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Copa 2018

Seleção de Tite tem 5 armas ofensivas no banco e destoa de Felipão e Dunga

Tite corre ao lado de Firmino, uma das opções de banco da seleção - Pedro Martins/MoWa Press
Tite corre ao lado de Firmino, uma das opções de banco da seleção
Imagem: Pedro Martins/MoWa Press

Danilo Lavieri e Dassler Marques

Do UOL, em Berlim (Alemanha)

29/03/2018 04h00

Olhar para o banco de reservas e não encontrar soluções para amenizar desfalques ou mudar o panorama de um jogo é uma lembrança real das últimas duas participações do Brasil em Copas do Mundo. Diferentemente de Luiz Felipe Scolari e Dunga, que não tiveram sucesso em criar essas alternativas, o elogiado trabalho de Tite tem feito a seleção se preparar para ter confiança nos suplentes e variações de sistema. 

Embora tenha adotado uma postura mais pragmática desde a obtenção da vaga na Rússia, com a repetição frequente da equipe principal, Tite encontra brechas para testar situações como as presenças de Coutinho e Fernandinho como armadores centrais, a afirmação de Douglas Costa como opção e Firmino com bom número de jogos como o suplente de Gabriel Jesus. 

Tite considera hoje que a seleção brasileira pode atuar em três esquemas táticos, um leque muito mais aberto que nos tempos de Felipão e Dunga. A despeito de ter o 4-1-4-1 como formação principal, a seleção de hoje pode jogar muitas vezes no 4-2-3-1, o que deixa na prática um meia ofensivo mais próximo do centroavante. Outra variação (essa, pouco testada) é o 4-4-2, com duas linhas com quatro atletas e dois homens na área.  

Em entrevista coletiva na última terça-feira, depois de vitória sobre a Alemanha, o auxiliar Sylvinho admitiu que o Brasil de hoje é um time sólido defensivamente, que sofre pouquíssimos gols, mas que ainda precisa aprimorar a parte ofensiva. Hoje, cinco jogadores são alternativas e fornecem um leque ainda maior de variantes dentro de sistemas e posicionamentos. Só Coutinho, por exemplo, joga em três posições. 

Esse cenário, pode se dizer desde já, é muito distinto ao que o Brasil experimentou em 2014. Ao perder Neymar, Scolari usou Bernard contra a Alemanha, uma opção que sequer havia treinado. Jô, o reserva do criticado Fred, foi decepção em treinamentos e se tornou figura nula. Willian, então estreante em Copas, teve pouco espaço. Hernanes, outra opção para organização e mudança de sistema, foi mal e não se credenciou a jogar. 

A lembrança nesse sentido é ainda mais forte sobre 2010, quando o Brasil foi eliminado pela Holanda com substituição por fazer. Dunga, criticado por se fechar com atletas importantes nos primeiros anos de seu trabalho, não confiou em Júlio Baptista, por exemplo, na África. Grafite, chamado na reta final, foi outro a falhar. A única troca de ataque feita foi Nilmar, que não gerava confiança. O sistema, naquele Mundial, não mudava: a seleção só jogava no 4-2-3-1. 

Há caminho a ser percorrido por Tite e seus jogadores até a Rússia, mas o leque de opções aberto no banco de reservas destoa de 2010 e 2014. 

Confira as cinco opções ofensivas que Tite planeja para o banco do Brasil na Copa

Firmino: mais que o reserva de Jesus

Inicialmente, o atacante do Liverpool é o reserva imediato de Jesus. Mas, com um repertório diferente: gosta de abrir espaços pelos lados, recuar e permite a infiltração dos companheiros. Também tem qualidade de assistência. Assim, Tite acredita que ele também possa atuar em companhia de Jesus ou um possível jogador de mais peso na área. O treinador chegou a fazer testes com ele como ponta, mas entendeu que Firmino não tem a dinâmica para esse setor. 

Willian: entrada dele mexe com Coutinho

Chega a ser estranho descrever Willian como reserva, tamanha sua assiduidade nos jogos da seleção. Segundo jogador com mais minutos desde a Copa passada, ele é o reserva imediato de Coutinho, muitas vezes de Neymar ou até de Renato Augusto - neste caso, Coutinho é quem joga no meio e Willian vai pela ponta. Com 12 assistências no ciclo, é a opção principal de Tite no banco hoje. 

Fred: o volante que abre defesas

Em sua segunda convocação com Tite, o meia do Shakhtar ganhou moral pelo desempenho em treinamentos e tem tudo para ir ao Mundial. É opção como armador para as reservas de Paulinho, Renato Augusto e até mesmo Casemiro em uma configuração mais ofensiva. A versatilidade que ele oferece é um dos pontos que agrada a comissão. A tendência é que receba mais minutos nos amistosos seguintes à lista, em junho, caso de fato esteja nela. 

Douglas Costa: velocidade de um lado e chute forte do outro

Muito perto da Copa, é o desde o princípio da era Tite um jogador visto pelo técnico com potencial de titularidade. Após conversas com Guardiola, ele se convenceu que Douglas atua melhor quando bem aberto pelas pontas, quase na linha lateral, para ter mais campo e imprimir velocidade, preferencialmente pela esquerda. Com uma finalização potente, o canhoto ainda foi pouco testado, mas pode atuar pelo lado direito do ataque. 

Willian José? Talisca? Diego Souza?

Com Fernandinho, Coutinho e Fred provavelmente como opções para as vagas de Paulinho, Renato Augusto e Casemiro, Tite quebra a cabeça para definir mais um jogador de frente que tenha características distintas dos demais.

As observações de Willian José e Talisca nos treinos de março serviram para abrir ainda mais o leque do técnico, que gostaria a princípio de ter um jogador com força física para o jogo na grande área. Diego Souza e Diego Tardelli foram outros vistos nessa posição em listas mais recentes. Hoje, se Tite se convencer com alguém desse perfil, provavelmente abrirá mão de um meia organizador entre os 23.  

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