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Novo empresário do goleiro Bruno carrega passado polêmico no MMA

Jaime Marcelo assumiu representação da carreira do goleiro Bruno no último mês - Reprodução/Instagram
Jaime Marcelo assumiu representação da carreira do goleiro Bruno no último mês Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

02/04/2020 12h58

O acerto do goleiro Bruno com um novo clube de divisões inferiores do Rio de Janeiro de nome ainda mantido em sigilo, como noticiado ontem pelo UOL Esporte, tem participação ativa de um empresário que assumiu no mês passado a representação do jogador de 35 anos, condenado a mais de 20 de prisão pelo sequestro e assassinato da ex-namorada, a modelo Eliza Samúdio, e sequestro e cárcere privado do filho do casal, Bruninho, e que cumpre a pena em regime semiaberto domiciliar. O nome deste agente é Jaime Marcelo Conceição.

CEO de uma empresa chamada "J Winner Sports", ele afirmou em meio à sua defesa pela sequência da carreira de Bruno no futebol que está "acostumado com repercussões negativas".

Há uma explicação para a fala de Conceição: em 2012, ele foi investigado e acusado de fraude dentro do universo do MMA, esporte que ele praticou profissionalmente na categoria meio-pesado. Após sofrer uma derrota no Jungle Fight 39, no Rio de Janeiro, e notificar seu cartel com 135 lutas e 134 vitórias, ele foi alvo de uma análise de seus números por parte de fãs e outros lutadores. Segundo Jaime, há acusações infundadas e mentirosas: "Desde 2011 eu busco judicialmente enfrentar certas acusações promovidas por grupos fakes. Nestes anos eu reuni um dossiê com a identidade de muitos perfis que me atacavam".

Jaime Marcelo na Portuguesa - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Na época, a justificativa de Jaime Marcelo foi que ele contabilizava suas vitórias em várias modalidades, como MMA, tae-kwon-do, muay thai, kick boxing e "contato total", uma espécie de vale-tudo. Em contrapartida, o argumento dos denunciantes era de que o profissional estava fazendo, além de fraude nos números, autopromoção com o crescimento então recente no esporte, pois também teria inventado patrocinadores, "arranjado" adversários e mentido sobre dar aulas a celebridades, como a atriz Cameron Diaz. Ele também havia sido contratado para promover o MMA da Portuguesa, mas o acordo se encerrou após um mês por causa da repercussão negativa.

Na época, ele deu longa entrevista ao "SporTV" para se justificar: "Para ser sincero, eu passei por três etapas. Na primeira fiquei extremamente puto e procurei a Justiça. Na segunda eu procurei comentar, debater, e vi que não resolve. Agora estou tirando proveito daquilo que é produtivo. Sempre tem alguma coisa produtiva."

Jaime Marcelo se afastou da luta na época (em seu site, atualizou o cartel para 32 vitórias em 34 combates) e voltou anos depois com investimentos no futebol. "Eu tinha uma empresa para administrar minha carreira. Em 2005 conheci pessoas do Guarani e fiz minha primeira intermediação. Acabei pegando gosto pela modalidade e comecei a agenciar alguns atletas. Depois de algum tempo expandi, chegamos em Portugal em 2014 e nos tornamos acionistas do Leixões. Mas durou pouco, porque tínhamos divergência com o dirigente da época. Então criamos nossa própria estrutura e estamos em seis países", diz.

Bruno no Poços de Caldas - Ricardo Benichio/Folhapress - Ricardo Benichio/Folhapress
Último jogo profissional de Bruno, ex-Corinthians, Atlético-MG e Flamengo, foi pelo Boa Esporte, em abril de 2017
Imagem: Ricardo Benichio/Folhapress

O ex-lutador diz que faz gestão de um clube da Terceira Divisão de Luxemburgo, além de administrar a carreira de jogadores e treinadores de equipes modestas do Brasil e atletas de outros esportes, como futebol de praia. Ele também tem um projeto chamado Focus 23 sobre atividades físicas e recuperação da forma. Ele afirma ter conhecido o goleiro Bruno por intermédio da advogada Gislaine Nunes.

"Conversando com o Bruno eu identifiquei nele, sim, a possibilidade de ser colocado novamente no mercado", conta.

Em regime semiaberto, o goleiro foi liberado pela Justiça de Minas Gerais para fixar residência em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro. De acordo com seu representante, a ideia é que ele atue neste ano por um clube do Estado e, assim que possível, vá jogar no exterior.