Brasileirão Facts: o efeito Deyverson e o funk do Palmeiras campeão
Luiz Felipe Scolari é daqueles treinadores que reluta o quanto pode para destacar um jogador de sua equipe. O discurso se pauta invariavelmente pelo coletivo. Neste domingo, com o título assegurado, o treinador se sentiu confortável para eleger Dudu como o craque do título e do campeonato em geral.
Felipão, porém, também não se esquivou de mencionar a importância de Deyverson na caminhada palmeirense. Nem havia como, aliás. O centroavante pode muito bem terminar a temporada como o símbolo da conquista. Seu rendimento, aliás, se deve muito ao próprio treinador: todos seus nove gols neste Brasileirão aconteceram sob sua orientação.
Separamos aqui um dado que reforça seu protagonismo: quando Deyverson anotou pela primeira vez neste campeonato — curiosamente contra o próprio Vasco, pela 18ª rodada —, o Palmeiras estava oito pontos atrás do líder, o São Paulo. Desde então, dá para dizer que o atacante teve influência direta em pelo menos cinco vitórias. Ou seja, em 15 pontos somados. Relembremos:
- 13.ago - Palmeiras 1 x 0 Vasco - 1 gol
- 19.ago - Vitória 0 x 3 Palmeiras - 2 gols
- 9.set - Palmeiras 1 x 0 Corinthians - 1 gol
- 14.out - Palmeiras 2 x 0 Grêmio - 2 gols
- 25.nov - Vasco 0 x 1 Palmeiras - 1 gol
(E nem contamos aqui o gol que fez sobre o São Paulo em vitória por 2 a 0 em 6 de outubro, depois de Gustavo Gómez já ter aberto o placar).
Bonde do campeão
Ah, as redes sociais: tem espaço para tudo, né? Ainda mais quando o título do Brasileirão é definido.
Primeiro, em canal oficial, o Palmeiras já lançou um funk para comemorar a conquista: "O meu Palmeiras é mais", de MC Andrey. Podemos dizer que o refrão da música é de ostentação: "Olha o deca aí, o meu Palmeiras é a mais. Quem tem mais tem 10, quem não tem corre atrás". Outra parte provoca rivais em tempos de vacas gordas: "Os antis podem chorar". E vocês achavam que Deyverson ficaria fora dessa? O artilheiro preferido de Felipão participou da canção.
Depois foi a vez de o presidente eleito Jair Bolsonaro, em tom mais sereno, parabenizar seu clube do coração.
Mais tarde, foi a vez de outros jogadore entrarem em cena. Aí teve provocação direta. Ao passarem à frente de uma loja do Flamengo no Aeroporto Santos Dumont, alguns jogadores fizeram alusão ao famigerado "cheirinho", termo que por muito tempo apenas alegrou rubro-negros e agora virou uma tormenta:
Outro figurino
O volante Renato vestiu a camisa do Santos pela primeira vez em 2000. Neste sábado (24), se despediu da torcida na Vila Belmiro depois de disputar 425 partidas com essa mesma camisa, segundo as contas do clube. Num futebol em que o mercado da bola balança mais do que as ondas na costa santista, esse é o tipo de estatística que será cada vez mais rara.
Então nada mais que justo que o meio-campista, bicampeão brasileiro pela equipe (2002 e 2004), tenha sido mais celebrado que a própria vitória sobre o Atlético-MG. Algo bastante saudável não só por sua identificação com o Santos, mas também pelo também incomum reconhecimento a um jogador com suas características. Foi daqueles que talvez tenha se destacado mais sob o olhar de treinadores e scouts do que do do público em geral. Nunca foi um artilheiro. Sem a bola, também não foi daqueles volantes que ralasse constantemente o joelho. Foi com a bola no chão, sem muitos arranques ou dribles, mas com o passe de em pé que ele construiu uma carreira vencedora, que o levou à Europa e à seleção brasileira.
Agora, de paletó, Renato vai se dedicar exclusivamente à carreira diretor executivo do Santos. A torcida espera que sua assistência seja tão produtiva como a dos tempos de jogador. Mesmo que discreta.
A seção Brasileirão Facts faz parte do resumo da rodada do campeonato pelo UOL Esporte.
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