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REPORTAGEM

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Burocrático e demorado. Confira o teste com o novo sistema do Fiel Torcedor

Torcedores do Corinthians na Neo Química Arena - Ettore Chiereguini/AGIF
Torcedores do Corinthians na Neo Química Arena Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

24/05/2023 08h19

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A coluna testou o novo sistema de venda de ingressos para sócios-torcedores do Corinthians, que liberou a primeira comercialização de entradas nesta terça (23) enfrentando reclamações de usuários.

Apesar de não ter sido uma tarefa simples, este colunista conseguiu fazer a compra, diferentemente de membros do Fiel Torcedor que foram até o Parque São Jorge reclamar. Lá encararam horas na fila. O cenário contou até com a presença de um policial militar por alguns minutos. Ele foi chamado pelo clube como forma de prevenção. As queixas nas redes sociais também foram fartas.

A venda para sócios-torcedores com 60 pontos no programa de fidelidade ou mais começou às 13h. Antes disso, às 11h, foi iniciada a comercialização para sócios do clube, conselheiros e uma categoria identificada no site apenas como "assessores". No sistema anterior, não existiam essas menções.

De cara, foi possível ver que a nova plataforma não é tão simples e direta quanto a anterior. Agora, o sócio-torcedor é encaminhado, primeiro, para uma fila de espera, dependendo da procura. Anteriormente, o usuário era direcionado diretamente para a página de escolha de ingressos. Porém, instabilidades no site que dificultavam a compra não eram raras.

No caso deste colunista, a espera foi de seis minutos. Em seguida, fui direcionado para a área do site destinada à escolha da partida (Corinthians x Fluminense). O passo seguinte foi escolher o assento.

Feito isso, veio a parte mais confusa. Apareceu na tela a página para pagamento de R$ 100 e a identificação do meu ingresso (setor sul). Só que o valor com desconto para o sócio-torcedor, no caso, era de R$ 38,50.

Também havia um espaço para a digitação do CPF seguido de uma caixa com a inscrição "atribuir a". Só cliquei nela depois de perceber que não dava para digitar o CPF. Então, apareceram meu nome e CPF. Cliquei na identificação e foram preenchidos CPF e usuário automaticamente.

Mas o valor de R$ 100 reais ainda estava na tela do celular, que também exibia as opções "desconto Fiel Torcedor" e "voucher". Cliquei na primeira. Uma nova caixa apareceu com o nome do plano e a alternativa "aplicar". Fui diretamente na segunda, voltei para a página com o preço, e os R$ 100 estavam lá. Repeti o processo algumas vezes, até que, na base do chute, cliquei em cima do nome do plano. Apareceu o preço correto. Então, selecionei "aplicar".

Descoberto o macete, chegou a hora de digitar os dados do cartão e finalizar a compra. A nova etapa foi tranquila. Mas, na sequência, outra novidade. Foi preciso escolher entre fazer o download da entrada e um e-ticket. Preferi a segunda possibilidade. Precisei baixar um aplicativo para adicionar o ingresso eletrônico nele.

Completei o processo em cerca de 30 minutos, contando a espera na fila e com a sensação de que finalizei uma gincana. No sistema antigo, em dias de normalidade no site, dava para fazer a compra em cerca de cinco minutos.

Só depois de superar os obstáculos, encontrei na mesma página usada para a compra (ingressos.corinthians.com.br) um vídeo que auxilia os usuários a fazerem a primeira compra. A conclusão é de que o novo método é mais burocrático e demorado do que o antigo. Na plataforma anterior, depois de selecionar o ingresso, a página para pagamento já trazia o valor com desconto. Após o pagamento com cartão de crédito, o cartão que seria utilizado na catacra já estava carregado. Com a prática que os usuários vão adquirir, é de se esperar que as próximas compras sejam mais rápidas.

Outros casos

A experiência deste colunista foi mais suave do que a de muitos torcedores. Entre as queixas mais comuns estão a não transferência dos pontos relativos à fidelidade e o não aparecimento dos dados dos dependentes.

Os problemas levaram sócios-torcedores ao Parque São Jorge em busca de solução. Uma sócia-torcedora, também associada ao clube, contou à coluna que ficou três horas na fila até ser atendida. Ela conseguiu que seus pontos fossem migrados para o sistema atual, o que permitiu a compra. A sócia-torcedora pediu para não ser identificada.

Por sua vez, Tércio Ferreira Bezerra, de 77 anos, relatou que ficou por mais de cinco horas no clube, para onde foi em busca de informações sobre sua pontuação e as de seu filho e neto. "Tenho um problema sério no joelho, mas fiquei a maior parte do tempo lá na fila, sem lugar para sentar. Só na última hora consegui sentar", afirmou Bezerra. Ele chegou às 13h07 no Parque São Jorge e deixou o local às 18h10.

No final da tarde de ontem, o Corinthians soltou nota na qual pede desculpa pelos inconvenientes no processo de migração dos dados, mas afirma ter visto pontos positivos, como uma alegada estabilidade no site. O clube disse também que nenhuma pontuação foi perdida.

Vale lembrar que na semana passada, no início do funcionamento da nova plataforma para os sócios-torcedores, membros do programa já enfrentaram dificuldades na migração. Na ocasião, José Colagrossi Neto, superintendente de marketing, comunicação e inovação do Corinthians disse à coluna que a transferência dos dados todos os sócios torcedores ocorreria em até 48 horas.