Rodrigo Mattos

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Dona do Vasco, 777 é acusada de fraude e cobrada para pagar R$ 3 bilhões

A 777 Parterns, dona do Vasco, está sendo acusada na Justiça dos EUA de uma fraude no valor de US$ 351 milhões (R$ 1,8 bilhão) por uma empresa credora. Há no processo também a imputação pela acusadora de RICO (organização corrupta) contra a 777. Trata-se de um processo civil e não criminal. A 777 não quis se pronunciar sobre o tema.

O caso foi revelado pela Bloomberg e os documentos da ação foram obtidos pelo blog. O processo teve início em 5 de março de 2024.

A empresa inglesa Leandehhall Capital Investment, ligada ao ramo de seguros, emprestou dinheiro para a 777 Partners em 2021. No total, a empresa diz ser credora de um total de US$ 609 milhões (R$ 3,1 bilhões) de empréstimo feito à dona do Vasco. Na ação, há uma cobrança para pagamento imediato desse valor por descumprimento do contrato de mútuo entre as partes.

O caso se inicia em 19 de setembro de 2022 quando a empresa inglesa de seguros recebe um email anônimo com acusações de os ativos usados por empresas do grupo 777 Parterns (Suttonpart) não existiam. Segundo esse email, Josh Wander ou não comprou os ativos ou já os comprometeu em outros empréstimos.

A partir daí, a Leandehall inicia uma investigação sobre o caso para saber sobre as garantidas dadas ao seu empréstimo.

Em novembro de 2023, uma empresa de cobrança em nome da Leandehall envia uma carta para Steve Pasko, sócio de Wander na 777, em que afirma que houve quebra do contrato do empréstimo de maio de 2021.

"Baseado na nossa atual investigação, os tomadores de empréstimo (777) quebraram materialmente os acordos ao usar duplamente garantias para duas empresas que fizeram empréstimos e para uma terceira parte que também emprestou dinheiro, apresentando garantias para as empresas que nunca foram comprados pelos tomadores de empréstimos (777) (e que portanto eles não eram donos), e vendendo e removendo garantias dadas aos emprestadores sem a redução do empréstimo."

Há um buraco de US$ 310 milhões em garantias dadas pela empresa SPLCSS, e outro de US$ 41 milhões para a Dorchester. Ambas as firmas são do grupo 777 Partners. Ou seja, no total, foram dadas garantias inválidas no valor de US$ 351 milhões (R$ 1,8 bilhão).

No início de março de 2024, a Leandhall entrou com o processo contra a 777 Partners, seus sócios Josh Wander e Steve Pasko e empresas do grupo. Em 15 de março de 2024, a empresa inglesa mandou uma carta com a cobrança de pagamento imediato por "Default", isto é, descumprimento do contrato.

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"De acordo com as seções 7.01 e 7.02 do contrato master de empréstimos, Leandhall agora acelera e declara todas as obrigações dentro do contrato imediatamente devidas e devendo ser pagas", diz o texto. E cita o valor de US$ 609 milhões.

Além dessa ação, a 777 Partners também sofre cobrança de um ex-sócio, Bruno Venanzi, dono do estádio do Standard Liége, clube pertencente à 777. Segundo a revista Josimar, ele entrou com ações de cobrança de 8 milhões de euros em dívidas.

Essas cobranças bilionárias e a trava da compra do Everton colocam a capacidade financeira da 777 Partners sob questionamento. O grupo, que já atrasou pagamentos para o Vasco no ano passado, tem que fazer um aporte de mais de R$ 200 milhões na SAF vascaína em 2024.

Procurada, a 777 Partners informou que não iria se pronunciar sobre o tema.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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