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Rodrigo Mattos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

City se torna clube mais rico do mundo em nova realidade do futebol

Sheikh Mansour bin Zayed Al Nahyan, dono do Manchester City - Warren Little/Getty Images
Sheikh Mansour bin Zayed Al Nahyan, dono do Manchester City Imagem: Warren Little/Getty Images

27/03/2022 04h00

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A "Money League", lista da consultoria Deloitte que reúne os 20 clubes mais ricos do mundo, apontou o Manchester City no topo: foi o clube que gerou maior receita em 2020/2021. É a primeira vez que o clube inglês chega a esta posição que variava antes entre Barcelona, Real Madrid e Manchester United. A ascensão financeira do clube de Guardiola representa uma nova era no futebol mundial.

Clubes cujos donos são Estados ou bilionários gastadores já se tornaram protagonistas nas competições internacionais. São os casos do City, do PSG, do Chelsea.

Mas, apesar de seus gastos exorbitantes com contratações, não figuravam no topo da lista de receita. Isso porque times mais tradicionais —notadamente Real Madrid e Barcelona— têm maior número de fãs e, portanto, geravam mais dinheiro. É o tradicional do futebol: quanto maior a torcida, mais rico o time.

Só que esses clubes têm limites reais de receita que é da exploração da torcida. E estão sujeitos a perdas comerciais quando um Messi ou um Cristiano Ronaldo, além de jogadores grandes marcas, deixam seus quadros.

Enquanto isso, o City gera receitas comerciais em boa parte ligadas a seus donos. Lembremos, Sheik Mansur, membro da família real de Abu Dhabi, é o dono do Grupo City. Em uma olhada no site do City, sete dos patrocinadores globais do clube são de Abu Dhabi ou dos Emirados Árabes Unidos. E são os principais parceiros como Etihad Airways, que dá nome ao estádio e à camisa, ou Etisalat, telefônica.

Com esses apoios, o City acumulou 308 milhões de euros em receitas comerciais. Para efeito de comparação, o Real Madrid, segundo da lista dos mais ricos, ficou com 321 milhões de euros das mesmas receitas. Ou seja, um clube bem mais popular e conhecido ganhou quase a mesma coisa com patrocínios e licenciamentos.

No total, o City acumulou 645 milhões de euros em receita —não são incluídas nesta conta as transferências de jogadores. Leva vantagem sobre o Real porque as rendas de TV da Premier League são maiores e o clube avançou até a final da Champions League, com premiações maiores na principal competição. A operação tem um lucro de 2,4 milhões de libras. Mas, com a inclusão das transferências, há um buraco de 100 milhões de euros.

A UEFA tinha regras de Fair Play financeiro relacionada a patrocínios de partes interessadas. City e PSG já foram alvo de escrutínio. Mas, cada vez mais, isso tem sido relaxado. A UEFA não parece mais interessada em olhar no detalhe essas receitas, e as regras não são tão claras. Os novos regulamentos de controle financeiro, que vão substituir o Fair Play, também não têm indicativo de que isso será mais rígido no futuro.

Foi a primeira vez que um clube neorico chegou ao topo da lista dos 20 mais ricos do futebol europeu. Provavelmente não será a última.