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Brasileirão - 2019

Como Santos e Athletico provam que há bom futebol longe do "mundo Fla"

Sánchez passa a bola em Santos x Athletico-PR na Vila Belmiro - Ivan Storti/Santos FC
Sánchez passa a bola em Santos x Athletico-PR na Vila Belmiro Imagem: Ivan Storti/Santos FC

Eder Traskini e Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL, em Santos e em São Paulo

04/12/2019 04h00

De um lado, o único time que desafiou a temporada perfeita do Flamengo, eliminando-o da Copa do Brasil; do outro, a equipe que se estabeleceu como a segunda melhor do Brasileirão em que o Fla sobrou - ainda que restem dois jogos para que a posição seja mantida. Athletico e Santos, equipes que se enfrentam hoje (4), 19h, na Arena da Baixada, não tiveram os holofotes do super-Flamengo em 2019, mas se notabilizaram pelo bom futebol, provando que é possível praticá-lo longe do "Mundo Fla".

Se não tem a renda que proporciona tamanho investimento, Santos e Athletico usam modelos de certa forma parecidos para encontrarem seu próprio caminho rumo ao futebol que entrega uma boa experiência ao torcedor: estilo de jogo bem definido e utilização das categorias de base.

O "protagonismo", termo tão utilizado pelo técnico Jorge Sampaoli ao longo do ano, não foi implantado pelo argentino: é intrínseco na cultura do Peixe, o famoso "DNA ofensivo", obrigatório para qualquer comandante que quiser ter vida longa no Santos.

Mesmo que o clube da Vila Belmiro não tenha utilizado muitos "novos" Meninos da Vila nesta temporada, é inegável a importância das categorias de base na formação do elenco do Peixe. Da dupla de zaga, Gustavo Henrique e Lucas Veríssimo, passando pelo meio-campo, com Alison e Pituca (que não foi revelado, mas atuou no sub-23 e foi promovido), e chegando ao ataque, que teve Rodrygo por seis meses, e hoje tem Tailson como opção.

O casamento perfeito entre Peixe e Sampaoli, que pode terminar em divórcio no fim do ano, levou o Santos a recordes importantes na temporada: melhor campanha de sua história nos pontos corridos com 20 clubes e melhor defesa do século em média de gols por jogo (até aqui).

Copa do Brasil com vitórias gigantes coroa "Jogo CAP"

O Furacão levantou a Copa do Brasil despachando o Flamengo de Jorge Jesus, e ainda derrotou outro time badalado no caminho: o Grêmio, de Renato Gaúcho. Uma vez "livre" das obrigações e dedicando-se totalmente ao Brasileirão, pulou da 11ª posição, na 19ª rodada, para o atual 5º lugar, com chances de ser o quarto. Está invicto há 11 partidas - sua última derrota foi justamente para o Flamengo.

Mas além dos números está o método: o denominado "Jogo CAP" é uma filosofia de trabalho que começou a ser implementado com uma figura comum na história recente dos dois clubes. O ex-diretor Paulo Autuori, que também foi técnico no Furacão, unificou o trabalho dos treinadores, do profissional à base. Com um modelo de atuação que pede protagonismo e se pretende "recuperar o jeito brasileiro de jogar futebol", o Athletico passou a trabalhar com posse de bola e ofensividade - ou ao menos tentar - até chegar à excelência dos resultados com Tiago Nunes, que assumirá o Corinthians em 2020.

O modelo está tão consolidado que, mesmo após a saída de Nunes, o Furacão já conseguiu quatro vitórias e dois empates nas mãos de Eduardo Barros, treinador que participou da construção do modelo. Um time que ocupa espaços, marca pressão e, com a bola nos pés, procura o gol a todo momento. É, por exemplo, o time que tem o melhor índice de finalizações do Brasileirão, com 41,1%, a sexta maior média de posse de bola, com 53%, e o segundo time que menos fez defesas, 142, atrás apenas do Flamengo, (números do Footstats), tendo o quarto melhor ataque do torneio, com 50 gols.

Mesclando revelações do CT do Caju, como Léo Pereira, Bruno Guimarães e Santos, com jogadores mais experientes como Thiago Heleno e Lucho González, o Athletico encontrou uma identidade de jogo a partir de um método de trabalho que inclui parceiros na área de leitura estatística de jogo (a equatoriana Kin Analytics, que também trabalha com o Palmeiras), de prática de pressão e velocidade nos passes (a belga Double Pass, que também está no Flamengo) e usou por um tempo o método da americana EXOS em preparação física, empresa que trabalha com equipes da NFL.

FICHA TÉCNICA
ATHLETICO x SANTOS

Data: 04/12/2019 (quarta-feira)
Horário: 19h (de Brasília)
Local: Arena da Baixada, em Curitiba (PR)
Árbitro: Anderson Daronco (RS)
Assistentes: Leirson Peng Martins (RS) e Michael Stanislau (RS)
VAR: Daniel Nobre Bins (RS)

Athletico: Santos; Madson, Thiago Heleno, Léo Pereira e Márcio Azevedo; Camacho, Wellington e Thonny Anderson (Lucho González); Marcelo Cirino, Rony e Marco Ruben. Técnico: Eduardo Barros

Santos: Everson; Pará, Gustavo Henrique, Felipe Aguilar (Lucas Veríssimo) e Luan Peres (Felipe Jonatan); Alison, Pituca e Evandro; Marinho, Soteldo e Eduardo Sasha. Técnico: Jorge Sampaoli