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Por que contratar goleiro Bruno é ideia para poucos times e exige liberação

Bruno foi apresentado pelo Poços de Caldas FC em 5/10, disputou um amistoso no mesmo dia e já rescindiu contrato -
Bruno foi apresentado pelo Poços de Caldas FC em 5/10, disputou um amistoso no mesmo dia e já rescindiu contrato

Do UOL, em São Paulo

29/10/2019 16h56

Resumo da notícia

  • Após dois meses, Bruno rescindiu contrato com o mineiro Poços de Caldas
  • Ele está de volta ao mercado e já tem propostas, dizem seus representantes
  • Jogador precisa de autorização judicial para viajar e comparecer a treinos
  • Time anterior não possuía garantias e calendário e nem pagou o último salário
  • Condenado por homicídio, sequestro e cárcere, está em regime semiaberto

Depois de apenas 45 minutos jogados em dois meses, o goleiro Bruno teve o contrato rescindido com o Poços de Caldas, clube da Terceira Divisão de Minas Gerais. De acordo com seus representantes, o jogador de 34 anos está de volta ao mercado e já ouve propostas para voltar ao futebol nas próximas semanas. Ele cumpre pena de 20 anos e nove meses de prisão pelo homicídio de sua ex-companheira, Eliza Samúdio, além de sequestro e cárcere privado do filho do casal, Bruninho, e terá dificuldades para ter uma rotina normal de atleta. O caso piora se ele tiver interesse em jogar por um time cuja sede seja muito distante de Varginha, cidade onde está desde 2017.

Recentemente, Bruno teve negociações com o Barbalha, time da primeira divisão do Ceará e que disputará a Copa do Brasil em 2020. Mesmo com o jogador em regime semiaberto desde julho, as conversas não avançaram. Havia a necessidade de uma autorização especial da Justiça para ele se mudar e outra para que ele trabalhe com futebol, uma vez seu regime semiaberto foi liberado mediante algumas condições, como a de se recolher em casa às 20h.

A necessidade de liberações judiciais para as tarefas do dia a dia como jogador foi uma das razões que impediram sua permanência no Poços de Caldas. De acordo com Paulo César Silva, presidente do clube, foram pedidos "quatro ou cinco ofícios" à Justiça para que Bruno pudesse viajar para treinar e disputar amistosos na cidade, distante mais de 150 km de Varginha. No entanto, só um deu certo: foi no dia 5 de outubro, quando o goleiro foi apresentado à imprensa - em entrevista coletiva que teve veto a perguntas fora do futebol e até uma emissora local - e disputou 45 minutos de um amistoso.

Bruno jogando -  -
Goleiro atuou 45 minutos de um amistoso no último dia 5 e hoje só treina com amadores em Varginha

É a segunda vez que Bruno entra no regime semiaberto e ganha o direito de deixar a prisão para trabalhar. Isso também aconteceu em 2018, mas ele perdeu o direito ao cometer uma "falta grave": usou um telefone celular e marcou um encontro com mulheres nas dependências da Apac (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado), em Varginha, onde cumpre pena. Ele foi filmado com duas mulheres e uma lata de cerveja durante seu horário de serviço, o caso foi exposto pela TV Alterosa, afiliada do SBT no Estado (e meses mais tarde vetada em sua coletiva de apresentação) e ele acabou perdendo o direito.

Em julho deste ano, Bruno ganhou novamente a progressão para o regime semiaberto, mas mediante uma série de condições, como:

  • manter o endereço atualizado;
  • falar com um juiz até o dia 10 de cada mês;
  • prestar contas de suas atividades;
  • provar com documentos que está trabalhando;
  • se não trabalhar registrado, atuar em obras sociais;
  • ficar em casa entre 20h e 6h, além de domingos e feriados;
  • ser fiscalizado a qualquer momento;
  • não frequentar bares e boates;
  • não sair da cidade sem autorização de um juiz;
O Poços de Caldas não conseguiu liberar Bruno porque tem pendências com a Federação Mineira de Futebol. O clube está inativo há mais de um ano e voltará a ter jogos no segundo semestre de 2020. Por isso, não há jogadores registrados e nem um calendário regular para apresentar à Justiça e assim obter a liberação do goleiro. Além disso, o clube não conseguiu patrocínios a tempo e atrasou em 15 dias o salário do jogador, que solicitou a rescisão e foi atendido.

O destino do goleiro ainda é desconhecido. Seu estafe diz que há propostas de clubes de Minas Gerais e também de fora do Estado, e que a ida para um clube que não seja mineiro depende de uma "série de ajustes", não é necessariamente inviável. A maioria dos clubes aposta em Bruno como estratégia de marketing, como foi com Boa Esporte (2017) e Poços de Caldas (2019). Em nenhum dos casos a repercussão de sua contratação foi positiva.

Enquanto não assina com outro clube, Bruno se mantém treinando em Varginha, com preparação física e treinos com bola ao lado de jogadores amadores. Ele está preso desde setembro de 2010, condenado em março de 2013.