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Hoje no Japão, Tanque conheceu esposa após 'escapada' com ajuda de Taison

Wellington Tanque acompanhado da esposa (que está grávida) e das duas filhas - Arquivo pessoal/Wellington Tanque
Wellington Tanque acompanhado da esposa (que está grávida) e das duas filhas Imagem: Arquivo pessoal/Wellington Tanque

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

27/05/2018 04h00

Com certeza muita gente já conheceu sua parceira (o) em algum bar, balada, festa... Mas dificilmente alguém tem uma história como a de Wellington Tanque, atacante de 30 anos revelado no Internacional e que atua no Japão desde 2015. Casado há mais de dez anos com Bianca, a relação entre os dois começou depois de uma fuga da concentração do Inter, em 2006, ainda nas categorias de base do clube colorado.

Alexandre Pato e Taison, recém-convocado para a Copa do Mundo, fizeram parte do início da trama, mas preferiram não se arriscar no ‘cordão’ feito com lençóis para saltar da janela - que inclusive arrebentou durante o plano. Wellington Tanque, primeiro a descer por ser o mais pesado entre os garotos, conseguiu escapar do Beira-Rio - com outros dois companheiros - e cumpriu o grande objetivo da noite: chegar à festa. O evento não estava dos mais animados, mas rendeu a Tanque um encontro que mudaria a sua vida.

Wellington Tanque ainda nas categorias de base do Internacional - Arquivo pessoal/Wellington Tanque - Arquivo pessoal/Wellington Tanque
Imagem: Arquivo pessoal/Wellington Tanque
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Wellington Tanque, hoje jogador do Vissel Kobe, do Japão, novo time do astro Andrés Iniesta, contou como aconteceu toda trama: desde o planejamento da fuga da concentração até o que chamou de ‘pipocada’ de Taison e Pato.

“Lá sempre foi muito rigoroso. Hoje, não sei como funcionam as categorias de base. Mas na época a gente morava em cima do profissional. Depois da meia-noite não podia mais sair. E tinha aula, todos nós estudávamos, mas quando, aos finais de semana, não tinha aula, meia-noite tinha que estar na concentração. E quando você fosse dormir fora, você tinha que pegar, com muita antecedência, uma autorização com os diretores e algum adulto para você poder passar o fim de semana fora. E eu lembro que todas as quintas tinha uma festa de faculdade atrás de um campo do Inter, que na época era o campo B. Nesse dia, o Ramón, lateral esquerdo, estava nessa festa, e eu gosto muito de hip-hop, curtia muito, e ele ligou para nós: ‘vem para cá, está muito legal a festa!’, e a gente se empolgou”, relembrou Tanque.

“E eu lembro que estavam eu, o Pato, o Taison, Lorran e o Luiz Carlos [goleiro], que a gente chamava de Senna. Eu falei: ‘e aí, vamos?’, e falaram: ‘vamos’. ‘Mas e aí, como que a gente vai? Já passou da meia-noite. E agora?’. Aí a gente olhou para baixo e eu falei: ‘Se a gente amarrar o lençol a gente consegue descer pela janela’. Era alto, se cair dali machuca. Aí a gente começou a amarrar o lençol e: ‘E agora, quem vai primeiro?’. ‘Vai, Wellington, você’. ‘Por que eu?’. ‘Porque você é o maior e mais pesado. Se aguentar com você, aguenta com todo mundo’. Aí eu falei: ‘Poxa, eu vou, mas se eu descer e vocês não forem, depois eu vou dar um jeito de subir e vou pegar todos vocês’. Aí eles me seguraram e eu desci primeiro, aguentou. E eles até brincaram: ‘não, não vamos’. E eu: ‘vem logo!’. Aí foi o segundo, o Senna, e se eu não me engano o Taison foi, chegou na metade e ele: ‘não, me puxa de volta, me puxa de volta’. Ficou com medo e puxaram ele de volta. Aì quando o Lorran estava na metade, rasgou o lençol, acabou arranhando um pouco, caiu, e o Pato e o Taison acabaram não indo. ‘Arrebentou, a gente não vai, não, vão vocês’. E fomos nós três”, contou Tanque. No início, porém, o sentimento foi de decepção.

O Taison ficou com medo e puxaram ele de volta"

“Quando chegamos na festa, a festa era horrível. Muito ruim. Acabei ficando muito decepcionado, fiquei sentado num canto, e a [hoje] minha esposa também não estava gostando da festa e por coincidência acabou sentando do meu lado. Acabamos conversando, trocando o número de telefone e depois a gente acabou saindo. E estou com ela até hoje”, completou Tanque, mas não sem antes tirar uma com a cara de Taison e Pato, que permaneceram no CT.

“Pipocaram, podiam ter pego outro lençol e descer. Mas quando ele [Taison] foi até metade e voltou, eu vi que ele não ia querer mais ir, não”, acrescentou o jogador, que está prestes a ser pai pela terceira vez.

“Apanhava bastante” após trocar Grêmio por Inter

Ainda antes de escapar da concentração do Internacional e conhecer a sua atual esposa, Wellington Tanque precisou passar por uma experiência que, certamente, não é das mais fáceis: trocar o Grêmio por seu maior rival, ainda na base. O atacante conta que, logo que chegou ao Beira-Rio, sofreu um pouco nos treinamentos justamente por antes estar do lado tricolor.

Antes de ser revelado pelo Internacional, Wellington Tanque passou pelo Grêmio - Arquivo pessoal/Wellington Tanque - Arquivo pessoal/Wellington Tanque
Imagem: Arquivo pessoal/Wellington Tanque
“Eu comecei na base do Grêmio. Na época, meu empresário era o Jorge Machado, e ele acabou me tirando da base do Grêmio e me colocando na base do Inter. Para mim foi um pouco difícil, porque eu estava adaptado à base do Grêmio, e até eu me readaptar na base do Inter foi muito difícil. Até porque, pela rivalidade que tem, por sair da base do Grêmio e ir para a do Inter, eu sofri muito. Foi difícil até os meninos me aceitarem... Depois que me aceitaram, tudo bem, não tive problema. Mas, até eles me aceitarem, tive alguns problemas, principalmente nos coletivas. Eu apanhava bastante nos coletivos [risos]”, brincou com Tanque, que citou até uma fase de Kleber Gladiador, ex-Grêmio, para justificar um pouco do que teve de passar neste período.

“Se eu não me engano, o Kleber Gladiador chegou há um tempo a dar uma entrevista, dizendo que ele achou que Corinthians e Palmeiras era rivalidade, mas depois que ele viu o Gre-Nal, ele viu que é muito mais importante. Ali é fogo, existem várias competições: uma normal, para o time ser campeão, outra para ganhar do adversário e outra para terminar na frente dele na competição. Então, é muita rivalidade, demais”, contou o jogador de 30 anos.

Subida no Inter: achou que empresário estava brincando

Wellington Tanque foi promovido ao time principal do Internacional em 2007, um ano após a equipe conquistar o mundo ao vencer o Barcelona no Mundial de Clubes. Com o elenco recheado de estrelas, ele não imaginava que a promoção aconteceria naquele momento. E pediu por diversas vezes a seu empresário para ‘falar sério’ assim que lhe foi dada a notícia.

Wellington Tanque, ainda na base do Internacional, encara marcador do Grêmio - Arquivo pessoal/Wellington Tanque - Arquivo pessoal/Wellington Tanque
Imagem: Arquivo pessoal/Wellington Tanque
“Foi até um pouco... Não sei se engraçado, curioso. Era meu último ano de contrato, nós tínhamos sido eliminados da Taça São Paulo, e eu lembro ainda que eu estava sentado lá no pátio do Beira-Rio, cabisbaixo, triste... Lembro que estava caminhando com a minha namorada na época e recebi uma ligação do Jorge Machado falando que eu tinha sido chamado para subir para o profissional, para compor o elenco. O time tinha sido campeão mundial em 2006 e eu subi em 2007. E era meu último ano de contrato e eu estava preocupado: ‘os caras não chamaram para renovar, não vou subir, vou ser mandado embora e não sei o que fazer’”, conta.

“Aí ele me ligou falando que eu tinha sido chamado para compor o elenco, para fazer a pré-temporada. E eu, três vezes: ‘Pô, para de brincadeira’. E ele: ‘é sério’. E eu: ‘não, para de brincar’. E ele: ‘não, eu estou falando sério’. E aí eu acabei subindo mesmo. Não imaginava. Imagina? O time campeão mundial, com Pato, Luiz Adriano, Fernandão, Iarley, nem cogitava subir. E eu lembro até que no primeiro coletivo, eu acabei fazendo um bonito gol de cabeça. Foi quando o Abel [Braga] pediu para que renovassem meu contrato. Poxa, faltavam alguns meses para acabar meu contrato e eu acabei renovando por cinco anos”, acrescenta Tanque, que em seguida acabou seguindo para o Náutico, em 2008: “Para mim foi difícil, porque a concorrência era muito grande, então, eu não tive espaço. Foi quando eu acabei sendo emprestado”.

Japão: desculpa a cada falta cometida

No Japão desde 2013 (exceção feita a uma rápida passagem pela Ponte Preta, em 2015) e no Vissel Kobe desde o começo desse ano, Wellington se diz um apaixonado pelo país asiático. Ainda assim, acredita que o futebol por lá acaba cometendo exageros muitas vezes desnecessários como, por exemplo, pedir desculpa ao jogador adversário a cada falta cometida.

Atacante Wellington Tanque em passagem pelo Avispa Fukuoka, do Japão - Arquivo pessoal/Wellington Tanque - Arquivo pessoal/Wellington Tanque
Imagem: Arquivo pessoal/Wellington Tanque
“Eu não esperava vir jogar no Japão. Como no início minha carreira decolou para a Europa, achei que ia permanecer por ali, mas acabei vindo para cá. Sou um apaixonado pelo país, gosto muito. Claro que poderia mudar algumas coisas, porque o Japão quer colocar a cultura japonesa dentro do futebol. E eu acho que algumas coisas, às vezes, não têm como. Você acaba fazendo uma falta e faz parte, está de cabeça quente, perdendo o jogo... e o árbitro quer que você vá lá e peça desculpa. ‘Foi mal, desculpa por ter feito a falta, por ter te batido’. E no futebol não existe isso, a não ser que você realmente tenha a intenção, quando corre o risco de machucar o companheiro. ‘Pô, foi sem querer, foi mal’. Então, nessa parte eu não concordo”, conta o centroavante.

Outro ponto negativo do futebol no Japão, segundo Tanque, é a impaciência que existe com jogadores estrangeiros, especialmente quando estes acabaram de chegar ao país. Esta parte, porém, o brasileiro já conseguiu superar: “Eles são um pouco mais impacientes com o estrangeiro. Mas é normal. Com o japonês, ele conversa uma, duas, três vezes, e com o estrangeiro conversa na primeira e na segunda já dá o cartão, ou na primeira. Mas faz parte. Com o tempo, eu fui me adaptando, entendendo um pouco, e hoje está mais tranquilo”.

Podolski: não é o mesmo cara que se viu na Copa

Lembra do Podolski, aquele atacante alemão extrovertido que conquistou o Brasil e os brasileiros durante a Copa do Mundo? Chamado por muitos de ‘o alemão mais brasileiro que existe’... Pois bem. Ele joga no mesmo time de Wellington Tanque e, de acordo com seu companheiro de ataque, não é bem aquilo que se viu em 2014. Ao menos dentro do Vissel Kobe.

Wellington Tanque (dir.) abraça Podolski após gol do Vissel Kobe - Arquivo pessoal/Wellington Tanque - Arquivo pessoal/Wellington Tanque
Imagem: Arquivo pessoal/Wellington Tanque
“É difícil para mim falar nesse assunto... Ele jogou no Galatasaray, Arsenal, Bayern de Munique, clubes grandes, e acabou vindo para o Japão. A partir do momento que você vem para cá, é diferente. O pensamento do japonês é diferente do brasileiro e do europeu. Eu estive no Brasil, na Europa e hoje estou no Japão. Um exemplo: na Alemanha, é muito comum, eu já vi, companheiros, alemães mesmo, saíram no tapa no treino, dando soco, chegaram no vestiário e estavam se abraçando e rindo. E a amizade continua normal, como se nada tivesse acontecido. Sabe que está ali para vencer e que é para melhorar. Normal. No Brasil, às vezes, acontece, é normal no jogo, discussão, mas no Japão é diferente. Não pode. É extremamente proibido. Um caso que aconteceu com um menino do Jubilo, acabou brigando no jogo e teve o contrato rescindido, foi mandado embora. Então é diferente. Então tudo que acontece no Brasil, Europa e mundo inteiro, e vem para o Japão, é completamente diferente”, esclareceu Tanque, para depois justificar o porquê de sua opinião a respeito de Podolski.

“Então, não sei o que passou, o que ele esperava aqui no Japão. Meu contato com ele aqui é extremamente profissional. Bom dia e normal. O que eu vi na Copa, que muitos brasileiros viram, não é o que eu vejo no dia a dia. Ele é um cara mais na dele, calado. Vem, faz o trabalho dele, normal. Tem uns três japoneses que ele brinca, o restante ele não conversa muito. No dia a dia, treinamentos, às vezes, ele não concorda muito. Mas nunca tive problema com ele. Conversamos sobre os países que ele passou, a diferença entre o Japão e os outros países... Um contato extremamente profissional, nada além disso”, acrescentou Wellington.

Elogios ao futebol japonês e artilharia

Tanque foi contratado pelo Vissel Kobe para esta temporada, após passagens por outros dois times japoneses: Avispa Fukuoka, clube que defendeu entre 2015 e 2017, e Shonan Bellmare, equipe que jogou nos anos de 2013 e 2014. Com vasta experiência no país, o atacante não hesita em exaltar a qualidade do futebol japonês e inclusive recorda a quase zebra que aconteceu em 2016, quando o gigante Real Madrid chegou a ficar atrás no placar na decisão do Mundial, contra o Kashima Antlers – depois virou a partida para 4 a 2. Segundo Tanque, porém, ainda falta ‘confiança mental’ aos japoneses para que eles alcancem voos ainda maiores.

Wellington Tanque comemora gol pelo Vissel Kobe - Arquivo pessoal/Wellington Tanque - Arquivo pessoal/Wellington Tanque
Imagem: Arquivo pessoal/Wellington Tanque
“O futebol japonês é muito bom. Não é fraco. Mas eu acho que o problema deles é psicológico. Eles se acham, às vezes, inferiores. Se eles acreditassem mais neles, poderiam chegar mais longe numa Copa do Mundo, ou no Mundial de Clubes... Aconteceu até, surpreendeu o Real Madrid, então tem qualidade. Só que acho eles precisam mais de confiança mental. Eles são muito bons tecnicamente, é um jogo muito dinâmico, muita correria”, acrescenta Tanque, que conseguiu se adaptar ao futebol japonês mesmo com uma velocidade bem menor que a da média por lá.

“Até hoje, não sei como me adaptei. Eu sou centroavante. Para a minha altura eu sou rápido, tenho 1,90m de altura, mas perto dos japoneses eu sou lento. Mas consegui me adaptar muito bem ao país. Em dois clubes que eu passei, eu fui muito bem. E hoje, no Vissel Kobe, eu sou o artilheiro da competição, apesar de ter jogado poucos jogos. Esse ano sou artilheiro com quatro gols junto com o japonês, que eu acabei dando duas assistências para ele no último jogo e ele acabou se igualando comigo na artilharia”, comemora Tanque, que precisou de algum tempo para conquistar a confiança do técnico e começar a render o esperado no Vissel Kobe.

“Começou bem ruim aqui, entrando no final de algumas partidas, ficando de fora de algumas, foi bem difícil no início. Depois o treinador foi me dando mais oportunidades, nos jogos que ele me colocou como titular, eu fiz seis gols, em seis jogos, e hoje tenho seis gols e cinco assistência. Meu momento virou totalmente diferente. Meu momento é bom, estou muito feliz com os números. Nos dois clubes que eu passei eu fui muito bem, em ambos eu subi para a primeira divisão, e em um deles sendo campeão. Agora, eu tenho de confirmar na primeira divisão. Já provei para todo mundo que na segunda eu jogo, e na primeira estou mostrando também. Estou muito feliz com meu desempenho, bem adaptado ao país”, completou Tanque.

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Taison: “não é à toa que está na Copa do Mundo”

A gente teve um contato, não daqueles superamigos. Mas a gente conversava, brincava bastante. Fiquei muito feliz por ele, apesar de ter visto muitas pessoas sendo contra a convocação dele. Eu, em particular, posso dizer que conheço, desde a base, e tem um talento incrível. Não vai me surpreender se ele fizer uma grande Copa porque é um menino que tem muito, mas muito talento mesmo. Sou fã do futebol dele, estive com ele na base e ele sempre jogou com muita alegria, muita naturalidade. Tem muito talento, muito, e não é à toa que está indo para a Copa do Mundo. E acho que ele tem muito que agradecer ao Inter, porque no início... Ele é um cara muito família e lembro que ele ia para Pelotas e não voltava, e os diretores iam lá para trazer ele de volta. Pode ver que ele é um cara muito grato ao Inter. O Inter é um time que ajudou muito ele, abraçou, e confiou demais no futebol dele. Eu fico muito feliz por ter tido um companheiro... Na verdade três, que são o Alisson, o Taison e o Cássio. E vou estar sempre na torcida.

Seleção brasileira precisava de Tite

Eu acho que a seleção precisava realmente de um técnico como o Tite, não desmerecendo os anteriores, porque cada um tem sua qualidade, mas é um cara extremamente preparado, mentalmente, psicologicamente, é inteligente, então eu acredito que a seleção vai fazer uma excelente Copa, e acredito muito no título, pela questão do treinador. Antes eu não via o treinador como uma coisa principal, mas hoje, com mais idade, com mais maturidade, eu vejo a importância de você ter um treinador que consegue, às vezes, mudar uma situação de jogo. De repente o time faz um primeiro tempo ruim e ele consegue ver o defeito e modificar aquilo no segundo tempo. Eu acho que a seleção está muito bem servida.

Japão: treino só de manhã e respeito nas ruas

Wellington Tanque em jogo pelo Shonan Bellmare, do Japão - Arquivo pessoal/Wellington Tanque - Arquivo pessoal/Wellington Tanque
Imagem: Arquivo pessoal/Wellington Tanque
O lado bom do Japão é que a gente treina só pela manhã. Não tem dois períodos, só na pré-temporada, depois é sempre um período. Então a gente tem a tarde livre para nós. Só que minhas filhas estudam das 8h da manhã até às 3h da tarde, então complica um pouco nessa questão. Se a gente vai fazer alguma coisa, a gente tem que fazer entre 16h e 19h, porque a gente põe elas para dormir 20h para poderem acordar no dia seguinte e ir para a aula de novo. A gente sempre procura fazer alguma coisa. Tem aquário, legolândia, zoológico, então tem sempre alguma coisa para fazer. Como a gente tem a tarde livre, a gente procura aproveitar bem, coisa que no Brasil já é diferente, porque alguns treinamentos já são à tarde, e mesmo se for de manhã, é diferente. No Brasil, se for jogador de time grande, não pode, é difícil para ele, se for famoso, não consegue andar. E aqui é bem tranquilo nesse quesito, a gente pode fazer o que quiser. Pode ir no restaurante, andar na rua normalmente, no parque com a família, ninguém nos incomoda. No máximo vem e fala: ‘ah, desculpa te incomodar, posso tirar uma foto com você?’ e acabou, é bem respeitoso, então é muito bom. A gente tem uma vida normal fora do Brasil.

Cássio na base do Grêmio: “imaginava que ia virar”

Eu era infantil na base do Grêmio, acho que 2004. Meu contato foi pouco. Tenho uma relação normal com ele. Eu imaginava, que acabou virando: O Anderson Pico, o Cássio, o Leo, zagueiro do Cruzeiro, e o Aloísio [Boi Bandido]. Tem o Itaqui também, Felipe Mattioni, lateral direito. Então cheguei a pegar os meninos na base que se profissionalizaram e foram bem.

Vontade de retornar ao Brasil: “saí muito cedo”

Eu penso, sim. Eu vejo a falta de centroavante que tem no Brasil. Eu saí muito cedo, então muita gente acaba não me conhecendo. Meu melhor ano aí foi em 2008, no Náutico, em que eu fui muito bem no Estadual, 12 gols, depois fiz cinco gols no Brasileiro e acabei sendo vendido para o Hoffenheim, da Alemanha, então não tive oportunidade de mostrar meu futebol. Então eu gostaria de ter uma oportunidade em um time grande do Brasil, mas tem que esperar, né, e ver o que acontece. Mas eu tenho intenção, sim, de jogar numa grande equipe do Brasil, pode mostrar meu futebol, mas se não acontecer é continuar aqui no Japão, ou aqui na Europa. Estou muito bem aqui, em ótima forma, nunca estive melhor, até melhor que com 25, 26 anos, e vamos ver o que acontece, principalmente depois da Copa, quando tem muita movimentação. É aguardar.

Chegada de Iniesta: "tudo tem a melhorar"

Experiência incrível. Não só eu como o time todo está numa expectativa muito grande de que ele possa acabar a Copa e vir nos ajudar. Vai ser muito bacana poder desfrutar, estar aprendendo com ele no dia a dia, que ele possa estar passando a experiência dele para nos ajudar, melhorar não só o time mas o clube, talvez até o pensamento dos japoneses em relação ao futebol. Tudo tem a melhorar com a chegada dele. Ele foi apresentado para nós hoje [sábado] e pareceu ser um cara muito simpático, simples e humilde. Estou muito feliz e, é claro, com a chegada dele respinga em todo mundo e, principalmente em mim, como brasileiro, vai ser muito importante até por questão de visibilidade. Fazer gol com assistência dele, ou de repente dar assistência para ele fazer gol. Então a expectativa e a ansiedade são grandes para que a gente possa estar jogando juntos o quanto antes.