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Trump, geografia e paixão: as apostas de Marrocos para sediar a Copa-2026

Logo da candidatura do Marrocos para a Copa do Mundo de 2026 - Divulgação
Logo da candidatura do Marrocos para a Copa do Mundo de 2026 Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

30/01/2018 04h00

No dia 13 de junho deste ano, as 211 federações filiadas à Fifa irão decidir onde será a Copa do Mundo de 2026. São duas opções: a candidatura conjunta de Estados Unidos, Canadá e México, apontada como favorita, e o azarão Marrocos. Para contrariar tais expectativas e derrotar o trio americano, o projeto africano tem alguns trunfos. Eles vão desde sua localização geográfica até os discursos polêmicos do presidente Donald Trump.

É na geografia, inclusive, que está boa parte da confiança marroquina. O comitê africano argumenta que seu fuso-horário é muito próximo dos principais centros europeus, o que significa mais jogos em horários nobres em mercados decisivos na transmissão televisiva. Mais jogos valorizados para as TVs significam mais receita para a Fifa.

Outro fator geográfico destacado pelos marroquinos está na facilidade de transporte durante o torneio. Considerando as dimensões de Estados Unidos, Canadá e México, o Marrocos permitiria às seleções e aos torcedores deslocamentos mais curtos e mais rápidos. Com jogadores mais descansados, melhores seriam as partidas, defendem.

Como a Copa do Mundo de 2026 será a primeira com 48 seleções, o número de jogos saltará dos atuais 64 para 80. A intenção do Marrocos é apresentar 14 cidades-sedes. Muitas delas precisarão de novos estádios, mas os responsáveis pela candidatura acenam que apostarão em arenas que podem ser reduzidas depois do Mundial para se adequarem à realidade das cidades.

Na Copa de 2022, por exemplo, o Qatar terá um estádio construído com 880 contêineres que pode ser totalmente desmontado e erguido em outro lugar. O governo do Qatar, inclusive, já sinalizou seu apoio à candidatura do Marrocos, falando em auxílio “no que for necessário”, afirmação que foi entendida pela mídia africana como uma espécie de “garantia” financeira ao projeto.

Os marroquinos, por outro lado, sabem do poder da candidatura adversária. Estados Unidos, Canadá e México, juntos, possuem uma infraestrutura esportiva mais facilmente adaptável para a Copa do Mundo, além de toda a relevância do trio nos demais aspectos, como logística, hotelaria e transporte.

Como os Estados Unidos encabeçam a candidatura e receberiam a maioria dos jogos, parte da esperança do comitê do Marrocos está na polêmica postura do presidente norte-americano Donald Trump em relação a imigrantes. Além da promessa de construir um muro na fronteira com o México e de proibir a entrada no país de pessoas naturais de sete países majoritariamente muçulmanos, Trump frequentemente ganha críticos com declarações sobre o tema.

“Nós prometemos organizar um torneio que transborde a real paixão [pelo futebol] e que celebre valores como unidade e paz”, declarou o chefe do comitê marroquino, Moulay Hafid Elalamy, que também é ministro da Indústria do país. Ele disse que evitaria comentários diretos sobre Trump “por não ser apropriado”, mas faz questão de destacar uma característica oposta ao do presidente norte-americano.

Por fim, outra aposta dos marroquinos está na paixão do país pelo futebol. Diferentemente de Estados Unidos e Canadá, o Marrocos tem no futebol seu esporte mais popular. Embora a liga profissional no país seja recente, os marroquinos alimentam seu amor pela bola torcendo principalmente para os clubes europeus, em especial os espanhóis.

As duas candidaturas por 2026 devem entregar em março à Fifa um projeto mais detalhado, que será encaminhado para as 211 confederações associadas. Atualmente, a desconfiança em torno do projeto marroquino é grande, já que o comitê só lançou oficialmente sua campanha neste mês e ainda engatinha em estratégia de comunicação, divulgação e mesmo em seu organograma interno.

A candidatura do Marrocos também reforça que não tem ligação nenhuma com as outras quatro candidaturas anteriores do país (1994, 1998, 2006 e 2010), já que uma delas é alvo de investigação por corrupção.  Mas o fato é que restam menos de cinco meses para a definição de quem vai sediar a Copa de 2026 e tem um país africano desafiando toda a América do Norte.

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