Times pedem rigor contra violência; Corinthians quer punição à imprensa
Os presidentes dos quatro grandes de São Paulo participaram de reunião nesta terça-feira para discutir medidas contra a violência dentro e fora dos estádios. Foram levantadas medidas que ajudariam a coibir incidentes, entre elas a adoção de biometria entre torcedores e punição a pessoas que incitarem a violência.
O mandatário do Corinthians, Roberto de Andrade, pediu punição a qualquer pessoa física e jurídica que incitar a violência no futebol, o que incluiria profissional da imprensa esportiva.
"As leis são fracas e não são seguidas. E sobre o órgão que poderá aplicar multas, creio que também deveria punir meios de comunicação. É comum ver um comentarista, em um programa, quando um time ou jogador não estão bem, incitar o torcedor, falando "Não vai fazer nada?". A imprensa tem passado dos limites. Quem tem o microfone precisa ter responsabilidades", disse Andrade.
O 2º Congresso Brasileiro de Direito Desportivo foi organizado pela Federação Paulista de Futebol, USP e Sociedade Brasileira de Direito Desportivo.
A reunião de dirigentes e autoridades do meio jurídico tem como intuito avaliar a criação de um órgão para regulamentar e fiscalizar ações ligadas à violência. O assunto está dentro das atualizações da Lei Geral do Esporte e do Estatuto do Torcedor.
Veja o que os presidentes dos grandes paulistas comentaram sobre medidas de segurança:
Mauricio Galliote (Palmeiras)
“Precisamos de solução ao crime, com leis eficientes e infratores punidos. A biometria controla quem está no estádio, mas depende da lei para que haja punição. Se a torcida organizada tem crime organizado, isso é problema da segurança pública. O clube tem de tratar todos iguais”.
Modesto Roma Júnior (Santos)
“Biometria é um pedacinho, acho que deveriam investir em reconhecimento facial na entrada dos estádios, com câmeras de qualidade suficiente para reconhecer. Não adianta nada afastar o clube das torcidas organizadas. É preciso reconhecê-las como organizadas, e não como bandidagem. Tem que distinguir o infiltrado que trafica droga e incita violência. Se você se distancia das organizadas, você entrega elas ao crime organizado. A torcida organizada tem de estar perto”.
Roberto de Andrade (Corinthians)
“Não podemos excluir ninguém só por ser de organizada. E quase sempre, é preciso ressaltar, os problemas de violência acontecem fora do estádio. Dentro, estamos perto de um comportamento exemplar. O clube é punido pelos problemas, sendo que não tem poder de polícia. A operação de segurança é 100% da PM e do Ministério Público, não podemos colocar o dedo em nada. Tem revista na porta do estádio e mesmo assim entra um indivíduo com sinalizador e o clube é que leva a punição”.
Carlos Augusto de Barros e Silva (São Paulo)
“Sou favorável à biometria. Mas combater à violência é um processo imenso e complexo de modificação de conduta. Não adianta identificar, embora seja fundamental, se não houver um projeto sócio educativo por trás. Tivemos a invasão ao CT no ano passado, com agressão, ameaças, agravos e tensão. Hoje, o São Paulo vive outra experiência, porque conversou com organizados, sócios e comuns. Conversa essa no CT, com jogadores juntos, e que transformou ameaça em apoio. Conversamos de novo na semana passada e o resultado é expressivo, com redução do desrespeito. É preciso de regras, punições e limites. Com identificação dos culpados e trabalho da segurança pública. O comportamento grupal ilude o vândalo de que haverá anonimato acobertando as ilegalidades”.
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