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Brasil revê palco de crise da 1ª era Dunga. Fifa, Lula e Galvão cornetaram

Entrevista com Dunga - Convocação para Eliminatórias da Copa, em setembro de 2008  - AFP/Antonio Scorza
Entrevista com Dunga - Convocação para Eliminatórias da Copa, em setembro de 2008 Imagem: AFP/Antonio Scorza

Danilo Lavieri

Do UOL, em Porto Alegre (RS)

28/03/2016 07h01

O Brasil volta a Assunção nesta segunda-feira (29), para encarar os donos da casa pela 6ª rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, que vai acontecer na Rússia. O Estádio Defensores del Chaco, palco da partida de terça (29), foi justamente o local em que a primeira Era Dunga viveu de perto uma grande crise.

Derrotada pelo Paraguai por 2 a 0, no dia 15 de junho de 2008, a seleção voltou para casa sob críticas de todos os lados. O time, que caiu para gols de Cabañas e Roque Santa Cruz, tinha a seguinte formação: Júlio César; Maicon, Lúcio, Juan e Gilberto; Gilberto Silva, Mineiro e Josué; Diego, Robinho e Luís Fabiano. 

A derrota agravou o vexame da primeira derrota na história da seleção para a Venezuela, que acontecera dias antes em um amistoso nos Estados Unidos e colocou em xeque a escolha do treinador em escalar três volantes defensivos. Não à toa, Roque Santa Cruz até usou os microfones para afirmar que ninguém mais respeitava o Brasil como antigamente. 

Galvão Bueno se revoltou na TV Globo, disparou críticas a todos, especialmente ao treinador, e disse que via uma equipe jogando como time pequeno. Até mesmo o então presidente Lula entraria para o time dos críticos da seleção e usou a raça dos argentinos como exemplo a ser seguido. Depois, afirmou que até o Corinthians, seu time de coração, faria melhor do que o apresentado pelos que vestiam a amarelinha.

A situação foi piorando. Em um empate sem gols com um péssimo futebol apresentado diante da Argentina, o técnico ouviu um Mineirão o chamando de jumento em coro. Foram três jogos sem marcar nenhum gol e com quatro sofridos. O site da Fifa divulgou uma notícia classificando a situação vivida pela seleção verde e amarela de inadmissível.

A vitória na sequência por 3 a 0 contra o Chile amenizou, mas logo foi esquecida após péssimos resultados dentro de casa. A seleção empatou por 0 a 0 com Colômbia e com Bolívia e o treinador voltou a ser alvo da torcida do Rio de Janeiro, palco dos dois jogos brasileiros. O grito de “Adeus, Dunga” se tornou famoso e marca registrada de todas as partidas dali para frente.

Nunca o Brasil havia sofrido tanto para vencer dentro de casa como acontecia naquela competição. O time terminou ano sem marcar nenhum gol nas Eliminatórias atuando como mandante.

A volta por cima começou na vitória por 6 a 2 em amistoso contra Portugal, em novembro de 2008, seguido de triunfo por 2 a 0 em outro amistoso contra a Itália. O time reagiu, teve importantes vitórias nas Eliminatórias como o expressivo 4 a 0 em cima do Uruguai, um 3 a 0 no Peru e se consolidou ao ser campeão da Copa das Confederações em uma vitória de virada por 3 a 2 contra os Estados Unidos. Depois, ainda seria 1º colocado da Copa América.

Nesta segunda-feira, Dunga comanda o último treino antes de viajar para Assunção. Ele terá a chance de treinar mais uma vez a equipe que terá desfalques de Neymar e David Luiz. No domingo, no primeiro trabalho após o empate por 2 a 2 contra o Uruguai, ele escolheu Gil e Ricardo Oliveira como os principais substitutos.