Suspeito de envolvimento com tráfico, ídolo mexicano pode jogar sua 5ª Copa
Um dos maiores nomes do futebol mexicano, o zagueiro Rafa Márquez vive a expectativa de jogar a quinta Copa do Mundo de sua carreira. Pré-convocado pelo técnico Juan Carlos Osorio, o veterano de 39 anos pode se juntar ao compatriota Antonio Carbajal, ao alemão Lothar Matthäus e ao italiano Gianluigi Buffon como recordista nesse sentido. A lista oficial será anunciada em 4 de junho.
Enquanto treina com a seleção, Márquez também está à espera de decisão ainda mais importante para sua vida, muito além da carreira de jogador que está perto do fim. Desde agosto do ano passado, o ídolo mexicano consta em uma lista que não lhe traz nenhum orgulho ou prazer, como seria a de convocados para um Mundial.
Márquez é citado pelo governo dos Estados Unidos como suspeito de envolvimento com o tráfico de drogas. Teve, por isso, seu visto norte-americano cancelado, além de parte de seu patrimônio congelado. Também está impedido de fechar negócios com empresas ou pessoas do país vizinho.
O Departamento de Tesouro dos Estados Unidos acusa o mexicano de utilizar nove empresas como fachada para acobertar recursos financeiros provenientes do tráfico. Depois da acusação, Márquez se apresentou à procuradoria geral mexicana para prestar depoimento, alegando inocência. As autoridades dos países trabalham em conjunto nas investigações, ainda em curso.
O zagueiro do Atlas de Gudalajara foi incluído em uma lista com 22 pessoas suspeitas de envolvimento com Raúl Flores Hernández, a quem os norte-americanos atribuem o controle de uma organização de tráfico de drogas. Flores já foi indiciado no ano passado.
À época, Márquez negou qualquer envolvimento com essa organização. As autoridades norte-americanas têm o direito de congelar negócios e recursos de alvos de suas investigações. Desta forma, todo o patrimônio do zagueiro que estiver registrado nos Estados Unidos fica sob jurisdição do governo. Márquez também fica proibido de fechar negócios com norte-americanos.
Sem aparentemente se preocupar com as investigações, Osorio valoriza a presença do zagueiro na seleção do ponto de vista de liderança de elenco – ele foi capitão do país nas últimas quatro Copas –, fora sua notória habilidade com a bola, que o levou a uma passagem de sete anos pelo Barcelona.
"Acreditamos que a decisão seja pelo que ele pode apresentar à equipe dentro do campo. Fora é quem mais pode contribuir, mas queremos que (se for à Copa) seja por razões esportivas", disse o treinador colombiano, que dirigiu o São Paulo em 2015. "Rafa está trabalhando, e se nota seus desejos de contribuir com a seleção.”
A presença de Márquez na seleção mexicana, de toda forma, já causa saia justa para a federação do país. Durante os treinos, o zagueiro tem trabalhado com uniformes que não estampam os patrocinadores da entidade. Os dirigentes temem que, devido às restrições impostas pelo governo dos EUA, essas marcas possam ser atingidas legalmente.
Dentro do elenco, as manifestações têm sido predominantemente favoráveis a sua convocação. "Não há palavras para descrever o que ele representa para nós jogadores mexicanos. Ele é um exemplo para todos. Se tivermos de carregá-lo na viagem, faremos. Se tiver de dar a ele minha vaga, deixaria”, afirmou o atacante Carlos Vela, do Los Angeles FC.
Márquez concluiu em abril pelo Atlas aquela que foi a última temporada de sua carreira. O clube de Guadalajara lhe prestou homenagens no histórico estádio Jalisco, em uma vitória por 1 a 0 sobre o arquirrival Chivas. Foi nesse mesmo estádio que ele estreou pelo clube em 1996.
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