Topo

Perrone

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Entenda os efeitos do acordo com a Caixa Econômica para o Corinthians

A Neo Química Arena antes de jogo entre Corinthians x Portuguesa-RJ pela Copa do Brasil. - Yago Rudá
A Neo Química Arena antes de jogo entre Corinthians x Portuguesa-RJ pela Copa do Brasil. Imagem: Yago Rudá

26/07/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Na última segunda (25), o Corinthians divulgou a assinatura do acordo com a Caixa Econômica Federal para a renegociação da dívida relativa à construção da arena alvinegra. Para o clube, o trato tem efeitos jurídicos e financeiros.

Um dos reflexos é a paz jurídica com o banco. Com o trato sacramentado, a Justiça deve extinguir, a pedido das partes, o processo no qual a Caixa cobra dívida da Arena Itaquera. A empresa foi criada por Odebrecht e Corinthians para viabilizar a construção do estádio em Itaquera.

Em agosto de 2019, alegando atraso nas parcelas referentes ao financiamento de R$ 400 milhões feito no BNDES, por intermédio da Caixa, o banco executou o contrato. Exigiu de uma vez o pagamento da dívida total. Com multa, a cobrança inicial era de R$ 536 milhões.

O processo vem sendo suspenso seguidamente a pedido das partes para a busca de um entendimento. Com o refinanciamento acordado e o iminente fim do processo, o Corinthians se livra da ameaça de decisões desfavoráveis da Justiça.

Em março de 2022, o juiz Victorio Giuzio Neto, ao determinar mais uma suspensão, lembrou do risco de o estádio ser transferido para a Caixa e ser leiloado na hipótese de um desfecho favorável ao banco.

Resolvida a questão judicial, o acordo traz alívio financeiro para o Corinthians. A diretoria alvinegra entende que o novo sistema estabelece um fluxo de pagamento factível para o clube. O discurso era de que o modelo anterior, que transferia integralmente a receita de bilheteria, assim como todas as outras geradas pela arena, para a quitação do débito era inviável.

O acordo engloba uma dívida de pelo menos R$ 611 milhões. Esse é o valor do débito atualizado até janeiro. Entre 2023 e 2024 devem ser pagos os juros. A quitação da dívida principal começa em 2025. O financiamento vai até 2041. As parcelas serão trimestrais. Todo o dinheiro recebido pelos Naming Rights da arena, vendidos para a Neo Química, será obrigatoriamente usado para pagar o parcelamento.

O primeiro fôlego que o Corinthians ganha vem do fato de a parcela inicial vencer em março de 2023. Outro ganho vem da previsão dos dirigentes de que não será preciso usar toda a receita de bilheteria para os pagamentos.

Projeção feita inicialmente pela direção, conforme apurou a coluna, dá conta de que entre cerca de 50% e 60% do dinheiro da venda de ingressos sejam usados para os pagamentos.

Pelo contrato original, obrigatoriamente, toda verba gerada com a comercialização de entradas era direcionada para a quitação do débito.

Receitas vindas de outras áreas poderão ser utilizadas também. Nesse cenário, a expectativa dos cartolas é de que o Corinthians consiga se organizar melhor financeiramente, podendo pagar as parcelas em dia.