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Polêmica, "filial" espanhola do City deixa jogadores de Guardiola no banco

Douglas, ex-Vasco, foi vendido ao City e repassado por empréstimo ao Girona - Divulgação/Mancheter City
Douglas, ex-Vasco, foi vendido ao City e repassado por empréstimo ao Girona Imagem: Divulgação/Mancheter City

Leandro Miranda

Do UOL, em São Paulo

30/08/2017 04h00

Quando o Manchester City se juntou ao empresário de jogadores Pere Guardiola – irmão do técnico Pep Guardiola – para comprar 88% das ações do Girona, a polêmica foi grande. Afinal, o pequeno time que faz sua estreia na primeira divisão espanhola tem nada menos que cinco atletas emprestados pelo seu rico parceiro inglês. Não seria conflito de interesses um agente ser coproprietário de um clube que recebe atletas cedidos pelo time de seu próprio irmão?

Quem esperava que o Girona fosse uma mera "filial" do City, porém, tem visto outra realidade nesse início de temporada. Ser emprestado por Guardiola para o time espanhol não tem sido garantia de minutos em campo. O único dos cinco atletas do time inglês que tem sido titular na Espanha é o lateral argentino Pablo Maffeo, que já estava cedido ao Girona na temporada passada e fez parte da equipe que conquistou o acesso à primeira divisão.

Já os outros quatro – o ex-volante vascaíno Douglas, o meia espanhol Aleix García, o atacante nigeriano Larry Kayode e o também atacante Marlos Moreno, campeão da Libertadores pelo Atlético Nacional – têm tido dificuldades para entrar no time do técnico Pablo Machín, que tem mantido a base da temporada passada. A imprensa local, inclusive, afirma que o Girona não está satisfeito apenas com os jovens emprestados pelo City e ainda se movimenta no mercado em busca de reforços.

Douglas foi quem mais jogou: 17 minutos

Iraizoz; Maffeo, Alcalá, Espinosa, Muniesa e Aday; Portu, Granell, Pere Pons e Borja García; Stuani. A torcida do Girona já sabe de cor essa escalação, que saiu jogando nas duas primeiras rodadas do Campeonato Espanhol. Ela é formada por vários atletas que subiram com o time da segunda divisão e alguns poucos novos rostos. Nenhum deles, porém, veio do Manchester City.

Com a já citada exceção de Maffeo, que já estava emprestado na última temporada, os outros quatro atletas de Guardiola que chegaram agora ainda estão tentando achar espaço. Quem mais jogou até agora foi Douglas, com 17 minutos em campo na vitória por 1 a 0 sobre o Málaga. Já Kayode soma 15 minutos, entrando no fim tanto contra o Málaga quanto no empate por 2 a 2 com o Atlético de Madri.

Aleix e Moreno, por sua vez, ainda não saíram do banco de reservas. E a situação não parece que vai melhorar tão cedo: a imprensa espanhola noticia que o Girona ainda busca contratações para o miolo do meio-campo, local de atuação de Douglas e Aleix, e está de olho na chegada do centroavante queniano Michael Olunga, que joga na China pelo Guizhou Zhicheng, o que tiraria ainda mais espaço de Kayode e Moreno. O colombiano, inclusive, é tido como última opção de ataque.

"Dribles" em proibições

Pep Pere - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Pep Guardiola, técnico do City, e seu irmão Pere, um dos donos do Girona
Imagem: Reprodução/Twitter

A Associação de Futebol da Inglaterra (FA) tem em seu regulamento um item, que trata de conflitos de interesses, que proíbe expressamente que um agente de jogadores tenha participação direta nos negócios de um clube. Porém, a regra não seria aplicável na relação Girona-Pere Guardiola, já que teria efeito apenas sobre clubes ingleses.

De acordo com o jornal britânico Guardian, o modo como o negócio foi feito também evita que o Girona seja impedido de disputar uma competição europeia no caso de uma eventual classificação. Isso porque a Uefa proíbe que dois clubes controlados pelo mesmo dono – no caso, o City Football Group, do bilionário xeque Mansour bin Zayed – disputem o mesmo torneio.

A solução foi fazer com que o City não fosse efetivamente o controlador majoritário do Girona: o grupo dono do time inglês ficou com apenas 44%, enquanto o Girona Football Group de Pere Guardiola deteve os outros 44% na transação. Sendo assim, Girona e City poderiam disputar o mesmo torneio europeu sem cair na proibição da Uefa.

É claro que o Girona ainda está longe de pensar em Liga Europa ou Liga dos Campeões. A preocupação primeira do clube e do técnico Machín é se manter na primeira divisão espanhola. E ao que parece, isso não necessariamente passa por escalar os jogadores que Guardiola enviou.