Pai, mãe, avô e bisavô: islandês leva 'tradição familiar' à Copa de 2018

Em 2018, pela primeira vez em sua história, a Islândia disputará uma Copa do Mundo. Com a equipe do técnico Heimir Hallgrímsson, estará um jogador que representa uma longa tradição local em campo: Albert Gudmunsson.
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Aos 20 anos, o atacante do PSV Eindhoven disputará sua primeira grande competição com a seleção principal masculina da Islândia. Antes deles, porém, a camisa do país já foi vestida pelos pais, por um avô e até por um bisavô.
Formado pelo KR, um dos clubes mais vitoriosos do futebol islandês, Gudmundsson chegou ao futebol holandês em 2013, aos 16 anos, para atuar nas categorias de base do Heerenveen. Duas temporadas depois, aos 18, foi contratado pelo PSV, no qual atua ainda hoje pelo lado direito do ataque.
Em seu país, Gudmundsson é visto como um jovem talento. “Ele é sempre perigoso. Pega a bola, corre, dribla um ou dois adversários”, analisa Thorsteinn Hardarson, diretor de futebol do Vikingur Ólafsvik, clube da segunda divisão local, ao site SportStar Live. “Ele tem bons chutes, é ativo e cria muitas chances”, completou.
A ascensão de Gudmundsson reflete a evolução do futebol de seu país. Lanterna de seu grupo nas eliminatórias europeias para a Copa do Mundo de 2010, a Islândia ficou perto de ir à Copa de 2014, mas caiu diante da Croácia na repescagem continental. Depois disso, garantiu vagas inéditas na Eurocopa (caiu nas quartas de final da edição de 2016) e na Copa do Mundo.
A situação é bem diferente da vivida pelas seleções locais no fim do século XX. “Nunca estivemos perto de uma vaga na Eurocopa ou na Copa do Mundo. Tínhamos a personalidade e a mentalidade – esportistas islandeses normalmente têm a mentalidade correta. Mas não tínhamos muitos jogadores com grande habilidade técnica”, diz Gudmundur Benediktsson, pai de Albert Gudmundsson e jogador da seleção local entre 1994 e 2001, também ao site SportStar Live.
Hoje comentarista de TV na Islândia, Benediktsson protagonizou um momento que o tornou conhecido internacionalmente na Euro 2016. Após a vitória islandesa por 2 a 1 sobre a Inglaterra nas oitavas de final, Gummi Ben – como é conhecido – perdeu a linha nas cabines do estádio Allianz Riviera, em Nice.
“Apite! Acabou! Acabou, juiz! Acabou!”, pedia o comentarista nos momentos finais da partida. Diante do fim do jogo, celebrou. “Acabou! Acabou! Nós vamos para Paris! Nós nunca vamos para casa! Olhem, vejam! Isto é incrível! Eu não acredito! Eu não acredito no que vejo! Não me acordem! Não me acordem deste sonho! Vaiem quem vocês quiserem, Inglaterra! A Islândia vai para o Stade de France! Vocês podem ir embora, podem deixar a Europa! Podem ir para onde quiserem! Placar final: Inglaterra 1, Islândia 2”, festejava, emocionado e sem voz.
Com a Copa do Mundo, Benediktsson promete novas emoções – agora com o filho em campo. Mais do que um orgulho para o pai, Gudmunsson coroa toda a tradição familiar em campo, e pode acrescentar novos resultados à melhor geração do futebol da Islândia.
Conheça a árvore genealógica de Albert Gudmunsson no futebol:
Albert Gudmundsson: o pioneiro
A passagem pelo clube foi rápida. Já em 1944, transferiu-se para o Arsenal a convite do técnico George Allison. Em Londres, porém, teve poucas chances. Assim, transferiu-se nos anos seguintes para Nancy, da França (temporada 1947/1948); Milan, da Itália (temporada 1948/1949, quando sofreu uma grave lesão no joelho); Racinc Club de Paris (de 1949 a 1952); e Nice, da França (segundo semestre de 1952). Voltou ao Valur em 1953, aposentando-se em 1958 pelo FH.
Atleta da seleção entre 1946 e 1958, Albert Gudmunsson se elegeu em 1974 para o Althingi, o parlamento islandês, como representante da capital Reykjavik. Iniciou-se ali uma carreira na política, que incluiu uma disputa presidencial (1980) e as indicações aos ministérios das Finanças e da Indústria, ambos na década de 80. Morreu em 1994, aos 70 anos.
Ingi Björn Albertsson: o artilheiro local
Durante toda a década de 70, atuou pelo Valur e pela seleção islandesa. A trajetória no clube durou até 1988, quando acertou com o UMF Selfoss. Teve ainda duas passagens pelo FH, em 1981 e entre 1984 e 1986. Aposentou-se em 1990 como o segundo maior artilheiro da história da liga islandesa, marcando 126 gols – cinco a menos que Tryggvi Gudmunsson, ainda em atividade aos 43 anos.
Foi jogador-treinador do FH durante sua segunda passagem pelo clube, antes de iniciar de fato sua carreira como técnico. Durante a década de 90, treinou diversos times do futebol islandês. A exemplo do pai, também virou político – no fim da década de 80, foi eleito para o Althingi.
Kristbjörg Ingadóttir: mãe, atacante e treinadora (campeã)
Foi ainda no Fylkir, equipe na qual atuou em 2004, que Kristbjörg começou sua carreira como treinadora. Foram duas passagens: de 2004 a 2006 e de 2016 a 2017. Em 2005, levou o time ao título da segunda divisão nacional feminina.
Kristbjörg tem um irmão, que também virou jogador de futebol: Albert Brynjar Ingason. Curiosamente, é o único da família que jamais foi convocado para a seleção islandesa.
Gudmundur Benediktsson: o comentarista pop
Desde que pendurou as chuteiras, Benediktsson começou também uma breve carreira como treinador. Entre 2010 e 2016, trabalhou como técnico e auxiliar-técnico em times do país, com pouco destaque.
Em 2016, virou comentarista da Stod2, uma TV local, na Eurocopa de 2016. E transformou-se em sensação internacional diante de sua pouca comedida comemoração na vitória da Islândia por 2 a 1 sobre a Inglaterra nas oitavas de final da competição.
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