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Arnaldo Cezar Coelho critica VAR: "É o Chacrinha moderno"

Renato Pizzutto/SporTV
Imagem: Renato Pizzutto/SporTV

Colaboração para o UOL

01/09/2019 07h27

Convidado do Grande Círculo, programa do SporTV, deste sábado, Arnaldo Cezar Coelho fez duras críticas ao árbitro de vídeo. Mesmo se declarando a favor da tecnologia, o ex-comentarista acredita que o VAR sugestiona o árbitro de campo. Além disso, o primeiro brasileiro a apitar uma final de Copa do Mundo, hoje com 76 anos, questionou a aceitação do erro do árbitro. Em outro momento, revelou que foi operado por conta de câncer de próstata neste ano.

"Eu não sou contra, propriamente dito. Eu sou a favor da tecnologia para ajudar a arbitragem. Começou para diminuir dúvidas se a bola entrou ou não. Eles queriam criar algo da tecnologia para ajudar e criaram na Copa do Mundo aqui no Brasil. Criaram umas câmeras fotográficas na linha do gol para mostrar se a bola entrou ou não. Era um processo muito caro e usado só uma vez. A regra é clara, custo-benefício. Para usar num jogo e gastar o que se gastou, melhor não usar e esperar que a capacidade técnica do árbitro constate isso", falou Arnaldo.

"Mas, para a minha surpresa, na Copa da Rússia o presidente da Fifa, Gianni Infantino, que era secretário da UEFA e não queria o VAR na UEFA, e nem o (Pierluigi) Collina, presidente da Comissão de Arbitragem da UEFA, foram para a Fifa e levaram o VAR. Mas, levaram o VAR cheio de penduricalhos. E aí foi uma balburdia geral. (...) Hoje, eu quero dizer que o VAR é o Chacrinha moderno. 'Eu vim para confundir, não vim para explicar'. Então, o VAR, para mim, é o Chacrinha", completou.

Na sequência, Marcos Antônio Rodrigues, um dos membros da bancada, alfinetou o ex-árbitro, perguntando se ele não teria "ciúme" do VAR. Além dele, programa contou com o apresentador Milton Leite, Walter Casagrande, Cléber Machado, Marcos Uchôa, Maurício Stycer e Paulo César de Oliveira.

"O VAR está corrigindo inúmeros erros dos árbitros. Pênalti, impedimento... Está fazendo justiça no futebol. Mesmo assim, você consegue ser contra o VAR? Será que você tem ciúmes do VAR?", questionou Rodrigues.

"Talvez tenha, porque é muito legal ficar lá em cima, se preparar fisicamente e ganhar uma grana. Brincadeiras à parte, quando você fala em distribuir justiça, é o seguinte: É duro, num jogo 0 a 0, perder um gol por impedimento. Mas é duro também, num jogo 0 a 0, o jogador entrar livre para fazer o gol, não ter goleiro e chutar para fora. Ou o goleiro tomar um frango, e o time perder. Por que o erro do goleiro, o erro do atacante é aceito e o erro humano do árbitro não é? E, agora, os árbitros estão errando muito mais", respondeu Coelho.

Irredutível no que diz respeito ao uso do árbitro de vídeo no Brasil, Arnaldo argumentou que o juiz de campo está "transferindo a responsabilidade" para os membros da cabine.

"O árbitro está transferindo para o VAR a responsabilidade. Apita com a mão assim. Assim, qualquer um apita. Isso sem falar no bandeirinha, no assistente. Se você botar o gandula de assistente, é a mesma coisa. Bota um gandula, porque ele nem tem a obrigação se acertar para que lado é o lateral. Então, para mim, é o Chacrinha. Veio para confundir", falou.

"Antigamente, o árbitro era a autoridade máxima. Hoje, ele não é. Ele é sugestionado pelo VAR. O VAR chama em qualquer situação. (...) E não tem critério. Você viu no Mundial feminino que a menina do Brasil foi agarrada na área e o VAR não chamou, não tentou consertar. Veio para confundir, para transferir a responsabilidade e o árbitro (de campo) se eximir, coisa que já estava acontecendo em relação a assistente", seguiu.

O ex-árbitro ainda usou como exemplo a Copa do Mundo da Rússia, em 2018, conquistada pela França. Segundo Arnaldo, a seleção só levantou o caneco pela segunda vez em sua história por entender o funcionamento do VAR.

"A França foi campeã do mundo usando o VAR. A França entendeu o que era o VAR no primeiro jogo, quando o Griezmann pegou uma bola, entrou na área e caiu e os jogadores franceses correram para cima do juiz. Aí foram lá e marcaram o pênalti. O VAR é para corrigir erros claros e ali não foi", afirmou.

Por fim, Coelho admitiu que, se o árbitro de vídeo fosse utilizado, à risca, como está previsto no protocolo da Internacional Board, ele seria a favor.