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Ele brilhava com "Vou de Táxi" ao fazer gols. E sonha conhecer Angélica

Atacante Táxi fez sucesso embalado por música de Angélica - Montagem
Atacante Táxi fez sucesso embalado por música de Angélica Imagem: Montagem

Fábio Aleixo e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

19/02/2015 06h00

Angélica é famosa, está todos os sábados na telinha da Rede Globo apresentando o programa “Estrelas” e causa alvoroço onde quer que apareça. Adelson Luiz David é um ex-jogador de futebol, nunca teve fama e vive sem luxos na cidade de Olímpia, localizada a 438 quilômetros de São Paulo. Os dois jamais se conheceram, mas são unidos por uma música que fez muito sucesso no fim da década de 80.

O hit “Vou de Táxi”, lançado em 1988, embalou a carreira deste ex-atleta com passagens de destaque por Goiás, Matonense e São Caetano. Isso porque praticamente ninguém conhece Adelson Luiz David por seu nome de nascimento. Para  quase todo mundo, ele é só Táxi,  apelido que ganhou dos amigos em 1981, quando tinha
11 anos e jogava peladas nas ruas de Olímpia.

“Eu era muito pequeno e baixo e meu pai não deixava eu jogar bola, tinha medo que pudesse quebrar a perna contra os marmanjos. O pessoal jogava numa ladeira e eu ficava ali vendo, atrás de um dos gols. Torcia para os caras errarem, para eu correr atrás da bola e pegar para devolver. E sempre fazia isso. Ia e voltava rapidinho, diziam que eu parecia um Táxi. Aí foi pegando e nunca mais saiu. Se você falar aqui em Olímpia do Adelson, ninguém vai saber quem é”, conta o-ex jogador de 44 anos ao UOL Esporte.

E foi em Olímpia que Táxi começou a sua carreira profissional, aos 20 anos, e fez o hit de Angélica tocar no rádio cada vez que anotava um gol pelo time do interior paulista, no qual chegou a fazer dupla com Viola em 1991.

“Aqui em Olímpia, tem o meu padrinho de casamento, o Valter Carucce. Ele é narrador esportivo e sempre que narrava um gol meu colocava a música para tocar. Meu pai, em casa, até chorava”, relembra o ex-atacante, que encerrou a sua carreira em 2005, aos 35 anos de idade.

A música também ecoava pelos alto-falantes do Estádio Anacleto Campanella cada vez que Táxi balançava as redes com a camisa do São Caetano. E esta cena se repetiu bastante entre os anos de 1998 e 1999, quando o jogador ajudou o Azulão a dar passos importantes em seu caminho à elite. Integrou o time campeão paulista da Série A3 em 1998 e vice brasileiro da Série C em 1999.

“Eu me arrepiava cada vez que o sistema de som soltava a música, era demais. A torcida toda gostava e aplaudia”, relembra o jogador, que disputou o Brasileirão de 1997 pelo Goiás após se destacar na Matonense entre os anos de 1995 e 1996.

Táxi relembra que já participou de reportagens com variadas emissoras de TV andando de Táxi nas cidades de Goiânia, Matão e São Caetano. Porém, até hoje, não conseguiu realizar um sonho que tem desde pequeno: conhecer Angélica.

Táxi Goiás - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Táxi à época que defendia o Goiás
Imagem: Arquivo pessoal

“Nunca tive essa oportunidade, esse prazer. Gostaria muito de conhecê-la, pois eu amo essa música. Seria um sonho. Ainda estou vivo e isso pode acontecer (risos). As pessoas sempre me perguntam se a Angélica fez a música para mim, e eu respondo que não”, diz Táxi.

Atualmente, Táxi não tem nenhuma relação com o futebol profissional. É treinador do Unidos da Vila Raia, um time que disputa o campeonato de várzea de Olímpia.

“Eu só queria mesmo ter uma oportunidade para trabalhar como auxiliar técnico do Olímpia (clube que disputa a quarta divisão do Campeonato Paulista, a Série B). Mas mesmo na minha própria cidade nunca me convidaram”, afirma o ex-jogador, que leva uma vida sem luxos no interior.

“Se eu falar que estou com o pé de meia guardado eu estou mentindo pra você, mas tenho a minha casa, o meu carro e vivo também de receber aluguel de casas que meu pai têm aqui. Mas eu só queria que alguém da turma da minha época me convidasse para eu começar como auxiliar ou para ser treinador porque até hoje eu não tive oportunidade”, diz Táxi.