo da seleção brasileira contra Senegal - Roslan RAHMAN / AFP
Neymar comemora durante jogo da seleção brasileira contra Senegal Imagem: Roslan RAHMAN / AFP

Colaboração para o UOL, em São Paulo

20/04/2020 23h36

As reprises de grandes conquistas da seleção brasileira nos tempos de paralisação do futebol suscitaram uma grande discussão na edição de hoje (20) do Bem, Amigos!, do SporTV: de um lado, Galvão Bueno e Casagrande defenderam que o Brasil sente falta de protagonistas; do outro, Caio Ribeiro e Carlos Alberto Parreira apontaram para a tendência de um futebol mais coletivo vencendo os principais torneios do mundo.

Galvão iniciou a discussão comparando os diversos protagonistas da seleção campeã da Copa das Confederações de 2005 com os atores indicados ao 'Oscar de melhor ator'. O narrador ressaltou que a atual seleção brasileira é repleta de jogadores que seriam indicados ao prêmio de 'Melhor Ator Coadjuvante'

"No Oscar, você tem o prêmio de melhor ator e o prêmio de melhor coadjuvante. O prêmio de coadjuvante é importante, mas ele não é o protagonista. O Brasil não tem mais protagonistas como antigamente. Como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Adriano. Claro que Thiago Silva é um zagueiro excepcional, o Alisson é o melhor goleiro do mundo, o Casemiro é muito importante, mas não temos protagonistas nos melhores times do mundo como tínhamos antes. E as outras seleções não têm mais medo da seleção brasileira como tinham antes", declarou.

Quem concordou com Galvão, foi Casagrande. O comentarista defendeu que as grandes seleções brasileiras sempre tiveram muitos protagonistas, diferentemente das seleções europeias.

"Eu cobro protagonismo da seleção brasileira porque o Brasil sempre teve muitos protagonistas. A França, a Alemanha, a Bélgica nunca tiveram vários. A França teve três Copas com o Platini. Mais três com o Zidane. A Alemanha, normalmente, não tem protagonistas, mas um time todo acima da média. A Holanda de 1974 tinha o Cruyff e o Neeskens e os outros foram conhecidos depois. A Bélgica, agora, tinha o De Bruyne. O futebol europeu de seleções nunca teve muitos protagonistas. O futebol brasileiro, sim. Por isso, estamos cobrando. Se o futebol mudou, mudou para pior para nós e para melhor para os caras", afirmou.

Fazendo um contraponto, Caio Ribeiro exaltou o futebol francês campeão do mundo em 2018. O ex-jogador destacou que apenas Griezmann era protagonista de um time naquela seleção. Ainda na opinião do comentarista, se o Brasil voltar a ser campeão, não será com um time cheio de protagonistas como antigamente.

"Essa seleção de que vocês estão falando não existe. Qual é a seleção temida hoje em dia. O futebol mudou. Nenhuma seleção é temida. Qual a atual campeã do mundo? A França. Quantos protagonistas tinham na seleção francesa? Um. O Griezmann, que estava no Atlético de Madri, na época. Mas o entorno era de muita qualidade e jogaram coletivamente. O futebol mudou. Mesmo que a gente volte a ser campeão, provavelmente não vai ter esse protagonismo todo. A França é respeitada, assim como o Brasil. Mas nenhuma seleção é temida", disse.

Quem ficou ao lado de Caio Ribeiro foi o convidado do programa, Carlos Alberto Parreira. Usando também a seleção da Alemanha campeã do mundo de 2014 como exemplo, o ex-treinador destacou a imposição pela tática e poder de organização.

"Vivemos hoje o momento do futebol de equipe, do futebol coletivo. Jogadores individualmente só aparecem com uma base muito boa de um futebol coletivo, um futebol solidário. As duas últimas Copas do Mundo nos mostraram isso. A França tinha algumas estrelas, alguns bons jogadores, mas ninguém que vá ficar para a história como gênio, como melhor da história. Ela se impôs pela qualidade técnica, tática, poder de organização e futebol pragmático. A Alemanha, em 2014, aqui no Brasil também foi um time solidário, um time que jogou um futebol coletivo, com bons jogadores. Eles se impuseram sobretudo pela qualidade coletiva", opinou.