Em casa, Trajano reúne turma saída da ESPN para falar da Copa na TV aberta
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
“Disseram que a gente não ia fazer a Copa”, diz José Trajano, sorrindo, na sala de seu apartamento, em São Paulo. O local parece um estúdio de TV, com duas câmeras, um switcher, vários computadores de edição e uma dezena de pessoas se movimentando. São 17h30 e faltam 30 minutos para ir ao ar “Papo com Zé Trajano”, um programa diário, de segunda a sexta, exibido durante o Mundial da Rússia no canal TVT.
Muito identificado com a ESPN Brasil, que dirigiu entre 1995 e 2012, Trajano foi desligado do canal em 2016, após 21 anos. Não à toa, 12 integrantes da equipe de “Papo com Zé Trajano” trabalharam no canal de esportes, desde o coordenador até os dois motoristas, passando pelos que fazem câmera, edição e reportagem. “Todo mundo demitido da ESPN. Pensei: a gente vai ficar chupando dedo na Copa? Não! Liguei pra todo mundo”, conta.
A cada dia, Trajano recebe dois convidados para comentar os jogos do dia, mostrar os gols e melhores lances, além de palpitar sobre os assuntos mais importantes da Copa e, também, filosofar sobre temas aleatórios.
Nesta segunda-feira (25), na companhia do escritor Ignácio de Loyola Brandão e do jornalista Gerd Wenzel, comentarista da ESPN, a conversa, bem-humorada, engrenou por caminhos inesperados. Loyola se recordou de um suposto encontro de Pelé com Jean-Paul Sartre em Araraquara, em 1960, e Wenzel penou para traduzir como um narrador alemão descreveu o gol salvador de Kroos na partida da Alemanha com a Suécia.
Os jornalistas Helvídio Mattos e Roberto Salim, ambos com mais de duas décadas de ESPN no currículo, estão produzindo reportagens para o “Papo com Zé Trajano”. Nesta segunda, o programa exibiu duas de Helvídio – uma sobre a expectativa de imigrantes nigerianos em São Paulo para a partida contra a Argentina, nesta terça-feira (26), e outra, de ambiente, numa feira livre, sobre o jogo do Brasil com a Costa Rica.
Lúcio da Castro manda comentários do Rio – o mais recente foi sobre os 40 anos do fim da Copa do Mundo de 1978, na Argentina, lembrando como o evento foi usado pela ditadura militar que mandava no país.
Acidentes, claro, acontecem. Ao anunciar o comentário de Castro, foi ao ar, inicialmente, um VT antigo, já exibido, sobre outro assunto. Trajano não se abalou ao comentar o erro. “Tá parecendo aquele programa da Globo, que chama um VT e entra outro”, disse, referindo-se ao “SporTV News”.
Outra atração do “Papo” são os comentários do ex-presidente Lula, atualmente cumprindo pena de prisão na Polícia Federal, em Curitiba. “Foi ideia minha. Conheço um dos filhos do Lula, sugeri e ele adorou. Ele manda os comentários por escrito, uma ou duas vezes por semana”, conta Trajano. No segundo texto, sobre a partida com a Costa Rica, Lula observou: “Temos de reconhecer que o Brasil outra vez não jogou bem, e o Tite sabe disso. Não jogou bem porque o adversário não deixou e será assim em todos os jogos. Ninguém quer perder para o Brasil”.
“A gente está mostrando para as pessoas que dá para fazer um programa caseiro com dignidade”, diz Trajano. O apresentador não revela valores, mas afirma que é remunerado pela TVT e que todos os integrantes da equipe estão recebendo pelo trabalho. "E no fim de semana, tudo isso aqui sai e o lugar volta a ser o meu apartamento", observa, rindo.
A TVT (TV dos Trabalhadores) é gerida por uma fundação mantida por sindicatos controlados pela CUT. Está disponível no canal 44,1 captado em São Paulo por quem dispõe de antena digital. Como não é associada ao Ibope, não há números de audiência verificáveis dos programas que exibe. O "Papo com Zé Trajano" também pode ser ouvido na rádio Brasil Atual (98,9 FM).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.