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Por que saída de estrangeiros abre espaço em 'cenário errado' no Santos

Felipe Aguilar, zagueiro do Athletico - Divulgação/Site oficial do Athletico
Felipe Aguilar, zagueiro do Athletico Imagem: Divulgação/Site oficial do Athletico

Eder Traskini

Colaboração para o UOL, em Santos

27/03/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Santos chegou a ter oito estrangeiros no elenco em 2019
  • Peixe buscava negociar gringos para abrir vaga no elenco, visando até novas contratações pedidas por Sampaoli
  • Saídas em massa aconteceram somente neste ano, quando a ordem é cortar gastos ao invés de trazer reforços caros -- como em 2019
  • Cueva, Derlis González e Felipe Aguilar deixaram o clube. Ruiz está encostado. Uribe é pouco utilizado. Somente Soteldo e Sánchez são fundamentais

Durante toda a temporada 2019, um dos principais pontos de discussão do elenco do Santos do técnico Jorge Sampaoli foi o excesso de estrangeiros. Era clara e pública a necessidade de negociar alguns deles, até para abrir espaço para novos reforços. As saídas, no entanto, só ocorreram neste ano, em um cenário totalmente diferente.

Ao contrário do que ocorreu na última temporada, quando o Peixe gastou mais de R$ 70 milhões em reforços, o clube da Vila Belmiro está em contenção de despesas e não gastou um centavo sequer no mercado da bola. Pelo contrário: até aqui, só vendeu ou trocou jogadores.

Para atender a pedidos do ex-técnico Jorge Sampaoli, o Santos contratou Soteldo, Felipe Aguilar, Cueva e Uribe, gastando um total de R$ 55 milhões, aproximadamente. Além dos quatro, o elenco já contava com Bryan Ruiz, Carlos Sánchez, Copete e Derlis González — os dois primeiros vieram em fim de contrato, enquanto o último estava emprestado. Dos oito, apenas cinco podem ser relacionados por jogo.

Dos citados, o último que chegou ao Peixe foi o colombiano Uribe, vindo do Flamengo por cerca de R$ 6 milhões. Ele chegou para suprir a falta de um camisa 9, mas a demora na contratação de um atleta para a posição se deu pela busca incessante santista por um centroavante brasileiro, de forma a não ocupar mais uma vaga estrangeira no time.

Neste ano, além de Bryan Ruiz encostado já desde o início de 2019, três gringos deixaram o clube: Cueva, em litígio na Fifa rumo ao Pachuca (MEX); Derlis González, liberado antes do fim do empréstimo para o Olímpia (PAR); e Felipe Aguilar, vendido por R$ 10 milhões ao Athletico-PR — sendo que o Peixe manteve 50% dos direitos econômicos. Copete já havia saído por empréstimo na última temporada.

Como Uribe se tornou a última opção para o ataque, dada a ascensão dos Meninos da Vila Kaio Jorge e Yuri Alberto, o alvinegro conta, de fato, com apenas dois estrangeiros: Soteldo e Sánchez, duas das principais peças do time de Jesualdo Ferreira.

A "abertura" de pelo menos duas vagas para estrangeiros no elenco, no entanto, vem no "cenário errado", uma vez que o Peixe precisou investir para contratar a maioria dos últimos estrangeiros que jogaram no clube e não tem intenção nem condições de adquirir atletas neste momento. Mesmo de graça, o alto salário recebido por estrangeiros, aliado ao dólar também em alta, complica a vinda de novos gringos ao clube.

O Peixe tem pelo menos dois candidatos a herdar as vagas de estrangeiros no elenco: o polivalente Copete e o jovem zagueiro Jackson Porozo. O colombiano Copete, que pode atuar como atacante, ponta ou até lateral, está emprestado e retorna em julho. Já o equatoriano Porozo, presença frequente na seleção principal do país, figura no sub-20 e é aposta pessoal do presidente José Carlos Peres. O argentino Fabián Noguera também retorna de empréstimo em julho, mas dificilmente fica.

O Santos, na verdade, vem "se livrando" de salários altos que oneram a folha do elenco sem entregar em campo. Exemplo disso foram as saídas de Victor Ferraz, que terminou o ano em baixa, Vanderlei, reserva em 2019, e o próprio trio gringo: Derlis González, Cueva e Aguilar. Juntos, os cinco ultrapassavam a marca de R$ 1,5 milhão.

A diretoria santista, comandada pelo superintendente de futebol William Thomas, sabe da necessidade de reforços para a sequência do ano e monitora o Campeonato Paulista em busca de atletas baratos e com potencial. A ordem, no entanto, é olhar primeiro para dentro, para as categorias de base, antes de procurar no mercado.

A posição mais carente é a lateral esquerda, que conta somente com Felipe Jonatan de origem para o setor. Na base, os jovens Allan Cardoso e Lucas Sena não encantam.

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