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Romário treina "igual um garoto" após cirurgia polêmica, revela personal

Aiuri Rebello e Daniel Brito

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

31/01/2017 04h00

"Ele tem um preparo invejável e está colocando no bolso muito aluno de 20 ou 30 anos de idade". É assim que o personal trainer carioca Ricardo Araújo define o estado físico do senador Romário (PSB-RJ). O ex-atacante da seleção brasileira provocou polêmica neste início de ano ao postar fotos e vídeos nas redes sociais visivelmente mais magro, depois de submeter-se a uma cirurgia controversa para controle de diabetes.

Romário retomou a prática de atividades físicas na praia cerca de 12 dias depois da operação. "Ele está ótimo, treinado igual a um garoto mesmo, sem sacanagem", afirmou ao o UOL o profissional, que supervisionou o preparo físico do senador carioca de dezembro a janeiro, antes dele sair de férias.

Romário completou 51 anos no final de semana passado. No Instagram, ele tem publicado fotos e vídeos na praia e na balada onde, além de sua magreza, chama a atenção a energia com que dança, malha e joga futevôlei.

No início do ano, pouco mais de um mês depois de passar pela operação, Romário venceu um torneio de futevôlei no Rio de Janeiro, onde superou duplas de ex-boleiros como Edmundo, Djalminha, Edinho, Alex Dias, entre outros. sua dupla era Anderson Águia. 

De acordo com Araújo, Romário não fazia treino funcional com personal trainer antes da cirurgia. "Pelo que ele falou, não conseguia fazer exercício desse jeito fazia muitos anos. Ele diz que se sente ótimo e com um vigor físico que não conhecia fazia tempo", afirma o profissional.

"Ele diz que está ótimo", diz Araújo, que avalia positivamente o condicionamento físico do senador. "Zerado, cardio, resistência muscular, nota dez. Como foi atleta muitos anos, ele tem uma memória muscular excelente e responde muito bem aos exercícios. Nem parece ter a idade que tem", diz Araújo, que coordena treinos da Pro Sport nas areias da praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

O personal trainer diz que não sabe se Romário irá manter as sessões de treinamento na praia, já que em fevereiro ele retoma as atividades parlamentares em Brasília, mas mandou um recado. "Espero que ele não pare, continue treinado em Brasília e aqui na praia com a gente quando estiver no Rio. Estamos esperando ele voltar com aquele gás todo", diz. "Quando procurou a gente, ele queria cuidar do condicionamento, mas também da parte técnica do futebol e futevôlei dele. Aí montamos um programa sob medida que alia as duas coisas."

"Já fiz mais de mil vezes esse procedimento"

O cirurgião Áureo Ludovico de Paula afirmou ao UOL na segunda-feira (30) que já realizou o procedimento "mais de mil vezes", e que em alguns casos houve complicações, mas defende a prática.

"Existe um problema: diabetes", diz o médico. "Você pode ir no melhor clínico do mundo. Ele vai dar remédios para controle, mas você terá zero por cento de cura. Aí você vai ao meu consultório e a cirurgia que eu faço dá de 85% a 90% de cura. É claro que o paciente vai tender para cá. Claro que o risco com a cirurgia é maior do que com o remédio. Afinal, não tem procedimento cirúrgico sem risco algum. Mas a pessoa que sofre da doença consegue balancear os prós e contras e acaba optando pela cirurgia, pois a chance de se curar e resolver o problema é maior", diz o especialista.

Como mostrou o UOL no final de semana, o MPF (Ministério Público Federal) e o CFM (Conselho Federal de Medicina) pedem na Justiça que a técnica seja proibida até que estudos científicos comprovem a eficácia e segurança do procedimento, e que até lá ela seja realizada em caráter experimental. Uma decisão judicial de 2014 autoriza o médico a realizar o procedimento comercialmente.

A técnica polêmica do doutor Áureo se assemelha a uma cirurgia bariátrica convencional, a diferença está na recolocação do íleo (fim do intestino delgado) entre o duodeno e o jejuno, o que aumenta a produção de hormônios da saciedade e melhoram o diabetes.

A intervenção não é reconhecida pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e pelo CNS (Conselho Nacional de Saúde). Declarada experimental, só poderia ser realizada seguindo uma série de regras incluindo ser gratuita.

Ex-jogador está feliz com resultado

No domingo, Romário deu entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo, onde afirmou que está muito feliz com os resultados da cirurgia. brincou com o fato de não conseguir deixar os doces de lado e brincou com seu novo apelido: "Baixinho Magrinho". O discurso foi otimista, assim como já havia mostrado o médico responsável pelo procedimento em entrevista ao UOL.

"Eu estou com 51 anos hoje e posso dizer que nunca estive tão bem", afirmou na TV. "Há dois meses, fiz uma cirurgia e estou bastante saudável e ao contrário do que falam, eu estou muito feliz. Quando eu fiz a operação, estava pesando 78, 79 quilos. E hoje eu estou com uns 68 quilos. Perdi uns 15 quilos nos primeiros dias de cirurgia. E o objetivo da operação não é deixar magro, é controlar a diabetes.", declarou Romário.

"Eu descobri há seis anos que eu tinha diabetes e, a princípio, era tudo controlado. Mas nos últimos cinco meses, ela aumentou, deu picos. E no dia da minha cirurgia variava muito. Cheguei a tomar remédios, mas nos últimos meses deu pico e não conseguia abaixar. Eu comia algumas coisas que para diabético não é nada positivo, especialmente doce. Sou apaixonado por doce, especialmente uma torta de limão", admitiu.

O pós-cirúrgico é pesado. Não poder comer o que quer e o que sempre comia é a parte mais delicada e complexa da cirurgia. Paguei pela cirurgia como as outras pessoas pagaram e bastante consciente que ela iria dar esse resultado. Fiz tudo muito consciente, eu li sobre tudo e cada pessoa reage de uma forma. Eu posso falar por mim e sou um cara mais saudável", afirmou.

"Eu já fiz algumas cirurgias na vida, de joelho, tornozelo... E sempre tive medo. E essa foi igual. Agora estou magrelo. Agora vai ser baixinho magrinho", disse ele aos risos.