Pobre bola! Levou a culpa pelo futebol medíocre do Flamengo
Empatar com o Vasco, nas atuais circunstâncias, com a enorme diferença de faturamento e investimento no futebol dos dois clubes, causando considerável desequilíbrio técnico entre os dois elencos, sempre deixará um gosto amargo na boca dos rubro-negros.
Ainda mais quando se tem um pênalti a favor, aos 42 minutos do segundo tempo, e seu melhor cobrador o desperdiça de forma bisonha. Ainda mais quando as duas melhores chances para marcar (fora a penalidade máxima) foram de seu rival, salvas por intervenções quase milagrosas de um de seus zagueiros (Léo Pereira, que foi disparado o melhor jogador em campo).
Após o empate em 0 a 0, entretanto, Tite encontrou um vilão surpreendente para o mau desempenho de sua milionária equipe: a bola! Sim, provocado por uma pergunta sobre a má qualidade do gramado (após mais um mês sem jogos), o treinador preferiu isentá-lo de culpa e falar da qualidade da bola.
Não foi uma crítica direta, contundente. Mas o suficiente para insinuar que a redonda usada no Carioquinha não é das mais confiáveis e atrapalha o estilo de jogo rubro-negro, de muitos toques do seu time.
Terá sido culpa da bola a estapafúrdia decisão de improvisar o limitado Varela na lateral-esquerda? Foi a Leonor que lhe sugeriu que tal solução seria melhor que improvisar o canhoto Léo Pereira, que já atuou ali diversas vezes (bastava a entrada de David Luiz)?
Talvez tenha sido também a Gorduchinha (ave, Osmar Santos!) quem o convenceu de que a melhor estratégia era ficar tocando bolas na intermediária e cruzando alto sobre a área vascaína todas as faltas a partir da intermediária rival.
Para que ensaiar jogadas alternativas, não? A bola deve ter lhe prometido que iria fugir da cabeça dos cruz-maltinos e encontrar a testa dos rubro-negros. Ah, menina mentirosa!
Aposto que é a traiçoeira pelota que o convence que o peladeiro Luís Araújo pode ajudar o ataque do Flamengo. Se entrar no lugar de Nicolas De La Cruz, então... É claro que (não) vai funcionar.
Aliás, a contratação deste jogador de uma das ligas mais medíocres do futebol mundial (a MLS), por 9 milhões de dólares, deveria ser motivo de investigação na Gávea. Mas Landim, como se sabe, é "parceiraço" de Marcos Braz (palavras dele próprio).
Voltando a vilã do clássico dos milhões (curiosamente, não se falou dela nas vitórias sobre o Audax e o Sampaio Corrêa), deve ter sido ela quem resolveu boicotar o peteleco de Gabriel na cobrança de pênalti que poderia ter dado a vitória ao Flamengo. E o engraçado é que, quando ele treinava e levava a profissão mais a sério, ela sempre foi sua parceira.
A pelota, essa messalina infiel, andou traindo até o goleiro Rossi, que entrou em litígio claro com ela em alguns lances. Curiosa a sina do Flamengo. Contrata ótimos goleiros e os destrói. Por que será? Quem os treina?
Culpada ou não, fato é que a bola que o Flamengo jogou no seu primeiro grande teste da temporada foi mesmo murcha, Murchíssima. E Tite é responsável por isso,.de muitas formas:
Ao não exigir a contratação de um lateral-direito que saiba minimamente jogar futebol.
Ao ser incapaz de dar um padrão de jogo ao time (que é praticamente o mesmo que treinou na reta final do Brasileiro do ano passado).
É início de temporada? Sim. Deve se ter paciência, como pediu o próprio Tite, na coletiva? Concordo. Mas culpar a bola por uma atuação decepcionante em seu primeiro teste pra valer, decididamente, não é uma boa saída.
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