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Caso Daniel

Família Brittes deve falar pela 1ª vez à Justiça em 2ª fase de audiência

Divulgacao/saopaulosp.net
Imagem: Divulgacao/saopaulosp.net

Karla Torralba

Do UOL, em São Paulo

31/03/2019 04h00

A segunda fase de audiência de instrução do caso Daniel começa amanhã (1º) com o depoimento de testemunhas de defesa e, provavelmente, dos sete réus acusados pelo envolvimento em diferentes níveis no assassinato do jogador Daniel Correa, em outubro de 2018. Será a primeira vez que a família Brittes responderá às questões da Justiça desde o término do inquérito policial.

As testemunhas e réus falarão nos dias 1º, 2, 3 e 5 de abril, no fórum de São José dos Pinhais (PR). Devido à grande quantidade de réus (sete) e, consequentemente, às muitas testemunhas, não é possível dizer se os quatro dias reservados serão suficientes para que todos sejam ouvidos. Caso seja necessário, novas datas serão estipuladas para que todos falem à juíza Luciani Regina Martins de Paula.

São 77 nomes de testemunhas entre acusação e defesa. Só a família Brittes têm 48 nomes arrolados entre familiares, amigos próximos e pessoas que de alguma forma foram envolvidas no caso durante o andamento do processo, como o jornalista da Rede Massa, afiliada do SBT no Paraná, Eleandro Passaia e os policiais afastados Edenir Canton e Helder Padilha.

Edison Brittes Júnior, Cristiana Brittes, Allana Brittes, David Vollero, Ygor King, Eduardo Henrique e Evellyn Perusso são réus em diferentes crimes que ocorreram durante e após o assassinato de Daniel, como coação de testemunha e fraude processual. Evellyn, por exemplo, responde em liberdade por falso testemunho.

Depois de todos os depoimentos, há um prazo de cinco dias para alegações da promotoria e outros cinco para os defensores. Após analisar as manifestações, a juíza Luciani Regina Martins de Paula dará a sentença de pronúncia se os réus irão a júri popular.

Brittes - FRANKLIN FREITAS/ESTADÃO CONTEÚDO - FRANKLIN FREITAS/ESTADÃO CONTEÚDO
Mais magro, Edison Brittes vai à audiência de instrução
Imagem: FRANKLIN FREITAS/ESTADÃO CONTEÚDO
Réus poderão responder questionamentos que ficaram sem respostas

Algumas perguntas ficaram sem respostas durante os interrogatórios dos réus pela polícia. Edison Brittes Júnior, que confessou ter assassinado Daniel, preferiu o silêncio em vários momentos, afirmando que esperaria o resultado do laudo do Instituto Médico Legal (IML). O momento para esclarecer o que aconteceu é agora.

O jogador foi morto após um "after party" na casa da família Brittes após a comemoração do aniversário de 18 anos de Allana na casa noturna Shed, em Curitiba (PR).

Edison Brittes Júnior se calou, principalmente, quando questionado sobre o que aconteceu após ele, Ygor King, David Vollero e Eduardo Henrique da Silva deixarem a casa da família Brittes levando Daniel no porta-malas do Veloster preto.

Brittes não respondeu, por exemplo, qual foi o caminho percorrido até chegar ao local onde Daniel foi morto; e não detalhou a sequência dos fatos, se a emasculação aconteceu primeiro ou o degolamento. David, Ygor e Eduardo também dão versões diferentes sobre quem desceu do carro e viu Edison Brittes matar o jogador.

Algumas questões relacionadas à sessão de espancamento a que Daniel foi submetido na casa da família também estão sem respostas por contradições em outros depoimentos à polícia.

Quem pegou a faca usada para matar Daniel? O que aconteceu com o celular do jogador? Qual foi a atitude de Cristiana Brittes ao ver o marido e outros espancando Daniel?

Cristiana é acusada de homicídio apesar de não ter acompanhado o marido e os outros três homens até o local onde Daniel foi morto.

Imagens da boate Shed

A Justiça autorizou na semana passada que as imagens da casa noturna Shed, onde foi comemorado o aniversário da filha de Edison Brittes, sejam liberadas para análise a pedido da defesa da família, representada por Cláudio Dalledone Júnior. As imagens devem mostrar o interior da boate e o momento em que Daniel e os réus deixam o local rumo à casa dos Brittes.

Justiça negou entrevistas dos réus

A juíza Luciani Regina Martins de Paula negou na semana passada os pedidos feitos pelo UOL e demais veículos de comunicação para entrevistas com os réus Edison Brittes Júnior, Cristiana Brittes e Allana Brittes.

Na decisão, a juíza explicou que os depoimentos das testemunhas restantes poderiam ser prejudicados pelo acesso a declarações prestadas pelos réus.

"Algumas das testemunhas prestarão esclarecimentos a respeito dos fatos. Portanto, sua oitiva é de extrema importância para a 'busca da verdade real'", diz parte da decisão.

"Muitíssimo em breve os réus já terão a oportunidade de dar a sua versão dos fatos, sendo que a imprensa terá acesso a isso concomitantemente a este r. Juízo, bem como terá amplo acesso às mídias dos depoimentos, assim como ocorreu outrora", completa a juíza.

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