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Erros de presidente da CBF com a seleção tiraram Del Nero da toca

Uma regra não escrita oficialmente mostra que o melhor jeito de enfraquecer a oposição em um clube é manter o futebol forte. O momento atual da seleção brasileira nos mostra que isso vale também para a CBF.

O vergonhoso sexto lugar da seleção brasileira nas Eliminatórias da Copa de 2026, com três derrotas em seis jogos, vitaminou opositores da atual diretoria da Confederação Brasileira de Futebol.

O estrago em campo foi tão grande que o ex-presidente da entidade Marco Polo Del Nero, banido do futebol por 20 anos pela Fifa sob a acusação de receber suborno em contratos de direitos de transmissão, botou a cara para fora da toca. Ele nega as acusações.

Em texto publicado nesta quinta (30) pelo UOL, Del Nero detonou a administração do atual presidente, Ednaldo Rodrigues. Ele criticou gestão financeira da CBF e afirmou que a seleção brasileira vai de mal a pior. O ex-dirigente também pediu a renúncia de Ednaldo ou seu impeachment.

Ao se manifestar publicamente, o ex-presidente se coloca como a cara da oposição na CBF, naturalmente estendendo a mão para os descontentes com Ednaldo e dando de ombros para seu banimento do futebol.

Os erros de Ednaldo com a seleção brasileira criaram o ambiente para Del Nero ficar à vontade para sair dos bastidores e disparar publicamente contra a atual administração da CBF.

Quando a Copa do Mundo do Catar começou, Tite já sabia que deixaria a seleção ao término dela. A decisão antecipada do técnico foi a deixa para a CBF definir com calma seu sucessor.

Porém, Ednaldo encasquetou com Carlo Ancelotti e decidiu esperar por ele até o ano que vem, subestimando a importância de um planejamento a longo prazo.

Tempo valioso foi perdido com Ramon Menezes como interino antes de a competição que vale vagas no próximo mundial começar.

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Não deu certo. Então, Ednaldo contratou Fernando Diniz para uma interinidade de luxo, até Ancelotti chegar, se o plano da CBF vingar.

Diniz não teve tempo para fazer amistosos antes de sua estreia pela seleção já que o período anterior às Eliminatórias foi usado com Ramon. Ele tem um estilo muito diferente do de Tite. O bom senso dizia que Diniz precisaria de tempo para fazer seu trabalho dar frutos. Mesmo assim, o presidente da CBF o contratou por apenas um ano para esperar por Ancelotti, que tem contrato com o Real Madrid até o fim de junho de 2024.

Ednaldo também apostou num modelo em desuso no futebol brasileiro: o compartilhamento do mesmo treinador por um clube e pela seleção.

O dirigente assumiu todas essas escolhas sem a ajuda de um coordenador com conhecimento técnico. Ele decidiu não substituir Juninho Paulista, ex-ocupante do cargo.

Em campo, o risco de os jogadores demorarem para assimilar a forma de jogar implementada por Diniz se materializou com maus resultados. Estava formada a tempestade perfeita para a oposição ganhar corpo.

Se Ednaldo tivesse escolhido um caminho mais convencional, com planejamento a longo prazo, um treinador exclusivo acompanhado de um bom executivo, a seleção teria mais chances de não dar vexame nas Eliminatórias. Sobrou confiança em seu taco e faltou prudência para Ednaldo. A oposição agradece.

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Fadado a ficar confinado nos bastidores após seu banimento, Del Nero voltou a dar as caras.

Por conta de seus próprios erros, agora o presidente da CBF tem que se dividir entre a defesa política de seu cargo, as ações para recuperar a seleção e administrar a CBF, com tudo que ela tem para cuidar no futebol brasileiro.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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