Não sai nem na foto: como Henrique Dourado virou rei dos pênaltis no Brasil
Bola na marca da cal. Na risca da grande área, Henrique Dourado escuta o apito do juiz. Com os olhos fixos no goleiro, ele dá dois ou três passos até a primeira paradinha, ritual que ele repete uma vez mais até chegar na bola. O fim do filme é sempre o mesmo: gol do Fluminense.
O aproveitamento do artilheiro nas penalidades é assombroso em 2017. Dos 30 gols que fez até o momento no ano, o Ceifador marcou 11 desta forma, com aproveitamento de 100% no fundamento. Ainda que toda a cena até o chute não sofra muitas alterações, o camisa 9 demonstra um cardápio para lá de variado na hora de executar suas vítimas, que quase nunca saem nem na fotografia. A perfeição atingida é construída nos treinos. Nos dois dias que antecedem os jogos, Dourado escolhe um goleiro para vítima e pratica suas habilidades.
De todos os pênaltis convertidos no ano, Dourado deslocou os goleiros em nove ocasiões. Curiosamente, as duas únicas batidas que causaram um frio na espinha do torcedor tricolor foram contra o rival Flamengo. Na final da Taça Guanabara de 2017 [vencida pelo Flu], o contestado Muralha acertou o canto, mas nada pôde fazer. Já no Brasileiro, o não menos contestado Thiago foi o único que conseguiu a "proeza" de encostar na bola até agora.
Goleiros com fama de pegadores de pênaltis, o atleticano Victor e o santista Vanderlei foram vítima da imprevisibilidade do atacante. Embora a opção seja quase sempre por disparos rasteiros, as bolas morrem do lado direito, do lado esquerdo, e os goleiros ainda não descobriram a fórmula mágica para brecar Henrique. Na última quarta-feira, o são-paulino Sidão tentou ficar parado para esperar um vacilo do seu oponente, mas a tática não surtiu o menor efeito.
"Nervoso a gente fica em todos os pênaltis, todos dão friozinho na barriga. Os goleiros estão estudando bastante a maneira que eu estou batendo. Tenho de me aperfeiçoar ainda mais, não vai ser sempre como eu espero. Trabalho para que eu não erre, mas tem de estar preparado para um dia errar", disse o Ceifador após o jogo contra o São Paulo.
A performance do jogador tricolor desperta a atenção até de quem foi um dos maiores especialistas na matéria. Um dos incumbidos a bater pênalti na final da Copa de 1994, o hoje senador Romário afirmou ao UOL Esporte que o centroavante pode atingir um lugar de ainda maior destaque quando o assunto for penalidades.
"Não tenho acompanhado o campeonato. Pelo que sei, ele tem 100% de aproveitamento. Isso significa que ele, até agora, está fazendo sua parte muito bem e pode se tornar um dos maiores batedores da história do Brasileiro também. Parabéns para ele", disse o tetracampeão.
Após a vitória do Fluminense por 3 a 1 sobre o São Paulo, o ambiente nas Laranjeiras é de leveza. Com os resultados, o time terminou a rodada na décima colocação, com 38 pontos. Nesta sexta, o grupo se reapresenta para o penúltimo treino antes da partida contra a Chapecoense, domingo, 19h, na Arena Condá. Se o juiz marcar pênalti, a "ceifada" é [quase] garantida.
As vítimas do Ceifador:
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