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Walter supera problemas pessoais e busca bom desempenho no Cruzeiro para voltar ao Porto

Walter lembra momentos ruins que passou em Portugal, mas quer retornar ao Porto - UOL Esporte
Walter lembra momentos ruins que passou em Portugal, mas quer retornar ao Porto Imagem: UOL Esporte

Guyanne Araújo

Do UOL, Em Belo Horizonte

29/02/2012 06h00

O sucesso relâmpago no Inter com direito a uma passagem pela seleção, fama, uma lesão grave, o nascimento prematuro da filha e uma difícil adaptação à Europa. Walter tem apenas 22 anos, mas já passou por tudo isso em seu pouco tempo de carreira. De volta ao Brasil para defender o Cruzeiro, o atacante espera deixar todos os problemas pessoais para trás para retomar o bom futebol que o consagrou ainda na época de juniores e voltar a jogar no Velho Continente.

VOLTA AO PORTO É OBJETIVO DE WALTER

  • AFP Photo/Miguel Riopa

    Walter encara este ano como a oportunidade de uma volta por cima na carreira. Ele diz que jogou bem pelo Porto, mas considera que faltou sequência e também mais confiança. "Não adianta jogar um jogo e não jogar o outro. Faltou um pouco mais de chance", lamentou. Ele não esconde que espera ter um bom ano pelo Cruzeiro e, ao término de seu contrato, pretende retornar ao Porto. "Quero ir bem aqui para merecer e voltar para o Porto. Meu pensamento é jogar bem, fazer bons jogos para voltar ao Porto, porque é um sonho do jogador jogar na Europa. Tenho essa chance, minha família gosta muito da região e fiz amigos lá", destacou.

Emprestado pelo Porto até o final de 2012 ao Cruzeiro, Walter acabou de chegar ao clube mineiro, mas já fala em retornar a Portugal. A intenção do atacante é mostrar que as dificuldades que o abateram em sua primeira passagem pela Europa não terão mais vez. “Meu pensamento é jogar bem, fazer bons jogos para voltar ao Porto”, disse em entrevista ao UOL Esporte.

Walter chegou ao tradicional clube lusitano em meados de 2010. As expectativas eram altas, mas não se confirmaram. Apesar de participar da campanha vitoriosa da equipe no Campeonato Português, o brasileiro caiu de produção e não foi inscrito pelo técnico André Villas-Boas na Liga dos Campeões, principal torneio de clubes do mundo. Na avaliação dele, a preocupação com a filha recém-nascida foi determinante neste período de baixa.

“Minha filha nasceu com seis meses, ficou três meses internada. Posso dizer que isso influenciou um pouco no meu futebol, porque a sua filha a qualquer momento pode não estar bem”, comentou.

Ainda assim, ele garante que poderia ter ajudado o time caso fosse inscrito pelo treinador. “Até ele deu entrevista falando que hoje me levaria. Fiquei triste, fiquei abalado, indo para o hospital todo dia, atrapalhou um pouco. Fui campeão da Taça [o Nacional], mas perdi muito por não ter sido inscrito [na Liga]”, recordou. “Trabalhei para valer, mas ele me tirou”.

O problema com a filha, que hoje está bem de saúde, se somou às dificuldades de adaptação aos hábitos europeus. Walter lembra que seu principal obstáculo foi a comida portuguesa, apesar de se tratar de uma culinária mundialmente famosa e bastante difundida no Brasil. Para driblar esse obstáculo, ele contou com a ajuda familiar.

“Eu não comia nada de Portugal. Minha sogra trazia feijão, ou a gente saía para comer em restaurante brasileiro. O que muda mais é o tempero. Minha esposa fazia a comida, por um ano e meio foi assim”, relatou.

  • Washington Alves/Viopcomm

    Walter quer deixar para trás problemas em Portugal, onde acredita que situações pessoais se misturaram às questões do futebol e acabaram prejudicando desempenho nas quatro linhas

Descontraído, o jogador lista comidas de sua preferência, mas diz não se arriscar na cozinha, deixando a tarefa a cargo de sua mulher, Vanessa. “Gosto de feijão, arroz, picanha, frango, massa que a minha esposa faz muito bem. Deixo isso para ela fazer, não é comigo não”, salientou.

Lesão e cirurgia de joelho

As boas atuações no Internacional, onde jogou pelos juniores, levaram Walter à seleção brasileira e também ao Porto. Antes disso, no entanto, em 2009, o atacante sofreu uma lesão no joelho e ficou um tempo parado após cirurgia. O atacante lembra que este foi o momento de sua vida em que mais amadureceu. Segundo ele, o apoio da mãe, Edith, foi o diferencial.

“Naquele ano de 2009, fui para a seleção, tinha proposta para sair, apareceram amigos, empresários e depois de repente todos sumiram, não ficou ninguém. Quem ficou foi minha mãe, que me ajudou muito. Aprendi muito com minha mãe”, ressaltou o jogador, revelando que a mãe não chorava na sua frente para não abatê-lo. “Ela trancava e chorava no quarto, ela cuidou de mim. Falaram que eu ia ficar longe dos  gramados por volta de um ano. Em 2010, joguei depois de cinco meses e fui vendido”.

WASHINGTON ALVES/VIPCOMM
Aprendi a ver quem são os amigos de verdade. Quem passou por cirurgia sabe como é muito difícil. Se não tem força da família, atrasa muito. Precisa de muita força para dar a volta por cima

WALTER, ATACANTE DO CRUZEIRO

Em busca de gols

Tímido no início de sua convivência com os companheiros celestes, Walter garante que já se soltou. “Quando a gente chega, fica um pouco acanhado”, justificou o atacante, apontando os volantes Rudnei e Amaral, o lateral esquerdo Gilson, o zagueiro Mateus e os atacantes Fábio Lopes e Wellington Paulista como os companheiros com os quais tem mais contato. “Brinco mais é com Rudnei, Amaral e Gilson”, acrescentou.

Walter ainda não atuou como titular do Cruzeiro. Ele fez sua estreia na vitória sobre o Tupi, por 3 a 0, no segundo jogo do time pelo Campeonato Mineiro, e jogou todo o segundo tempo do triunfo sobre o Democrata-GV, por 2 a 0, sábado passado.

“Sou um jogador explosivo e que caio pelas beiradas, tenho qualidades. Tenho o pensamento de fazer um bom ano, ganhar títulos para ir para a seleção brasileira”, enfatizou o atacante, que ainda não marcou gols pelo clube celeste. Disputar os Jogos Olímpicos deste ano, em Londres, pela seleção brasileira, é um de seus objetivos para 2012. “Vou trabalhar muito e sei que tenho condições de estar lá”, ressaltou.